Capítulo 18

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Meia hora depois que Maite saiu, o medico entrou no quarto.

- Como está a minha paciente mais linda? – entrou sorridente. Carlos, o médico, um senhor de aproximadamente 60 anos. Ele era o médico da família de Poncho a anos. Fora ele que trouxe Poncho ao mundo. E assim que casei com Alfonso, passou a ser meu médico também. Era sempre muito carinhoso e atencioso.

- Um pouco dolorida ainda – respondi. Ele começou a me examinar. – Carlos? – ele me olhou – eu quero ver o Poncho... – senti meus olhos marearem.

- Any, querida... – ele suspirou.

- Por favor! – o interrompi. Fiz a minha melhor cara de pidona e ele riu.

- Isso é golpe baixo dona Anahí – ele disse rindo. Eu juntei as duas mãos como se tivesse implorando e ele balançou a cabeça - Eu vou tentar conseguir uma permissão pra você vê-lo – eu assenti – mas não prometo nada. – ele sorriu e beijou minha cabeça. Carlos havia acompanhado toda nossa historia, pois além de médico, era amigo da família.

- Obrigada! – sorri agradecida.

A porta se abriu e uma Manuela sorridente entrou no quarto segurando algumas flores e uma caixa de bombons.

- Bom, vou deixa-las. Mais tarde passo para avisar se consegui a sua permissão. – Carlos disse indo em direção a porta. Parou próximo a Manuela, se abaixou ficando da sua altura. Conversou um pouco com ela e se despediu.

- Mamãe! – tentou subir na cama. Maite a ajudou e ela me abraçou.

- Oi princesa – apertei forte contra meu peito, beijando seus cabelos.

- Você não voltou – ela me olhou fazendo biquinho e vi seus olhinhos se enxerem de lágrimas – eu não consegui dormir. – meu coração apertou.

As lágrimas já escorriam pelos meus olhos.

- Manu, a dinda explicou o que aconteceu. Não foi culpa da mamãe. – Maite interviu. Manuela apenas assentiu e me abraçou novamente.

- Me perdoa princesa. – falei em meio ao choro.

Ela se levantou e limpou as lagrimas que escorriam pelo meu rosto.

- Tudo bem mamãe, não foi culpa sua. – beijou meu rosto – eu dei só um pouquinho de trabalho pra Nana – ela sorriu sapeca – Não é Nana? – olhou para a babá que estava próximo ao pé da cama.

Não havia percebido a sua presença. Ela veio ate mim e me abraçou.

- Só um pouquinho – Nana disse rindo – foi uma mocinha muito corajosa – eu sorri.

Sabia que Manuela havia dado trabalho. Era visível as olheiras de Nana. Já havia sido informada que ela estava com muita dificuldade pra dormir. Manuela nunca havia ficado longe de mim tanto tempo.

- Cadê o papai? – Manuela perguntou olhando para os lados com uma carinha confusa. Olhei desesperada para Maite. Manuela me olhava esperando uma resposta. Maite ia falar, porem fiz sinal para que deixasse que eu falasse.

- O papai está em outro quarto meu amor – ela me olhou mais confusa – não pode receber visitas. – ela levou as mãos a ponta dos cabelos, enrolando os dedos nele.

- Então o papai também não dormiu. – deduziu - Ele não dorme longe de você mamãe – ela disse com uma expressão assustada. Recebi uma apunhalada no coração. Maite e Nana me olharam. – eu sou mais corajosa que ele – disse se gabando.

E eu já voltava a chorar.

POV Anahí

FLASHBACK

Eu estava em uma reunião de meninas na casa de Maite. Insistiram para que eu ficasse lá. Depois de muito argumentar por fim deixaram que eu viesse embora. Entrei em casa e escutei barulhos vindo da sala. Parei na porta e fiquei vendo Alfonso e Manuela, deitados no chão. A sala estava uma bagunça, com almofadas por todos os lados, uma bacia de pipoca sobre a mesinha ao centro e algumas embalagens de doces. E tinha um colchão no meio da sala. Eles não notaram minha presença.

- Vem princesa, segura a minha mão e finge que eu sou a mamãe. – ela olhou para Alfonso com uma cara engraçada. – fecha os olhinhos, é só imaginar! – explicou. Manuela segurou a mão dele e fechou os olhos.

- Papai? – ela chamou um pouco depois – não está funcionando – disse sentando-se de frente pra ele.

- Esta tarde meu amor, precisamos dormir. Amanhã papai precisa trabalhar. – ele continuava deitado.

- Eu sei que você não vai conseguir dormir – disse desafiadora. Ela se levantou com as mãozinhas na cintura, encarando Alfonso. Escutei ele gargalhar.

- Estamos perdidos princesa. O que será de nós sem a mamãe aqui? – ele puxou a perninha dela, fazendo-a cair sentada.

– Eu quero a mamãe – notei sua voz emburrada. Não podia ver, mas sabia que estava de braços cruzados e com um enorme bico na cara.

- Eu também quero a mamãe – ele sentou, imitando-a. Eu não aguentei e ri alto. Os dois me olharam. - Ah sua bandida! Ficou ai curtindo o nosso sofrimento – se fez de ofendido.

- Se quiserem eu vou embora e vocês continuam ai – virei-me dando de ombros. Alfonso veio e me pegou no colo, me derrubando no colchão. Manuela ria e batia palminhas.

FIM DO FLASHBACK

- O seu papai dormiu sim Manu! Ele também é muito corajoso... – Maite interviu.

Enxuguei as lágrimas e encarei minha filha.

- Você está chorando porque não dormiu com o papai mamãe? – me olhou fazendo um biquinho e eu assenti.

- Sua mãe é uma chorona Manu! – Maite falou me zoando, e eu dei língua para ela.

- Não sou chorona – cruzei os braços no peito e imitei o biquinho da minha filha – eu só estou com saudades...

- Saudades de mim e do papai né mamãe? – eu assenti mais uma vez e Maite riu maliciosa.

- Muita saudade do seu papai, de dormir abraçada, enroscada com ele, com ele dentro dela e... – ela se calou quando lhe lancei um olhar repreendedor.

- Maite controle sua boca! – falei.

- E a Jú mamãe? Ela também esta dodói? – perguntou acariciando minha barriga.

Eu respirei fundo, tentando controlar as lágrimas, mas foi impossível. Manuela me olhou com uma carinha de choro.

- A Jú agora é um anjinho eu amor... – expliquei.

- Ela não está mais na sua barriga? – questionou arregalando os olhinhos azuis.

- Não princesa... – disse quase em um sussurro.

- Então eu vou pedir pro papai pra plantar outra sementinha da Ju em você... – falou convencida, com uma mão no queixo. – e dessa vez tem que regar direitinho! Não pode deixar a sementinha morrer e virar anjinho! - Maite gargalhou, acompanhada por Nana.

Há um tempo atrás quando contamos a novidade a Manuela, que questionou-nos sobre como se faziam os bebês e como a irmã havia ido parar em minha barriga. Alfonso lhe explicou sobre uma sementinha que era plantada e precisava ser regada, caso não fosse, morreria e viraria um anjinho.

Você Para SempreOnde histórias criam vida. Descubra agora