Capítulo X

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Anippe Mahlab

Olho furiosamente para minha mala aberta. Assopro em frustração, e olho ao redor.

Já montamos o acampamento, pois a noite já se faz anunciar. Malika e Aisha estão sentadas mais á frente, com Carl deitado entre elas, conversando confidencialmente, enquanto Vlad foi procurar lenha para nossa fogueira. Bernard se ofereceu para acompanhá-lo e ajudá-lo na tarefa, mas Vladmir negou veementemente. Ele nos evita mais do que nunca. Não o culpo e não estranho essa ação; ele sempre pareceu ter o coração fechado, e com o rapto da Sophia, ele se trancou ainda mais.

Andamos o dia todo, nos embrenhando cada vez mais na mata. Estamos tentando ganhar tempo para que nossos poderes voltem antes de nos aventurarmos a retornar e resgatar a Sophia.

Mas não estou com boas perspectivas quanto a isso.

Toco na mala mais uma vez, e aperto os olhos, tentando com todas as minhas forças fazer com que ela se camufle sobre o chão coberto de folhas. Abro os olhos lentamente, esperançosa, e meu sorriso se desfaz.

Nada.

Chuto a mala, me sentindo ferver de ódio.

- É, ela foi uma péssima mala. Culpe-a.

Akira se aproxima, com um sorriso no canto da boca. A brisa de final de tarde despenteia seus cabelos, mas ele parece não se importar. Suas roupas simples e a camisa verde-folha faz com que ele pareça fazer parte do cenário florestal. A katana brilha na sua cintura, e ele me entrega meu arco com a aljava. Pego a arma e prendo nas costas, reclamando:

- Por que todo mundo consegue, menos eu? Aisha conseguiu dominar o fogo. O Vlad contou que conseguiu flutuar no dia que a Sophia sumiu, mas eu não consigo deixar essa maldita mala camuflada. Que ódio.

Ele se aproxima um pouco mais, olhando para a mala.

- Eu não lembro de ter lido a mente de alguém ainda - ele comenta, coçando o queixo. - Por que você não tenta se camuflar primeiro?

- Já cansei de tentar isso, nunca dá certo. - chuto a mala novamente, que sacode, derrubando algumas embalagens de maquiagem e um hidratante no chão. Fico ainda mais nervosa e suspiro. - Desisto.

Akira ri, e segura minhas duas mãos.

- Que tal se eu tentar te ajudar? Feche os olhos.

Fecho os olhos, e respiro fundo. Tento me camuflar mais uma vez, até que sinto o impacto dos lábios dele nos meus. Rio alto, e abro os olhos. Ele diz:

- Hmmm. Não. Não ajudou. Mas isso foi bastante bom.

Olho para ele de viés, e puxo seu rosto para perto, cravando os dentes na sua bochecha. Ele reclama de dor, e eu solto. Aponto para a mala, e peço com a voz melodiosa:

- Pega pra mim?

Akira revira os olhos e me olha. Pisco levemente, e ele se abaixa murmurando:

- Folgada. - Ele pega as coisas no chão e coloca dentro da mala. Estende-a na minha frente, reclamando: - Isso pesa.

- Você me disse para pegar só o necessário. Só tem o necessário aí - digo, dando de ombros.

Ele põe a mala perto de uma das barracas e a abre novamente.

- Eu consigo imaginar um milhão de coisas mais necessárias do que... - ele abaixa e pega um frasco. - O que é isso? Mais batom?

- Não, tá doido? Isso é primer. Deixa a pele mais bonita.

- Você precisa disso pra deixar a pele bonita? Tenho certeza que não estava com esse negócio na cara ontem.

Akira balança o frasco displicentemente, e eu tomo da sua mão.

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