Stanley, Idaho - 06 de Janeiro de 2014.
O som estridente do despertador invadiu e tomou conta do silêncio daquele sobrado mal cuidado. O menino não seria rápido suficiente para conter aquele incomodo logo no primeiro toque. Estava cansado. E não era um cansaço comum. Aquele do corpo depois de um dia de trabalho ou exercício físico. O cansaço aqui sentido era o da mente. Da alma dilacerada e esse não tem como livrar-se apenas com algumas horas de sono. Esse cansaço perdura por tempo indeterminado. É camuflado por sorrisos pedidos e atividades necessárias. Ele apenas deixa a pessoa quando a mente o liberta. A mente do menino mantinha essa estafa mental presa a sete chaves.
O barulho vinha, alto, expansivo, dominante. Por uma, duas, três vezes. Apenas no quarto toque é que seu corpo foi capaz de mover-se. Antes que seus dedos frágeis fossem capazes de encontrar o botão de desligar daquele objeto irritante uma voz que o garoto não desejava ouvir veio aos berros.
— Desliga essa joça seu imprestável!
A voz indesejada pelo garoto vinha do andar debaixo. Aquele não era o cômodo certo para ela estar ocupando. Principalmente naquele horário do dia. Deveria estar no cômodo ao lado do seu. Pensando melhor ela estava onde deveria, afinal era comum aquele homem velho adormecer em sua poltrona assistindo sua televisão antiga, regado a muita bebida. O seu corpo carregado de amargura dificilmente abandonava aquele espaço. Era seu apoio. Era a sua fuga.
Assim que o garoto conseguiu abafar o barulho que incomodou o seu velho pai outro som ocuparia o silêncio. Agora o que podia ser ouvido era o ruído do alumínio contra o assoalho de madeira seguido por mais berros.
— Maldição! Porcaria!
As latas de cervejas foram todas espalhadas em uma tentativa frustrada de Carl Campton ficar de pé. Don ao ouvir o barulho do andar debaixo apenas fecha novamente seus olhos azuis com força. Aquele seria mais um dia de inferno no lar dos Campton.
O rapaz estava com dezesseis anos. Havia herdado da mãe os olhos azuis e a cor do cabelo castanho claro. O seu porte físico também vinha dela. Menor que a maioria dos seus colegas. Um menino triste, tímido e sem esperança. Assim era Don Campton.
Abandonou sua cama de solteiro e trocou suas roupas. Ao olhar pela pequena janela de seu quarto constatou que seria mais um dia feio de inverno com a neve caindo sem cessar. Colocou sua calça mais grossa, calçou suas botas específicas para dias assim. Camiseta de sua banda de rock favorita e por cima uma de suas camisas xadrez. Segue para o banheiro. Parte para o seu ritual matinal.
Carl ainda resmungava quando seu filho mais novo chegou ao seu encontro na cozinha que precisava urgente de uma faxina. Não olhou para o menino. Detestava olhar para aquele garoto, ainda mais assim pela manhã, quando deveria estar dormindo. Nenhuma palavra foi trocada e Carl segue enfim para onde deveria estar desde a noite anterior o seu quarto.
Desde a perda da mulher era difícil para Carl ficar naquele cômodo. Permanecer naquela casa era um martírio, mas aquele quarto, aquelas paredes decoradas com um papel de flores apenas reforçavam que estava sem o amor de sua vida. Basicamente nada havia sido mexido nesses dezesseis anos da ausência da mulher. Deixou que seu corpo cansado e inválido de um homem de sessenta e três anos caísse exausto naquela cama que viveu uma história de amor e hoje apenas presenciava amarguras.
— Bom dia, moleque!
— Bom dia, Tim. —Don retribui o comprimento para a única pessoa que lhe dava alguma atenção: seu irmão mais velho.
— Quer carona? Estou indo para aqueles lados?
— Vai tentar algo na oficina do Sr. Keaton?
— Alguma coisa terei que tentar, não é?
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Amargos Segredos [Completo]
Aktuelle LiteraturToda pessoa tem direito a uma segunda chance? Theodore Issac nasceu órfão ficando à mercê do mundo. Graças ao destino sua trajetória segue outro rumo. Consegue vencer os obstáculos e se torna um cirurgião famoso em Nova York, porém a vaidade e arr...