Mederi Cartter
— Cartter, você sabe bem que esconder informações privilegiadas é acobertar crime, não sabe?
Cruzo as pernas e puxo um pouco a saia, que insiste em subir.
— Sei muito bem o que é passível de punição dentro do nosso ambiente, Markus. — Olho para a mão estendida na minha frente, notando uma lasca de esmalte faltando. Droga. Terei que retocar isso mais tarde.
— E qual o interesse em saber qual nossa posição quanto à absolvição?
Mais uma vez, estendo para ele a pasta de papel que contém os arquivos que incriminaram os gêmeos pilotos. E, mais uma vez, insisto que ele olhe as provas.
— Markus, nós não podemos perder dois dos nossos melhores pilotos por suposições da engenharia aérea da Organização. Afinal, Lily-Anne ainda vaga por esses corredores livremente.
Ele levanta da mesa e anda até a janela. Olha o sol se pondo nas montanhas e apenas respira profundamente, fazendo esticar os músculos das costas.
— Mederi, essas provas são inquestionáveis. São provas com identidades biológicas. São impossíveis de fraudar.
— Eu não teria tanta certeza. — Largo a pasta na mesa e me levanto. — Analise, Markus. Você sabe o quão bem funciona nosso controle aéreo. Impenetrável, mas completamente manipulável. Você viu o que foi feito com aquela opção manual de localização. Pra mim, não parece tão inquestionáveis assim, essas imagens. Pense nisso.
Vou até a porta e abro. Antes de eu sair, ele se vira e pergunta:
— O que você ganha com isso?
Bato a porta atrás de mim, junto com suas palavras.
No grande prédio dos chefes da base, a segurança é bem reforçada, e várias salas contém apenas o leitor dos cartões dourados que os agentes de confiança tinham. Cartões esses que foram confiscados após um tempo desse rebuliço que paira sobre todos nós, por falta de confiança. Dou um sorriso sarcástico comigo mesma… Do que adianta dar com uma mão e tirar com a outra? Que confiança é essa?
O corredor que percorro está vazio, então retiro do bolso o meu cartão de acesso e entro em uma das salas restritas. A sala contém apenas um computador e um armário trancado com mais um leitor.
Quando abro o armário, encontro uma porção de mídias externas, de todos os tipos. Entre pen-drives, cartões SD, e até mesmo HD’s.
A vontade de pegar qualquer um deles e espetar na máquina desligada no canto é muito grande, mas a última prateleira chama mais a minha atenção.
Me abaixo e pego uma das pastas coloridas que lotam a base do armário de mogno. É um relatório experimental de algum tipo de medicamento. Testado inicialmente em algum tipo de primata.
O relatório está assinado por Said Essen, biotecnológo com ênfase em parasitologia humana hereditária.
Folheio mais algumas páginas e encontro uma porção de desenhos esquemáticos de cérebros humanos e como eles são afetados por…
Não diz.
O relatório não fala qual é a função do medicamento, também não diz o que ele quer combater.
Apenas apresenta diversas mudanças biológicas no corpo do primata testado.
Uma sensação ruim percorre meu corpo, e fecho a pasta. Algo me diz que não foi em um macaco que os testes foram feitos.
Coloco o arquivo no lugar e pego de cima um pen-drive e escondo no bolso da saia. Saio da sala e sigo no corredor vazio até o elevador que me leva para o pátio externo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Wanted
Ciencia FicciónSAGA INFECTED - LIVRO 2 Depois de serem recrutados, manipulados e utilizados como marionetes pela OCRV, os sete jovens agentes encaram os desafios e partem em busca da verdade. E agora, sendo alvos da mais poderosa organização mundial. Embora tenh...