Capítulo 18

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São Francisco, Califórnia – 12 de Setembro de 1995.

As folhas das árvores já haviam mudado de cor. Estava naquele tom amarelo queimado. O que deixava a paisagem dessa cidade ainda mais bonita. E foi assim que algumas semanas São Francisco acolheu Lilian para dar início ao um novo ciclo em sua vida. E como ela ansiava por isso, finalmente estaria caminhando com suas próprias pernas, não teria mais os olhos protetores de seu pai a todo instante. Enfim podia respirar.

Muitas coisas mudaram em sua vida após completar dezesseis anos. Alguns meses depois sua avó seria diagnostica com câncer já em fase terminal que em apenas três meses a levou. A família ficou abalada com essa perda. Seu avô encararia uma tristeza profunda, nem seus belos animais seriam capazes de fazê-lo tornar a sorrir. Lilian também mudou após aquela noite na campina com aquele rapaz desconhecido. Ele havia soltado a fera que Lilian mantinha contida e aquela noite fez com que esse animal ficasse indomado.

A vergonha que sentiu não durou por muito tempo. Duraria o tempo em que ficou de castigo. Assim que fora liberta, Lilian já voltaria aprontar no próximo final de semana. Porém nenhum daqueles garotos voltaria a satisfazer da forma como aquele o fez sob a luz do luar. Único ponto que nunca ficou esclarecido para a moça que depois de um tempo deixou de se importar e tratou de esquecer, foi como a sua calcinha parou em cima de sua penteadeira. Às vezes sentia olhares de reprovação vinda da irmã mais nova.

Os primeiros meses sempre são os piores. Ainda mais para quem teve tudo de mão beijada. Lilian agora tinha que fazer tudo; cozinhar, lavar suas roupas, arrumar seu dormitório, aqui não teria ninguém para lhe paparicar. Passado a fase de adaptação Lilian fazia seus afazeres sem reclamar e até gostava de se sentir dona do próprio nariz.

Sua colega de quarto era basicamente o seu oposto, em seus gostos por música, livros e filmes. Aparências delas também constatavam. Enquanto Lilian andava sempre com as últimas tendências de moda, Bernadete amava roupas retrôs. Tinham ótimas discussões e sendo assim ficaram amigas. Era quase impossível ver uma separada da outra.

Também tinham gostos diferentes para os rapazes. Lilian sempre gostou dos meninos mais atléticos e Bernadete buscava neles algo mais profundo do que apenas beleza física. Bernadete era uma menina pensante e não conseguia entender os tipos "sem cérebros" que Lilian saia.

— Lilian, por favor! Esse cara?

— Que tem ele?

— É um completo idiota! As coisas que ele fala? Só dele abrir a boca me dá náuseas.

— Bernadete, na boa eu nem presto atenção no que ele fala contanto que me beije.

— E faça outras coisas né... — riram.

— Sim! E isso ele faz muito bem.

— Amiga só penso que; você sendo linda como é e inteligente, saia com esses tipos que não tem nada a lhe acrescentar.

— Eu sei o que quer dizer, mas não se preocupe o Sr. George Stall não irá deixar que case com nenhum deles e eu também não quero; são para a curtição.

— Não gosto quando fala assim "para curtição" isso é bem típico deles.

— Querida Bernadete... Esse é momento para curtimos, depois que a faculdade acabar não teremos mais isso. Então sim! Estou aproveitando o máximo que puder até porque quem eu gostaria que estivesse aqui comigo jamais estará.

— Ainda pensa nele?

— Todos os dias... — Lilian suspirou fundo. — Todos os dias!

O rapaz da campina ainda morava nos pensamentos mais profundos de Lilian. Lilian procurou saber quem era aquele moço misterioso que a levou a outro nível de satisfação e nada encontrou era praticamente um fantasma.

Os anos foram seguindo. Lilian curtia o máximo que podia, mas também era muito aplicada em seus estudos sempre com as melhores notas. Bernadete achava aquilo incrível. Como ela conseguia passar a noite inteira acorda e estar linda e disposta no dia seguinte, enquanto que ela tinha que passar horas se dedicando ao estudo a sua amiga ruiva com apenas algumas leituras rápidas dava conta e melhor se sobressaia.

Durante o período em que esteve na faculdade, Lilian voltou para quentura do Alabama apenas nos feriados. Em um desses jurou ter visto o rapaz de seus sonhos por uma de suas ruas. Voltou todos os dias até aquele lugar para se certificar e ele não apareceu mais. Devia ser obra de sua imaginação, foi o que pensou.


xXx

Como prometido um capítulo bônus! Amanhã tem mais! Beijos meus amores!!!

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