Capítulo 24

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COMENTEM MUITO E VOTEM. 

A cabeça encostada no meu ombro durante todo o ombro me deixou um pouco incomodado mas tirou um pouco minha ansiedade para chegar na Itália. Pouco mais de uma hora e meia de Paris até Verona. É, exatamente a cidade onde Shakespeare utilizou todo o seu romantismo para simplesmente matar Romeu e Julieta. Faria mais sentido ir até Veneza, mas aparentemente vamos desembarcar às margens do Rio Adige mesmo. Que provavelmente fede como a maioria desses rios. 

Descemos do avião e enquanto esperava minha bagagem só conseguia pensar em como as pessoas aqui parecem desesperadas em viver uma história de amor alucinante. Mesmo que seja uma tragédia qualquer assim como foi entre os Capuleto e Montecchios. As garotas parecem tão ensandecidas ao observar tudo em volta e os poucos americanos e ingleses que passaram por mim comentavam sobre como o clima do lugar já parece muito mais suave que sua cidade natal. 

Não que eu me importe com isso mas meu corpo ainda parece pesado e minha cabeça ainda dói. 

-Benvenuti nella città degli innamorati! - diz o motorista do táxi assim que entramos no carro. 

-Me desculpe, não falamos italiano - ele afirma e sorri, acenando. 

-Ah, ingleses - ele nos olha pelo retrovisor e eu sorrio amarelo - Eu disse que são muito bem vindos a cidade dos namorados. 

Que irônico, gordo filho da puta. 

Espero que ele não esteja sugerindo que haja um casal neste carro. 

Só tem eu, Liam e o motorista. 

-Obrigado, minha namorada não veio - Liam inicia sua ladainha sociável e eu reviro os olhos antes de me esparramar no banco de trás. 

Cabe exatamente um carro nas ruas estreitas de Verona. Imagino Pixie andando por aqui em sua scooter assim como grande parte das pessoas fazem por aqui. Ela não veio. Não é como se fosse alguma tragédia. Na verdade depois de transarmos novamente conversamos sobre deixar encontros e aventuras para depois que eu terminasse toda essa coisa do livro. 

E talvez isso seja sério. Talvez realmente nos veremos quando isso aqui acabar. Vou levar algo mais além de carimbos em passaporte? Talvez. 

Nosso hotel é uma construção bem próxima do renascentismo e até beira um pouco o maneirismo. É bem tradicional e parece até uma multiplicação idêntica de todas as outras construções em volta daqui. O sotaque italiano é um pouco irritante aos meus ouvidos. A maneira puxada como conversar e a diferença gritante da suavidade do francês faz com que meus ouvidos reclamem quando o rapaz me leva até o meu quarto depois de levar Liam ao dele. 

É um alívio que nos botaram em quartos diferentes aqui mas ouvi quando Liam questionou na portaria. Preciso de espaço cara, espaço. 

O evento não é uma livraria e sim em uma biblioteca e é pela noite. Aparentemente vai ser o mais próximo de um coquetel pelo que conseguiram me explicar. Enquanto tomo um banho percebo como tudo o que eu imaginei para essa "viagem de divulgação" virou completamente o contrário. Eu queria que Bonie viesse comigo e na verdade estamos tão afastados como estávamos quando eu morava em Nova Iorque. Eu disse que viria se ela pudesse vir comigo mas eu estou aqui e já estive em Paris, com outra garota e, bem... Bonie não parece se importar nem um pouco. Sei que ela está bem e honestamente, também estou. 

Sei que escondi muito dela, que durante muito tempo eu fui o erro constante na nossa história mas saber que nossa separação podia ter sido evitava e não foi porque ela escolheu omitir que sabia dos meus sentimentos confusos faz com que as cores da história mudem. 

Things I Can | H.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora