Cap.11

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Emily on:

Hoje foi o dia em que eu voltei a ver. Muitas pessoas guardam as datas especiais... dia que começou a andar ou formatura, mas eu guardo o dia que eu voltei a ver. Acho que só quem é bastante próximo de mim vai entender e saber como me sinto.

Eu já não era cega desde que nasci, até os 7 anos eu era uma criança "normal". Até quando eu bati o meu rosto no ferro lá de casa, eu sei, não é bastante comum isso mas também eu estava correndo e olhando para trás, quando olhei para a frente já era tarde de mais. Nos primeiros anos foi muito difícil para a minha família, eu não os via mas podia escutar as lamentações ou os choros da minha mãe. Logo depois, me deram um cão guia. Mike, que foi uma das melhores coisas que aconteceram para mim.

Sabe aquela sensação de amigo? Era isso que eu sentia, por mais que ele fosse um cachorro, eu sentia que lá no fundo ele me entendia. A Lari também era uma das únicas acho eu, que me tratava normalmente. Todas as noites eu e Mike iamos até o quarto de Lari para dormir junto com ela, com medo dos (considerado por mim) "monstros obscuros" mas mal eu sabia que só era a escuridão que eu via mesmo.

Depois de um tempo, já tinha me habituado a minha vida daquele jeito. Até que ocorreu umas desavenças na escola, resumindo acabei levando um soco no olho. Aquilo foi o caos, fui levada para o hospital tão rápido que chega tinha ficado tonta na maca. Minhas chances de ver diminuíram, e eu já sabia que para eu voltar a ver era difícil mas ouvir do meu médico que agora elas ficaram mínimas era bem pior.

Tive que fazer uma cirurgia bem delicada, tinha bastante medo, só tinha 11 anos. A Lari estava muito triste e o Dãn estava lá para a consolar...Uma frase que o Dãn falou pra mim e que eu nunca esqueço foi..."Nunca devemos perder a fé". Com essa frase no meu pensamento, fui até a cirurgia e no final acabou tudo certo! No começo eu só via as diferenças de claro para o escuro e algumas sombras, era até engraçado todos pareciam meio que manchas e quando era de manhã parecia que tinha uma lanterna colada no meu olho, de tanta claridade que eu sentia. Mas para muitos pode soar como ruim ou sinônimo de dor, mas quando você passa três anos da sua vida sem ver ao mínimo uma brecha de visão, ver isso já é muito significado.

Nas questões médicas, quando começei a ver as sombras e diferenciar do claro e do escuro, para os médicos não foi nada demais, pois isso acontecia em alguns casos mas também não voltava a visão, só ficava naquele ponto. Mas para mim foi diferente, ficava horas de repouso, ia todas as semanas para oftalmologistas diferentes e profissionais, e tomando certos medicamentos horríveis que até hoje me lembro os sabores...Pois é, não foi tão fácil assim voltar a ver.

Depois de um tempo, acabou que um dia eu acordei vendo o teto, o que era tão estranho para mim, eu olhando o teto parecia eu vendo um amigos que eu não via a anos. Até hoje me lembro da minha felicidade e que estava tão confusa e tão chorosa. Quando minha mãe descobriu, foi de uma maneira tão lesa que vocês nem imaginam. Eu perguntei por que o leite era branco. Daí vocês tiram uma noção (risos). Todos choraram e ficaram feliz por mim, principalmente a Lari parecia que ela ia chorar o oceano Atlântico.

Para os médicos? Eu era considerada um caso diferente, aconteceu várias mudanças na minha pupila que foram totalmente naturais e irreversíveis. O que era estranho, pois tive que fazer vários exames e todos davam o mesmo. Eu realmente tinha voltado a ver, e todos ficaram espantados. Mas no final das contas, eu ajudei bastante pessoas. Quando era as minhas férias eu ia vistar alguns cegos no hospital e falava o que aconteceu comigo como estou falando para vocês. Fazia eles rirem e até chorarem, mas no final de tudo fazia eles terem uma esperança.

Mas meus olhos viraram muito delicados, os olhos são uma parte delicada do nosso corpo mas o meu médico falou que meu olho era como um papel e uma folha. O papel se rasga facilmente tanto com uma tesoura ou não, e já a folha com um vento ela pode voar para longe, então meu olho ele era bem mais delicado. Tive que passar um tempo sem ir para a escola, meu olho não era necessariamente branco tinha até algumas cores, mas a quantidade de exames que já fiz, e a quantidade de lanternas já postas nos meus olhos, fez eles terem uma cor bem mais clara. Por questão social, não pude ir para a escola mas depois meu olho foi pegando uma cor mais para azul com verde e algumas continuações de traços brancos e muitas acham ele muito bonito e realmente ele é mas tem certas pessoas que exageram.

Mas também não estou totalmente livre, não posso bater muitas fotos com flashs, nem tão perto e nem tão longe. Não posso abrir meus olhos de vez quando acordo para não forçar a vista. Uso bastante óculos de sol em tempos e tempos. Não posso comer certas comidas com determinados ingredientes. E uma vez no mês tenho que usar o colírio para dilatar a minha pupila.

É bastante complexo, mas o importante é que tudo está certo agora, ainda bem.

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Espero que tenham gostado❤

Emily Onde histórias criam vida. Descubra agora