Holmes Chapel, Cheshire.
-Harry, querido, venha até aqui - Anne chamou por seu filho e Desmond sorriu, olhando-a com alegria.
Era indescritível a sensação que tinham em saber que teriam outro filho. E maior ainda era a alegria de Anne ou saber que se tratava de uma garota. Ela se lembra de quando era jovem e tinha aspirações em ser mãe de uma garota, mas assim que Harry veio, ela guardou sua pequena aspiração no fundo de seu peito. Podia esperar e aproveitar o pequeno de olhos verdes que tinha em seus braços.
As mãos sujas de tinta colorida do garoto foram limpas por seu pai antes de se sentarem no sofá. Desmond só conseguia pensar no quanto era grato por ter um filho tão bom e tranquilo. Nunca dera trabalho em qualquer que fosse o aspecto. Mesmo tendo apenas 4 anos, não havia motivo para preocuparem, era um bom garoto.
-Harry, já imaginou se crescemos a família? Além de mim, papai e você? - Anne pergunta, sorrindo alegre e o garoto afirma várias vezes, sorrindo e balançando as pernas no colo do pai.
-Vamos comprar um cachorro, mamãe?
-Não, querido, não é um cachorro mas podemos comprar um, caso queira. O que acha de ter uma irmã?
-A irmã? Uma garota? - o pequeno faz cara de nojo e faz Desmond sorrir com a reação - Não pode ser um garoto?
-Não desta vez, Harry. Seu nome será Gemma, o que acha? - Anne pergunta e Harry olha confuso para Desmond.
-Tudo bem, mãe - ele sorri, os pequenos olhos verdes brilhando suavemente - Quando vamos buscá-la?
-Bem, isso pode demorar um pouco, filho - Desmond passa a mão no cabelo do garoto, que cruza os braços e fica emburrado.
-Por que?
-Ela pode demorar alguns meses para chegar, mas prometo que vai ficar muito feliz quando ela estiver aqui. O que acha? - o pai pergunta, sorrindo.
Harry dá de ombros e sorri, pulando do colo de seu pai para o chão, voltando a brincar com todas as tintas e papéis no chão da sala. Anne suspira aliviada enquanto olha para seu marido e os dois dão as mãos.
-Espero que os dois se deem bem. Ela vai precisar dele - Anne diz, observando seu filho brincar.
-Ou talvez ele precise dela, não sabemos como vai ser.
-Bem, uma coisa eu sei - a mulher sorri e acaricia a mão do marido - Seremos muito felizes, nós quatro. Harry vai crescer e se tornar um homem bonito e Gemma será uma garota linda.
-Bem, se puder ser como você, certamente - Desmond elogia a esposa, certo de cada sentimento que tem, de cada parte da família forte que construíram com o passar dos anos.
O destino tem uma forma complicada de agir na vida de todas as pessoas. Gemma não chegou meses depois e as coisas ficaram escuras e frias dentro da casa dos Styles. Desmond tentava incessantemente manter sua mulher entretida e isso prejudicava, em alguns momentos, seu relacionamento com o próprio filho.
Quando Anne perdeu Gemma, foi muito pior do que qualquer dor que ela algum dia sentiu. E tinha certeza, que nunca sentiria dor parecida. Doía tanto que ela pensou que talvez não precisasse viver depois de tudo isso. Mas então olhava para Harry e conseguia perceber que havia aquela pequena pessoa que ainda precisava dela, de seu colo, de tê-la como mãe.
Desmond se tornou o pilar que segurava toda a estrutura da casa e foi ensinando tudo o que ele precisaria para criar Harry que Anne os deixou em 2001. As malas prontas no canto da sala naquela manhã pareciam estar carregando o coração de Desmond junto.
Harry chorava, berrava enquanto a mãe se despedia, dizendo que voltaria logo de uma viagem. De alguma forma, ele sabia que não a veria depois disso. Ele grudou na perna de Anne e não soltou de forma alguma.
-Mamãe, por favor, me leva com você. O papai também quer ir! - a criança chorava, segurando a barra da calça de Anne.
-Querido, por favor, eu volto logo, não se preocupe. O papai vai ficar bem.
Ela acariciou o cabelo do filho, que mesmo ainda pequeno sentia seu corpo inteiro doer com a ida da mãe. Ele não saberia explicar, mas tinha certeza que o que estava acontecendo era pior do que sua mãe estava dizendo.
Desmond teve que segurar o garoto enquanto Anne entrou no táxi. Ele contou histórias para Harry até que este conseguisse parar de chorar e dormir. Sentia-se mais confuso e perdido do que nunca. Não sabia que o fazer. Agora eram apenas Harry e Desmond.
E foi assim por anos.
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Things I Can | H.S.
FanfictionO sorriso que ela abre enquanto a observo de longe me faz lembrar o babaca que sou. É o sorriso que ela insiste em abrir aos outros, mas nunca mais o abriu para mim. O gelo do whisky congela a ponta dos meus dedos e parece um alívio sentir alguma do...