Cap. 11 | Elisa - Revisado

6.6K 485 16
                                    

Acordo sentindo uma respiração suave e calorosa no meu pescoço, meus olhos se abrem lentamente e se deparam com a figura serena de Henrique, que ainda está imerso em um sono profundo. As lembranças da noite anterior vêm à tona, e um misto de emoções inunda meu ser. É crucial que eu domine meu lado mais impulsivo, pois não quero causar dor a ninguém. Com um suspiro, fecho os olhos novamente, permitindo que o sono me envolva mais uma vez.

Quando finalmente desperto, uma sensação de solidão toma conta de mim naquela cama vasta e vazia. Será que Henrique esqueceu mesmo do meu aniversário? A incerteza me faz questionar o que pode ter acontecido. Decido me levantar daquela cama luxuosamente confortável e encaminho-me ao banheiro. Ao me olhar no espelho, percebo meus olhos levemente inchados e avermelhados, resultado das lágrimas derramadas na noite anterior. Com cuidado, lavo o rosto na pia, tentando dissipar os vestígios da tristeza que ainda persistem.

Resolvo então conceder a mim mesma um presente em meu dia especial. Tomo um longo e relaxante banho, permitindo que a água quente acalme minha alma inquieta. Afinal, por que não? É meu aniversário, e mereço esse momento de indulgência.

Ao sair do banheiro, já estou vestida com um vestido floral simples, que ressalta minha beleza natural, e uma sapatilha rosa nos pés. Observo minuciosamente o ambiente ao meu redor, franzindo a testa em perplexidade diante do vazio que preenche a casa.

— Oi — Dona Márcia fala de repente, fazendo-me dar um pulo no lugar e girar rapidamente para olhá-la.

— Oii — Abro um sorriso radiante, já antecipando as felicitações de aniversário que espero ouvir dela.

— Já tomou café-da-manhã? — Ela me pergunta, e uma faísca de esperança acende em mim. Será que ela preparou um bolo surpresa?

— Não — Respondo com entusiasmo, imaginando o bolo de aniversário delicioso que poderia estar à minha espera.

Dona Márcia franze o cenho, mas ao mesmo tempo, um sorriso misterioso surge em seus lábios sem que eles se abram.

— Vem — Ela diz, sem desviar o olhar de mim, e começa a se mover em direção à cozinha.

Decido quebrar o silêncio constrangedor enquanto a seguimos pelo corredor.

— Então, o dia está lindo, né? — Tento iniciar uma conversa, na esperança de obter alguma pista sobre o que está acontecendo.

Dona Márcia responde à minha pergunta, mas o faz sem me olhar nos olhos, o que só aumenta meu desconforto. Opto por não insistir, imaginando que talvez esteja prestes a encontrar uma surpresa de aniversário na cozinha, com todos os meus amigos e familiares reunidos, prontos para me surpreender com um bolo e uma grande festa. Sorrio ao imaginar a cena.

No entanto, minha empolgação desmorona quando finalmente chegamos à cozinha e vejo a mesa posta com um café-da-manhã comum. Nada de bolo, nada de gritos de "surpresa", apenas as coisas normais para começar o dia.

— Pode arrumar a mesa depois de comer? — Dona Márcia pergunta, ainda com seu sorriso enigmático, antes de se afastar e me deixar sozinha na cozinha.

Será que todos se esqueceram do meu aniversário? Onde estão todos? Por que minha animação inicial desapareceu tão rapidamente?

Termino meu café da manhã com mil e um pensamentos rondando minha mente. Em seguida, faço questão de arrumar tudo o que estava na mesa, tentando ocupar minha mente e conter a decepção que ameaça se transformar em tristeza.

Finalmente, vou para a sala e me jogo no sofá, olhando para a televisão desligada. A sensação de abandono começa a pesar em mim. Será que eles sequer sabem que hoje é o meu aniversário? Claro que sabem, estava registrado em minha ficha, penso com amargura. Resolvo ligar a TV e deixar um filme passando.

Adotada por VampirosOnde histórias criam vida. Descubra agora