Capítulo VII

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Bernard Sliver

Sinto um arrepio na minha nuca.

Já se passaram alguns minutos desde que a Aisha e os outros saíram para verificar o perímetro.

Estou dentro da cabine do piloto verificando como posso fazer para desvincular a comunicação do helicóptero com a base da OCRV, mas está impossível. Persisto muito, mas me distraio diversas vezes enquanto isso.

Olho pela janela e vejo como o dia está bonito. A floresta ao redor do lugar onde pousamos (forçadamente) dá um aspecto de tranquilidade ao lugar.

Me deparo inúmeras vezes com o poder que a natureza tem de se adaptar a determinado ambiente. Apenas cem anos se passaram após a guerra e, segundo imagens antigas, posso dizer que as florestas que já vi, que não foram muitas, não mudaram nada no quesito beleza.

Volto a me concentrar no que tem prioridade.

Algum tempo se passa e ouço vozes ao longe vindo em minha direção. O Vladmir e a Sophia aparecem na porta da cabine onde estou. Ele está com o cabelo bagunçado e ela com uma cara brincalhona. Olham para mim e me cumprimentam.

- E aí, Bernard. Muito trabalho? - Vladmir me pergunta e respondo logo em seguida.

- Muito. Não consigo descobrir como desconectar essa máquina do seu criador. Quem construiu esse modelo de helicóptero pensou em cada detalhe. - falo um pouco cansado.

- Tenso. - Sophia balbucia e logo faz um pergunta. - Podemos ficar aqui fazendo companhia? Você está muito solitário aqui.

- Claro. Pelo menos vão me tirar do tédio. E ainda podem me ajudar, talvez. - sorrio e eles entram.

Sophia senta na poltrona do co-piloto e o Vladmir fica ao lado dela, escorado no painel de controle do helicóptero.

Continuo tentando encontrar um jeito para conseguir desvincular o helicóptero da OCRV, mas não tenho sucesso.

Em tempo e tempo dou uma olhada para o casal na minha frente e os observo. Muita coisa mudou desde que cheguei aqui. Sinto-me diferente. Penso na minha vida quando não conhecia a ocrv e a todos.

- Bernard, você está bem? - Sophia me acorda do devaneio.

- Estou sim. Só estava pensando um pouco. - respondo saudoso.

- Pode nos dizer no que estava pensando? - Vladmir pergunta curioso.

- Nada de importante, apenas de coisas sobre meu passado.

- Se quiser desabafar, estaremos aqui para ouvir. - Sophia demonstra curiosidade. Olha para o Vladmir e prossegue: - Né?

Ele concorda e resolvo contar.

- Sabe. Essas coisas aconteceram muito rápido. Estou com saudades de minha vida antiga. Não quero passar o resto da minha vida fugindo.

- Concordo, Bernard. Mas posso dizer que minha vida ficou bem mais interessante - Sophia fala dando uma olhada para o Vladmir e piscando o olho esquerdo com um tipo de sinal - após encontrar você, Vladmir e aos outros. Tudo mudou, infelizmente nem tudo foi para melhor.

- Concordo com ela, Bernard. - Vladmir fala isso um pouco triste. Não conheço bem sua história, mas deve ter sido muito solitário e triste o que ele passou.

Penso um pouco e reflito.

- Bom, eu acho que foi uma das melhores coisas ter encontrado vocês. Mas sinto saudades. Muita. Principalmente dos meus pais e do meu melhor amigo. Da minha rotina também e do pouco da liberdade que tinha.

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