Capítulo 20

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POV Anahí

Marcelo e Joana chegaram um pouco depois que Maite saiu. Ficamos num bate papo divertido, rindo de Manuela que tagarelava no quarto. Perto do almoço Nana se despediu levando uma Manuela chorosa embora. Ela protestava que queria ficar ali comigo, mas sabia que precisava ir a escolinha. Os pais de Alfonso também se retiraram assim que a enfermeira trouxe meu almoço. Eles só saíram depois que prometi que ficaria bem.

Lá pelas 2 horas Carlos entrou sorridente no quarto.

- Vejo que a visita da Manuzinha te fez bem! – se aproximou da cama e eu afirmei sorrindo. – e acredito que esse sorriso irá aumentar depois da noticia que eu tenho pra te dar – ele piscou e eu fiz sinal para que ele prosseguisse – consegui que te liberassem pra ver Alfonso. – ele falou por fim. Eu sorri.

- Quando? – mordi os lábios, um pouco apreensiva. Estava com medo.

- Agora se quiser – eu assenti – você tem cinco minutos. – coloquei meus pés para fora da cama, fazendo umas caretas devido a algumas dores pelo corpo.

Carlos me ajudou a chegar na porta da UTI. Agradeci a ele e quando coloquei a mão na maçaneta ele disse "lembre-se apenas cinco minutos". Abri a porta e gelei. Alfonso estava cheio de aparelhos, e a maquina fazia um barulho chato. Respirei fundo. Caminhei em direção a cama.

Estava tremendo e conforme eu me aproximava dele, sentia meu coração dando solavancos. Ele estava pálido, sem vida. As lagrimas já banhavam meu rosto. Toquei seu rosto, contornando-o. Queria muito que tudo isso não passasse de um sonho. Queria que alguém me acordasse e dissesse que era uma pegadinha.

Mas não era. Alfonso estava ali na minha frente imóvel. Meu peito doía demais. Beijei ternamente seu rosto. Inspirei perto do seu pescoço e pude sentir o seu cheiro. Aquele que eu tanto amava e que agora estava quase que apagado devido aos medicamentos.

- Não me deixa bebê... – sussurrei próximo ao seu ouvido – eu preciso de você. A Manu precisa de você... – disse com minha voz já embargada pelo choro. – Eu te amo, não esquece... nunca... - debrucei-me sobre ele, o apertando com força.

Chorei alto. Deixei que toda a dor que estava em meu peito gritasse naquele momento. Ninguém poderia imaginar o tamanho da dor que eu estava sentindo naquele momento. Vê-lo ali, quase sem vida e eu não poder fazer nada.

Me senti uma completa inútil. Não poderia perder Alfonso também, seria demais pra mim. Já não tinha mais a Júlia comigo, e já era doloroso aceitar isso. Precisava dele comigo, dizendo que tudo ia ficar bem. Nada era igual sem ele do meu lado. Eu necessito dele para poder viver. Estou tirando forças não sei de onde para seguir adiante. Talvez se não fosse pelo apoio que ando recebendo de Maite, William, tia Blanca e Joana e Marcelo, não sobreviveria. Eu precisava continuar sendo forte pela minha filha, pela nossa filha. Fruto de toda essa imensidão do amor que sentimos um pelo outro.

Eu tinha certeza de que Alfonso voltaria para mim, ele precisa voltar. E tudo voltara a ser como antes, uma família feliz.

Por um momento senti medo do que aconteceria quando Alfonso acordasse e soubesse que havia perdido o bebê. Ele queria tanto outro filho, insistira tanto por anos, e eu sempre pedia que esperássemos. Até que resolvi fazer uma surpresa a ele, parei de tomar os anticoncepcionais e continuei dizendo que deveríamos esperar. Seis meses depois de parar de tomar o anticoncepcional eu engravidei. Alfonso ficou imensamente feliz quando soube.

Fui interrompida de minhas lembranças quando senti duas mãos me puxando pela cintura. Não. Gritei. Esperneei para que me deixassem ali com ele. Mas foi em vão. Voltei para o quarto totalmente abalada. Fechei os olhos e apaguei.

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