O inicio

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Mais um dia que passa e eu ainda não consegui um trabalho, já estou a ponto de enlouquecer. Faz cinco meses desde que sai do meu último emprego, meu seguro já está no fim e não sei mais o que fazer, fui a algumas entrevistas mas não me chamaram, disseram que a vaga para secretária já havia sido ocupada.

Moro em Paris com minha amiga Raquel a um ano, ela trabalha como gerente em uma loja de maquiagem bem sucedida, o salário dela é bom, mas não posso deixá-la com todas as despesas, afinal preciso ser independente e uma boa amiga.

一 Bom dia! 一 diz Raquel bocejando.

一 Bom dia! Como passou a noite? 一 indago tirando a panqueca da frigideira.

一 Bebi muito ontem, mas quem manda sexta-feira ser sexta-feira 一 sussurra sorrindo, em seguida come um pedaço da panqueca que já esta no prato.

Raquel é uma pessoa muito direta e extrovertida. Quase todas as sextas quando sai do trabalho vai em um barzinho com a Caroline, uma mulher que trabalha com ela. Raquel sempre me chama mas nunca aceito pois não gosto de lugares agitados.

一 Sei que sextas-feiras são sagradas pra você 一 murmuro com um sorriso de canto.

一 Com toda certeza é, mas hoje acordei com uma dor de cabeça infernal 一 revira os olhos, em seguida toma um pouco de café.

一 Mas e você, dormiu bem? 一 pergunta.

一 Mais ou menos, tive alguns pesadelos 一 desabafo, ela me encara bem nos olhos e diz;

一 Vai ficar tudo bem Violet, ele não vai te achar aqui. Já faz um ano 一 conforto-me com suas palavras, ela tem razão. Dou um sorriso satisfatório e isso faz com que ela volte a se animar.

一 Você vai mesmo pra essa entrevista? 一 questiona em tom de negação.

一 Sim, hoje a tarde, às quatorze horas 一 explico. 一 Vou até a Avenue Montaigne para ser entrevistada na Versart.

一 Você não precisa trabalhar ainda, meu salário dá muito bem para nós duas 一 diz tentando me fazer desistir.

一 Raquel já fazem cinco meses, por favor me apoie nisso, preciso de você 一 digo com carinha melosa, sei que ela não resiste.

一 Ah não Violet, não faz essa cara, sabe que não resisto a carinhas como essas 一 murmura com tom de raiva por ter esse ponto fraco. 一 Esta bem, vou te apoiar mas entenda meu lado, me preocupo com você 一 fala como minha mãe.

Minha mãe morreu quando eu tinha treze anos, foi um choque pra mim e para toda família, mas principalmente para meu pai. Vítima do câncer, após sua morte, meu pai se fechou para o mundo, aposentado, vive em sua casa na Espanha. Nos falamos por telefone poucas vezes, mas ele continua o mesmo, sempre entristecido. Na verdade nem me lembro a ultima vez que falei com ele. Depois que meu pai ficou assim, quem cuidou de mim até eu fazer vinte e dois anos, foi minha tia Helena, que atualmente mora em Amsterdã. Ela sempre foi uma boa tia e me deu todo o amor que a vida me tirou quando criança. E após um trágico acontecimento em minha vida, mudei-me para Paris.

一 Raquel já está na hora, estou indo 一 aviso. 一 Quando eu sair de lá ligo pra você, me deseje sorte 一 Em seguida lhe dou um abraço, um beijo em sua bochecha e saio.

一 Boa sorte! 一 escuto ela gritar antes que eu feche a porta.

Quando cheguei em Paris, Raquel já estava me esperando. Nos conhecemos desde pequenas, ela era minha vizinha e melhor amiga. O pai dela recebeu uma proposta de emprego e tiveram de se mudar para França, fiquei muito triste nessa época, os anos foram passando e eu não tinha notícias de Raquel, depois que minha mãe morreu recebi uma carta dela e então passamos a conversar por correspondência, com o passar do tempo a pilha de cartas só aumentava. Quando finalmente ganhei meu primeiro celular, começamos a conversar por mensagens e ligações. Desde então somos inseparáveis. 


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Capa: FrancianyUmbuzeiro

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Srta Violet

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