Capítulo 24

716 23 0
                                    


Quinze dias depois eu já estava recuperada. Me dividia entre ficar em casa de manha com Manuela e a tarde no hospital com Alfonso. Mesmo não podendo ficar no quarto com ele o tempo todo, ficava lendo algum livro na salinha próxima a UTI. Deixavam eu entrar para vê-lo uma vez por dia, por meia hora.

Carlos havia me dito que mesmo que Alfonso estivesse em coma, poderia me escutar. Então, procurava contar a ele sobre tudo o que acontecia durante o dia. A noite eu voltava para casa, dormia com minha filha. Carlos havia proibido de eu ficar a noite ali no hospital. Não só ele como os pais de Poncho, Tia Blanca, Maite e William. Um exército contra mim. Então eu me contentava a passar as tardes ali.

Cheguei em casa exausta depois de pegar Manuela na escola. Fui até meu quarto e tomei um banho. Estava deitada na cama quando Maite entrou trazendo alguns papéis pendentes para que eu assinasse. Na ausência de Poncho era eu que tomava as decisões. Não estava com cabeça para isso e deixei a cargo de Maite e William. Apenas assinava os documentos.

- Você precisa voltar para a empresa Any. – suspirei – Precisa continuar a sua vida.

- Não consigo Mai. Já é difícil pra mim dormir aqui sem ele. Não vou suportar – falei já chorando. Maite me abraçou.

- Você precisa ser forte Any – afirmou. Eu sabia que teria de ser forte.

Na frente de minha filha procurava não chorar. Mas ali na frente de Maite eu podia desabafar, deixar que ela soubesse a dor que eu sentia. Chorava todas as noites. Dormia apenas a base de remédios. Não conseguia imaginar minha vida sem ele. Precisava de seu calor ali todas as noites comigo.

Maite se mostrava muito compreensiva nesses últimos dias. Conversamos por horas. Ela conseguiu me convencer de voltar a empresa com a condição de que poderia ir todas as tardes no hospital.

Estacionei o carro em frente ao prédio da empresa. Fiquei olhando a porta do elevador por um tempo ate ouvir alguém bater no vidro. Era Maite. Sai do carro. Coloquei minha bolsa no ombro. Respirei fundo. Maite estendeu a mão para que eu pegasse. Entrei de mãos dadas com ela.

A secretária levou um susto ao me ver ali. Eu estava segurando para não chorar. Passei em frente a sala de Alfonso e parei. Virei em direção a ela. Ouvi Maite dizer um não, mas William que vinha logo atrás de nós interferiu pedindo que ela me deixasse entrar. Entrei e fechei a porta atrás de mim. Escorei as costas nela, deixando meu corpo escorregar caindo sentada no chão. Chorei.

Olhava para sua cadeira e desejava vê-lo ali sentado, sorrindo galanteador toda vez que eu entrasse pela porta. Mirei o sofá que por diversas vezes fizemos amor. Cada pedaço daquela sala tinha uma lembrança. E cada lembrança era como uma facada em meu coração. Me levantei e fui ate sua cadeira. Sentei-me nela. Olhei os portas retratos em cima da mesa. Num deles uma foto minha, outra de Manuela e uma dos três juntos. Ao lado, na parede havia um quadro grande com uma foto de nós três, que eu e Manuela lhe presenteamos em seu ultimo aniversário.

Os papéis ainda estavam sobre a mesa. Olhei e sorri ao ver meu nome num papelzinho escrito logo abaixo "te amo". Um dos tantos bilhetinhos que me mandava durante o expediente. Maite entrou na sala me trazendo mais alguns papeis para assinar. Decidi que ficaria na sala de Alfonso até que ele pudesse voltar. Maite protestou um pouco, mas não insistiu muito.

Soube por Jade, asecretaria, que o senhor Hernandes havia ligado varias vezes querendo sabernoticias. Disse que se mostrou preocupado. Disse que ligaria a ele avisando queeu estava de volta a empresa. Em poucos minutos recebi a ligação dele. Foiatencioso, dizendo que poderia entrar em contato com ele caso precisasse. Informouque o advogado dele viria ate a empresa trazer os papéis para eu que assinassee autorizasse algumas coisas da obra. Marcamos a reunião para daqui a doisdias. 

Você Para SempreOnde histórias criam vida. Descubra agora