04.

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Seis meses se passaram. Basicamente nada mudou, quer dizer, tudo só voltou do ponto de partida, agora ando mais só, em torno desses meses tive que me auto-dividir com uma saudade imensa do Pietro, o Rafael sumiu, ouvi boatos de que ele foi embora pro Canadá. A Sophia é única que está comigo apesar dos pesares, não sei o que anda acontecendo comigo, é tudo tão só, tudo tão translúcido. Não sei se aguentarei muito tempo nessa solidão. A mansão não é mais a mesma. Há muito tempo não vê mais uma visita, minha barriga nem se fala, está uma bola digamos, a Sophia disse que eu serei a mãe mais linda, mas, nem sei se chegarei a ser uma. Já descobrimos o sexo, será um menininho, um amorzinho na linguagem da Sophia. O pessoal do CIEX'S nunca mais deram a cara, não ligaram, não apareceram por aqui. Mas, do que mais sinto falta é do Pietro.

Eu estava deitada na minha cama, quando uma ideia patética e impulsional tomou conta da minha mente. Me levantei da cama no mesmo instante, porém com dificuldade, graças à uma vida que carrego na minha barriga. Fui ao quarto da Sophia e peguei o celular dela, ela me olhou sem entender e ficou um ponto de interrogação na cara.

–Hei, devolve meu celular sua monstrenga de duas vidas. –Ela disse e tentou pegar o celular da minha mão, mas eu recooei.
–Você tem o número do Pietro né ?–Disse com um sorriso bobo no rosto.
–Vai ligar pra ele ?–Ela me olhou com um jeito esperançoso.
–Pretendo.–Não dei esperanças.
–Liga logo.–Ela pegou o celular dela da minha mão com toda força possível e discou o número do Pietro e colocou no viva voz.
–Tira do viva voz.–Sussurrei.
–O celular é meu, e eu quero ouvir.–Ela sussurrou de volta.

Demorou um pouco, mas logo alguém atendeu, e esse alguém não era o Pietro. Enteolhei a Sophia que logo tomou a iniciativa de falar, antes que desligassem, me senti uma baita covarde.

–Alô, é o celular do Pietro Antares?–A Sophia disse mas olhando pra mim.
–Sim, quem gostaria ?–Uma voz feminina e totalmente estridente falou do outro lado da linha.
–Sou uma amiga velha dele, gostaria muito de falar com ele.–Ela rebateu e a moça ficou calada por segundos.
–Ah, aqui é a namorada dele, ele saiu, nestante volta, se quiser ligar um pouco mais tarde.–Ela disse e um forte enjôo tomou conta de mim. Sorri fraco pra Sophia que tratou logo de desligar a chamada.

Eu não estava acreditando no que acabará de ouvir, passei meses e mais meses sentindo saudades dele, e criando feitiches que nem eu mesma sabera que ocorrera, e ele vai logo se jogando pros braços de outra ? Acho que assim foi melhor de aceitar.

–Cê não está bem né ?–A Sophia disse depois de ficar segundos calada. Apenas respondi que estou bem e corri pro quarto.

A solidão. A traição. O medo. Tudo tomou conta de mim naquele momento, não vi mais motivos para continuar, nem a droga daquele bebê. Encostei a porta e peguei um estileite, eu estava pronta para aquilo, tudo me magoou, a perda do meu pai principalmente, não dá mais pra mim, eu não sou tão forte quanto parece ser. Subi a lâmina do estileite e sem pensar duas vezes corri até minhas gavetas de remédio e tomei todos, não ia ter carta de despedidas, poucos se impirtariam com aquele evento. E com a lamina ainda exposta, a passei em meus pulsos, sem nem mesmo hesitar. E caí no chão só sentindo meu batimento cardíaco diminuir. Não vi luz branca no fim do túnel. Só a escuridão. Somente.

Os Últimos Cortes.Onde histórias criam vida. Descubra agora