SRTA VIOLET - Em Revisão

02

Faltam trinta minutos para a entrevista começar, como estou com alguns minutos sobrando resolvo ir até um restaurante que fica na mesma rua da Versart. Chegando, peço um Croissant e um café, como tranquilamente até que um homem entra no restaurante, ele é muito bonito, seu perfume se mistura com todo o ar do ambiente. Nossa, como ele é cheiroso. Percebo que todos o observa, principalmente as mulheres.

Enquanto ele anda pelo estabelecimento, três homens levantam para cumprimenta-lo, ele parece ser muito simpático, deve ser um ricaço da área, talvez dono do restaurante.

Ainda estou o observando e só percebo isso quando de repente ele me encara. Na mesma hora fico corada, então volto a comer como se eu nem tivesse percebido a sua chegada. De soslaio o vejo saindo do restaurante, sinto-me aliviada por não ter que ficar desconfortável e acabar pagando algum mico.

Termino a refeição, pago a conta e saio. Do outro lado da rua vejo um lindo carro estacionado, vou andando, porém olhando para essa linda BMW azul marinho, amei essa cor. Repentinamente esbarro forte em alguém e sinto algo gelado em meu corpo, percebo que é o cara do restaurante, ele está com um copo de o que aparenta ser refrigerante, na mão, e o blazer que era da minha mãe todo manchado do líquido.

Respiro fundo ao olhar para o seu rosto, estou muito furiosa. Logo esse blazer, eu não posso perdê-lo também, ele é uma das poucas lembranças que tenho da minha mãe, sem contar que em poucos minutos tenho uma entrevista importante.

一 Não olha por onde anda? 一 indago tentando limpar meu blazer com a mão e falhando miseravelmente.

一 Digo o mesmo pra você 一 murmura em tom de ironia, me encarando e sorrindo do meu desespero ao tentar limpar. Isso me deixa ainda mais irritada.

一 Tá rindo de que? Acha engraçado a desgraça dos outros? 一 reviro os olhos. Não sou de fazer barraco, mas desta vez grito.

一 Posso comprar um milhão desses se você quiser 一 fala como se fosse o dono do mundo.

Que idiota!

一 Não quero porra nem uma de você e sai logo da minha frente seu idiota! 一 xingo com todas as minhas forças.

Quando vejo que ele nem se mexeu franzo o cenho e gesticulo minha cabeça em forma de negação, dou-lhe as costas e vou embora. Tento secar meu blazer com alguns guardanapos que tenho em minha bolsa, porém não resolve nada, continua uma grande mancha. Mas como não dá tempo de voltar em casa pra trocar, sou obrigada a ir para a entrevista assim.

Faltam cinco minutos, não posso perder essa oportunidade e o que me resta fazer é ir com a cara e a coragem. Estou na frente da grande loja, assim que entro fico deslumbrada. A loja é grande, muito bonita, bem iluminada com cores vivas, roupas de grife e super delicadas em manequins por todas as partes, paredes de mármore branco com detalhes dourados, muitas bolsas e sapatos à mostra em prateleiras douradas, fico perplexa diante de tanta graciosidade. Aprecio muito o mundo da moda, se eu conseguisse um emprego aqui seria perfeito. Não demora muito até que uma mulher venha me atender. Me inspeciona dos pés a cabeça, como se eu fosse inferior a ela, ela repara nas minhas roupas e faz uma expressão enojada. Fico ainda mais nervosa. A acompanho até o elevador, subimos e depois entramos em um escritório. Respondo a uma série de perguntas sobre minha formação profissional e afins, o que é normal em todas as entrevistas. Essa mulher é realmente intimidante, mas me mantenho firme com toda a segurança que tenho. Por fim terminamos a entrevista e ela me diz que irá ligar daqui alguns dias.

Fico muito desanimada em ouvir isso, já estou cansada de tantas ligações de emprego não recebidas.

Quando chego em casa Raquel vê meu blazer seco, porém manchado e com preocupação me faz várias perguntas, então explico tudo o que aconteceu.

一 Não acredito Violet, essa é uma das suas roupas favoritas, mas eu vou dar um jeito de tirar essa mancha tá bom, prometo 一 diz me fazendo sentir melhor, sorrio e concordo com a cabeça. 一 E como foi na entrevista? 一 indaga.

一 Como sempre, só disseram que iriam ligar daqui uns dias 一 murmuro. 一 Ainda não acredito que aquele idiota ficou rindo de mim com aquela cara cínica 一 falo com expressão raivosa.

一 Idiota é? 一 questiona em tom de desconfiança.

一 Sim! Um I-DI-O-TA! 一 Brado, lembrando-me de como ele riu da minha desgraça.

一 Calma! Mas me fala, esse idiota é bonito? 一 pergunta sorrindo.

一 Raquel! Estou falando que ele é um idiota, babaca, estúpido que estragou meu dia, o blazer da minha mãe e a minha entrevista. Mas infelizmente sim, muito lindo 一 Sorrimos. Logo minha raiva vai passando aos poucos.

一 Me conta, como ele é? 一 indaga curiosa.

一 Depois te conto, agora vou tomar um bom e demorado banho 一 levanto e sigo para o banheiro.

Não quero falar dele, afinal, nem o conheço e espero nunca mais vê-lo novamente.

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