Capítulo II

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Mederi Cartter

A expectativa toma todos na sala, por longos segundos. Por um instante, tenho pena do que aguarda o garoto, mas logo sinto vontade de participar na tortura. Malditos. Merecem sofrer.

Não vou dizer que não tive simpatia por alguns deles a princípio. Mas à medida que o tempo passou, eles começaram a agir menos como indivíduos e cada vez mais como grupo. Isso não é bom. Definitivamente não é. A verdade é que eles tinham potencial demais. Se eles descobrissem o poder da união e aprendessem a usar isso contra a Organização, poderiam nos causar problemas.

Ou se eles soubessem tudo que a OCRV guarda a respeito deles mesmos.

Afasto essa ideia da cabeça. 'Não. Isso não vai acontecer.'

Longos segundos se passam, até dois guardas invadirem a sala, trazendo algemado um rapaz encapuzado, e que se debate e tenta gritar, audivelmente amordaçado.

Hebert se aproxima dos recém chegados, pisando duramente. Pelo físico do capturado, já vejo que não pode ser o russo. Nem o Akira.

É o garoto nerd.

Sinto minhas mãos tremerem novamente. Hebert segura o topo do capuz, e o puxa com força, sem dúvida arrancando alguns fios de cabelo junto.

O homem jovem aparece, com uma cicatriz na têmpora e as faces vermelhas. A caixa torácica dele é sacudida por uma respiração ofegante.

Seus cabelos desgrenhados denunciam uma tentativa de luta, e o ódio nos seus olhos castanhos é quase palpável.

Olhos castanhos?

Não é Bernard.

É o tal do Daniel Stokes.

Hebert olha confuso para o rosto de Daniel, e encara, furioso, os guardas que o trouxeram. Esbraveja:

- Mas que droga é essa?

O guarda que o traz perde o meio sorriso idiota que ele trazia no rosto.

- Ahn...

- Esse é o membro da equipe de elite que você capturou, paspalho?

Os guardas não respondem, e se encaram. Daniel dá um suspiro, como se dissesse: "Até que enfim!" Um dos guardas começa:

- Nós não... nós vimos ele chegar anteontem com os garotos de olhos roxos... Pensamos que...

- Pensaram? - Hebert esbraveja, e segura os cabelos de Daniel. - Vocês estão vendo algum olho violeta aqui?

Ambos emudecem. Daniel solta um murmúrio reclamando, e Hebert solta seus cabelos.

Markus sacode a cabeça, e ordena:

- Soltem o rapaz. Ele é agente da OCRV.

Os dois idiotas soltam Daniel, que grita assim que é libertado da mordaça:

- Eu falei!

Ele passa a mão no rosto, onde a mordaça o apertava. Hebert solta um palavrão, tomado de ódio, e esmurra um dos guardas bem no nariz. O outro sai rapidamente da sala de reuniões antes que seja o próximo.

Quando ambos deixam a sala, Hebert dá um longo suspiro.

- Não encontramos o que falta ainda, mas vamos encontrar.

- Minhas desculpas, agente Stokes - Markus diz a Daniel. - Nossos guardas não são muito inteligentes.

Daniel tenta ajeitar os cabelos, e faz um gesto com a mão, indicando que está tudo bem. Ele responde:

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