Capítulo 20.

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Me arrumei pra ir andar de bicicleta com o pessoal, quando eu já estava pronta nos encontramos na piscina, pegamos umas bicicletas que estavam no sótão do Pietro e caímos na estrada.
Estava tudo escuro, só a lua iluminava, alguns conversaram, outros davam risadas e outros focavam na pista de terra. Eu estava presa em meus pensamentos, em relação a Sophia, ela com certeza vai se virar contra mim e na boa, eu não estou preparada pra isso.

-Está pensativa demais gótica.-O Pietro encostou sua bicicleta próximo da minha começou a pedalar na mesma velocidade.
-Pensamentos mesmo.-Disse e olhei rápido pra ele.
-Se quiser desabafar tô aqui.-Ele disse e sorriu fraco.
-Adoraria sabe..-Disse meio sem graça. A verdade é que me deu algo pra que eu me desabafasse com ele, sei lá.
-Então manda.-Ele disse e me olhou.
-Transei com o Rafael, mas a Sophia gosta dele e eu gosto do Rafael, muito.-Disse e abaxei a cabeça, mas logo levantei.
-Ah, nossa.-Ele torceu a boca.-Se a Sophia for sua amiga de verdade ela vai te ajudar e te entender, não fica assim, tudo passa.
-É.-Disse.-E você e a Mercedez ?
-Diversão. Tô gostando duma mina.-Ele disse e bateu uma ponta de ciúmes.
-Ata.-Disse.
-Sara..-Ele chamou meu nome.
-Oi.-Respondi manhosa.
-Você já se sentiu cheia, porém vazia?-Ele me perguntou. Ele não me olhava nos olhos, e aquela pergunta me fez tremer.
-Como assim ?-Perguntei.
-Sei lá. Quando eu era menor eu não tinha nada, e agora tenho tudo, já cheguei a tentar me matar, já fiz uma lista de coisas antes de me matar, até perceber que tudo isso era inútil, que o importante mesmo é você viver, sem ter meta.-As palavras entravam no meu ouvido e foram levadas ao meu coração.-Sei lá, eu só quero viver, viver sem meta.
-Já me senti assim.-Disse fitando a escuridão maravilhada pelas bicicletas do pessoal.
-Pois é, isso é um pé no saco, inclusive agora que eu estou gostando duma mina.-Ele disse baixinho.
-Conta pra ela.-O incetivei.
-Não, agora não.-Ele disse.

Avistamos o povoado e geral começou a gritar.

-Depois continuamos nossa conversa.-Ele disse e pedalou mais.

Chegamos ao povoado e fomos comer batata fritas, o Rafael ficou conversando comigo, conversando coisas aleatórias, e a Sophia só encarava de longe.
Depois voltamos pra chácara, já se passava das doze, por isso todos foram dormir, e lá foi eu dormir no mesmo colchão em que o Pietro.
Me deitei e tentei dormir antes dele sair do banho, mas, tentativa falha. Ele saiu do banho e começou a resmungar.

-Mas tu vai dormir mesmo sem me esperar sua marrenta ?-Ele estava só de toalha.
-Vou, problema ?-Disse grossa, eu já estava com sono mesmo.
-Que menina má.-Ele tirou a toalha e vestiu a cueca, depois vestiu uma bermuda.
-Cade a camisa ? Só durmo com você se você vestir a camisa.-Disse.
-Eu durmo nu, tu ainda acha que tô de cueca e bermuda.-Ele deu de ombros e se jogou no colchão, e apertou, eu quase fui me parar no chão.
-Isso não vai dar pra nós dois Pietro.-Disse emburrada.
-Se dormimos de conchinha dá.-Ele disse e me puxou, fazendo com que ficassemos de conchinha.
-Vai pro inferno.-Disse e comecei a me debater.
-Hei, relaxa, a noite passa rápido, ai você não vai mais poder dormir de conchinha.-Ele disse e me puxou mais pra ele.
-Afes.-Resmunguei.
-Boa noite.-Ele disse e desligou a luz dum abajur armengado.
-Noite.-Disse seca.

Os Últimos Cortes.Onde histórias criam vida. Descubra agora