Anippe Mahlab
Que nos encontremos novamente.
À distância, Aisha, Akira, Bernard e eu ficamos parados em fila, observando a aeronave se erguer. Não sei o que se passa na cabeça dos outros que estão comigo, mas o que eu tenho é a sensação de estar sendo arrastada.
Arrastada por uma torrente de água gelada que me leva para profundezas densas e frias. Meu coração dói de tal forma, como se estivesse sendo partido em pedaços. E é como se uma parte dele estivesse dentro daquele avião.
Bem, talvez realmente esteja...
- Peraí. Cadê a Débora? - Bernard pergunta, e eu arregalo os olhos.
Não tinha percebido. Na divisão, havia sido decidido que ela ficaria no nosso grupo (para minha infelicidade), mas ela não desceu do avião conosco.
- A golpista passou a perna na gente... - Aisha diz, e eu dou de ombros.
- Pois eu até prefiro que ela fique com a irmã dela no quinto dos infernos. Não ia dar o que prestasse se ela realmente viesse conosco.
Tiro um aparelho eletrônico do bolso com as mãos levemente trêmulas, e ativo a tela. Vejo nossa posição, e, marcado em vermelho, nosso destino: a possível localização da civilização restante em Puerto de Santa Cruz.
Aponto para a direção que temos que ir e começamos a caminhada.
- Daniel que te deu isso? - Aisha pergunta, apontando para o aparelho, e aceno com a cabeça em afirmação. Permanecemos em silêncio, e minha mente me leva involuntariamente ao início da manhã de hoje.
**
Fiquei por longos minutos de pé ao longe, observando o jovem casal sorrindo em inocência. A luz da aurora riscava o céu, mas não me permiti olhar para o rubro que tingia as nuvens. Lembranças demais.
Mais algumas palavras trocadas, cabelos atirados para o lado, alguns sorrisos, e Malika se pôs de pé com a ajuda de Daniel, voltando para o interior do prédio.
Aproximei-me de Daniel lentamente, com toda a leveza de uma arqueira, e quando toquei no seu ombro, ele se sobressaltou, quase pulando para trás.
- Por favor - ele disse, arfando levemente -, não me mate do coração. Nem cheguei na metade da vida ainda.
Sorri, olhando para o céu. Meu sorriso se desfez lentamente, e ele continuou olhando para o meu rosto.
- A gente só se encontra e se despede, né, Ani? Isso é uma droga.
O vento gelado esvoaçou meus cabelos e me fez arrepiar, e ele sorriu. Disse:
- Não tenho nenhum sobretudo pra te oferecer hoje. Desculpe.
Ergui a mão e coloquei um dedo sobre os lábios dele. Daniel arregalou os olhos.
- Você vai fazer o quê? - ele falou com a boca parcialmente fechada, e acabei revirando os olhos e rindo.
- Cara, deixe de graça. Era só pra você calar a boca mesmo.
Ele sorriu de lado, e me ofereceu um abraço. Aceitei, e me senti envolvida por um corpo caloroso e cercada com uma esfera de carinho fraternal.
- Mas você tem razão - murmurei. - Isso é uma droga mesmo. Queria ter mais tempo com você.
Ele suspirou.
- Eu te chamaria para ir para a Áustria conosco, mas aí teríamos que mudar toda a configuração das equipes, desequilibraríamos tudo, pois você não viria sem o Akira, ele não viria sem a Aisha, e ela não viria sem o Bernard...

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Wanted
Science FictionSAGA INFECTED - LIVRO 2 Depois de serem recrutados, manipulados e utilizados como marionetes pela OCRV, os sete jovens agentes encaram os desafios e partem em busca da verdade. E agora, sendo alvos da mais poderosa organização mundial. Embora tenh...