Capítulo 8.

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Narrador.

Respira e ingere, respira e ingere. A garota repetia para si mesma inquieta com a informação que acabará de receber. Ela buscava um motivo para todos aqueles problemas sondar sua vida, buscava também entender o por que de não poder desfrutar do amor paterno que acabará de receber e encontrar. A garota se mantia calada, só encarando o rapaz de madeixas grisalhas e de olhares perdidos. A garota que antes estava apoiada numa cadeira super luxuosa ao seu ver, se sentou, buscava respirar e ingerir a situação. Encheu seus pulmões de ar, e olhou pro seu pai com um olhar de desnorteada.

-Tá legal, uma coisa de cada vez. -A menina disse desviando seu olhar para qualquer ponto perdido naquela sala. -Primeiro a minha mãe. -Indagou.
-Tudo bem, sei que não é fácil ingerir essa situação com facilidade, mas a Bianca vai te ajudar, e o seu irmão também. -O coração da garota palpitará ao ver que o irmão se tratava do garoto que dilatará sua pupila de uns dias adiante. -Mas, retormando, você tem algo a me dizer antes ?
-Tenho. -Ela respirou fundo, e sentiu suas pernas bambearem mesmo estando sentada. -Eu não prometo ficar aqui por muito tempo, tenho a minha amiga, ela que me ajudou em tudo, não posso deixa-lá. -Disse ao se lembrar da cena em que sua amiga lhe deixou.
-Entendo, amanhã iremos ao seu colégio pegar sua transferência para o colégio interno, daí você conversa com ela, e se ela aceitar ela pode mudar pro colégio interno junto há você. -O senhor disse enquanto colocava colirío em seus olhos esverdeados. -Se ela preferir...
-Ook, mas, tenho perguntas. E perguntas que merecem ser respondidas, por isso eu faço e você responde, sem rodeios por favor. -A garota disse enquanto fuzilava o pai com um olhar medroso porém seguro.
-Tudo bem. -O pai sorri fraco e a garota indaga sua série de perguntas.
-Então, por que resolveu ir me procurar ? -Ela fita o chão, talvez não esteja preparada para ouvir o porque.-Depois de 16 anos, o senhor sabe o quanto eu sofri ? Creio que não. -Ela disse baixo, mas continuo.- Não sei que diabos aconteceu, mas eu adoraria saber, mereço explicações, além do mais é insuportável ter que viver com essas perguntas e dores martelando minha mente a cada momento.
-Tá, eu não sabia que você existia, quer dizer, sabia e não sabia. -O rapaz fitou o chão pronto para voltar ao passado turbulento que tiveres. -Sua mãe, Katherine, era uma mulher suicida, tentava se matar por tudo, não sabíamos o por que e nem o pra que, ela só dizia que sentia solidão, culpa, ódio, medo, e isso nos deixava com medo. Conheci sua mãe no meu escritório, eu era psicólogo, um bom psicólogo, até me tornar um grande psiquiatra, cresci na vida graças a psiquiatria, mas, enfim, num Sábado...-O rapaz rebobinava como se fosse ontem.-Eu estava na minha sala, fadigado e cheio de tédio, meus pacientes só me procuravam para tratar de algo em relação a amor, e dinheiro, aquilo já era rotineiro na maioria dos casos, até que sua mãe apareceu naquela sala, toda acanhada, medrosa, linda por sinal, assim como você, seus cabelos vermelhos naturais chamavam altas atenções, suas silhuetas definidas atraia olhar de qualquer rapaz, e isso não me intimidou. Ela chegou, se sentou, eu a cumprimentei, e começamos uma conversa, ela começou explicando que sentia solidão, medo e ódio, só falava isso, é ela media para falar sobre o assunto, e aquilo me fascinava, o jeito dela, a Bianca nessa época já era minha secretária, mas não tínhamos nada. Então, voltando a sua mãe, ela sempre ia até mim para conversar e aquelas conversas me não saia da minha cabeça, contava os dias para vê-lá, e dentre outras coisas, até que estava chovendo, precisei levar a pobre moça em casa, e aí acabou rolando as coisas, bem que fugiram do controle, foi desejo, vontade, carinho, amor, paixão, tudo junto. Enfim, a Katherine se engravidou de você, eu não sabia, ela sumiu por um mês, eu tentei procura-lá, tentei achar ela, mas ja era tarde, ela tinha ido embora, e foi aí que eu comecei a me envolver com a Bianca, rolou muita coisa entre eu e a Bianca, mas, nada sem preservativo, e até hoje eu me pergunto o por que do Rafael ter nascido, mas parei de me questionar, então, eu já estava saudoso, e a vontade de encontrar sua mãe era enorme, e foi aí que eu coloquei um detetive atrás dela, daí várias coisas conspiraram contra para que eu a achasse, a Bianca engravidou repentinamente, o detetive não achou a sua mãe, e dentre outras coisas...Até que chegou o dia da Bianca ter o Rafael, fomos pro hospital a Bianca teve o Rafa, e no último dia, em o bebê já estava fora de perigos por conta do parto, a Katherine estava lá, no quarto 4B, dormindo que nem um anjo, eu tolo que não sou adentrei no mesmo instante o quarto, mas, quando cheguei lá ela não se mexia, entrei em desespero, chorei horrores, os médicos vieram até mim, e me explicando que ela tinha tido uma filha e que a criança não resistiu, e nem ela, sofri muito, mas, vivi minha vida, sem esquecer ela, até o mês passado, quando o detetive disse que a filha da Katherine não tinha morrido coisa alguma, que ela tinha sido largada num orfanato barato, e que agora morava com a amiga de apenas 17 anos. Enfim, e daí deu no que deu... -A garota não acreditará que acabara de ouvir a história dos seus pais, a menina estava atônita, e depois de um tempo respirou fundo e conseguiu dizer algo.
-Obrigado por me contar. Mas, e enquanto a leucemia ? -Ela perguntou enquanto fitava o pai.
-Não sei, está terminal, deixei o tratamento de lado e que seja o que Deus quiser. -Ele sorriu fraco e se esticou para acariciar o rosto meio pálido da garota.-Mas, saiba que apesar de tudo, eu te amo querida. -O pai sorriu fraco e a garota também.

Os dois ficaram conversando por um tempo, até que a garota resolveu ir dormir, para amanhã lhe dar com a amiga que se sentirá traída.

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