Intoxicate

14- Bad Things.

Eu me lembro de uma época do ensino médio, mais ou menos dezessete anos, em que eu e meus amigos estávamos em uma onda de fazer teorias. Era mais ou menos algo que um de nos pensávamos muito sobre o mundo ou ações e passávamos isso para o grupo como uma lei da vida.

Eu costumava ter uma sobre o tempo, mas a que eu mais tinha gostado era uma sobre nossos pensamentos conseguirem foder nossos compromissos. Do tipo, quando você tem um compromisso muito importante e isso te deixa nervoso, você pensa muito sobre isso e alguma coisa acaba dando errado. Eu me lembro de que na nossa formatura, todo mundo ficou nervoso e esse meu amigo que criou essa teoria acabou nos colocando para assistir maratonas de desenhos animados só para ninguém pensar sobre como tudo podia dar errado.

Com os anos eu acabei me esquecendo disso, mas parece que ela voltou para me mostrar que eu sou um merda e que ela estava certa.

Desde que Harry me chamou para o jantar a única coisa em que eu tenho pensado é sobre essa noite. Enquanto eu bebo meu café eu só penso em como nosso relacionamento vai ser a partir de agora, enquanto assino documentos de rotina eu penso se eu ainda vou me arrepender por ter o perdoado, e também tem quando estou tomando banho e tento não pensar em tudo que ele já fez nesses dois anos em que esteve fora ou se ele algum dia ainda pode me magoar mais ainda.

Eu sei que não devia ficar pensando tão pessimista o tempo todo e que todos têm seus lados na história, mas é algo que eu não posso controlar depois de tudo que eu passei.

De alguma forma, pensar tanto sobre esse jantar deve estar fazendo todo esse azar acontecer. Porque se você para pra pensar, como eu pude ser tão azarado a ponto de chegar a casa para me arrumar para sair com meu ex, que talvez não seja mais ex, e encontrar o próprio no meu sofá junto com o cara que eu estava tendo algo e queria ter terminado, porém ainda não tinha conseguido tempo para conversar?

Eu acho que, além disso, eu deveria destacar o cenário. O caminho de rosas em direção ao corredor e as velas. Eu tenho medo de perguntar se isso podia piorar.

-Assim... Sem querer incomodar, mas... Posso saber o que está acontecendo na minha casa? – perguntei atraindo a atenção dos dois. Aiden logo se levantou com sua expressão abismada.

- Lou! – Ele se aproximou puxando minha mão – Podemos conversar a sós?... Um pouco? – Olhei para Harry o vendo arquear a sobrancelha pra mim como se me questionasse, mas eu estava mais confuso do que ele. Aiden andou pela minha casa como se morasse ali e isso sempre iria me incomodar, mas isso continua sendo minha culpa.

- Quem é "Harry Styles" e por que ele disse que é seu noivo? – Aiden me perguntou falando o nome de Harry com sotaque, provavelmente o imitando, mas eu só consegui processar uma coisa.

- Ele disse que era meu noivo? – Perguntei confuso, mas mesmo assim com um sorriso ameaçando sair. Eu não tinha pensando nisso de uma forma tão intensa e rápida, mas... – Tem certeza que ele disse noivo?

- Você vai me explicar ou não? – Aiden encostou-se ao batente da porta fechada, sua feição era de impaciência, mas eu sabia que ele provavelmente tinha medo das minhas palavras.

- Olha Aiden, me desculpa por ter demorado tanto em conversar com você, a culpa é toda minha - Aiden suspirou, porém não me interrompeu apenas me esperou prosseguir – O Harry ele... É uma pessoa do meu passado, que voltou do nada e eu ainda estou tentando me adaptar a isso.

- Então ele é mesmo seu noivo? – Ele perguntou piscando desacreditado – Você... Você tinha um noivo esse tempo todo?

- Não... Quer dizer, eu tinha. Dois anos atrás antes de ele ir embora e... – Eu divaguei demais, não era hora de ficar contando historinhas para Aiden e sim de esclarecer tudo – Olha isso não importa agora. O que importa é que eu sinto muito por não ter te contado antes.