Passaram-se horas, já havia claridade do outro lado da janela e a moça ruiva conseguia ver as cadeias montanhosas totalmente cobertas de neve a olhando de volta. Por um breve momento, se esquecera de tudo que havia passado na madrugada. Somente quando percebeu que estava na cama de hospital é que as terríveis lembranças voltaram. Levantou tão rápido que ficou zonza e acaba caindo ao chão.
— Cuidado! Ainda está sobre o efeito da medicação. – O Dr. Isaac havia entrado no quarto naquele momento e a amparou, colocando-a de volta na cama.
— Ele morreu, não foi?
— Sim. O rapaz estava com uma hemorragia interna muito grave, talvez tivesse sido socorrido antes teríamos conseguido, mas como saber a quanto tempo ele ficou naquele estado, não é?
— Meu celular estava sem bateria quando o encontrei, sei que não devia tê-lo removido. – passou a mão em sinal de desespero pelos cabelos – Meu Deus! Porque isso?
— A polícia irá querer falar com você. Mas eu queria falar com você antes. Por favor, fale a verdade.
— Porque a polícia iria querer falar comigo?
— Por que o menino sofreu um acidente e ele acabou morrendo.
— Mas eu prestei socorro, o trouxe até aqui.
— E também foi quem o atropelou.
– Não! Eu o achei na estrada.
— Não é isso que aconteceu. Vi marcas no seu carro. E a polícia também verá.
Nesse momento, lembrou-se do carro. Lógico que haveria marcas naquele carro imprestável. – pensou. Tornou a sair da cama e foi em direção às roupas que estavam na poltrona.
— Melhor a senhora voltar a deitar, levou uma pancada forte na cabeça e não é só isso, não é mesmo, Sra...
Dr. Isaac esperou que ela lhe dissesse o nome, algo que já sabia. Depois de socorrê-la e medicá-la fora até o carro que ainda permanecia mal estacionado em cima da rampa de emergência e o conduziu ao estacionamento. Foi quando viu a bagunça que ali estava.
Havia algumas peças de roupas jogadas no banco de trás com o sangue do garoto, os objetos que antes ficavam dentro da bolsa da mulher agora estavam espalhados por todo o assoalho. Foi lá que encontrou os seus documentos e descobriu sua identidade e também viu, jogado entre tantas coisas, um frasco alaranjado com um receituário colado. Eram remédios antidepressivos a data era próxima, porém o frasco estava vazio e não havia sinal de nenhum comprido perdido no interior do veículo. Ou a moça havia jogado tudo fora ou havia ingerido, e era com a segunda opção que ele contava, ainda mais quando se lembrou das suas pupilas bem dilatadas.
E assim deduziu que aquele incidente poderia ter sido por imprudência dela. Mas, de alguma forma, não acreditava que havia sido de propósito. O menino não estava nos seus planos, se alguém deveria ter morrido era ela e não o garoto pelas evidências que encontrava. Agora, por que ela quis tirar a sua própria vida? Essa pergunta que precisava ser respondida.
— Lilian, meu nome é Lilian Stall.
— Dr. Isaac – estendeu a mão para ela – Dr. Theodore Isaac.
— Nossa, que nome interessante! – retribui o gesto e, nesse momento Theodore a puxa para perto de si.
— O que aconteceu? Posso te ajudar, mas precisa me dizer o que realmente aconteceu. Não acredito que tenha sido de propósito, posso estar enganado, já vi muitas pessoas ruins na minha vida e você não me parece ser uma delas.
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Amargos Segredos [Completo]
Ficção GeralToda pessoa tem direito a uma segunda chance? Theodore Issac nasceu órfão ficando à mercê do mundo. Graças ao destino sua trajetória segue outro rumo. Consegue vencer os obstáculos e se torna um cirurgião famoso em Nova York, porém a vaidade e arr...