Acordei em meio a um turbilhão de vozes, confusa e desorientada. As memórias eram como uma página em branco, e tudo o que restava era um eco distante de dor e batalha. Meus olhos se abriram lentamente, e vi minha família ao meu redor, lágrimas de alívio escorrendo por seus rostos. Eles estavam chorando, mas não de tristeza. Era um choro emocionado, de gratidão. O que eu havia feito para merecer isso? O que havia acontecido?
— Você salvou todos nós, Clementina! — a voz da minha mãe era trêmula, repleta de amor e admiração. Mas a única coisa que eu conseguia sentir era um vácuo, um espaço em branco onde as memórias deveriam estar. Fui envolvida em abraços, mas a sensação era estranha. Eu não conseguia me lembrar de nada, apenas um leve lampejo de luz e sombra, e a consciência de que havia algo profundo e significativo que eu havia perdido.
Os dias seguintes passaram como uma névoa. A vida parecia estar voltando à normalidade, mas uma normalidade que eu não reconhecia completamente. Nossa casa estava cheia novamente, mas o clima era pesado. Trouxemos Taylor quase arrastando-o para morar conosco. Ele parecia mais distante do que nunca, o olhar perdido em um abismo que eu não podia alcançar. E Felipe, bom, Felipe estava em um canto, mais recluso do que o normal. A perda de alguém que amamos faz isso com a gente, eu sabia, mas ainda assim me doía vê-lo assim.
(...)
Enquanto vagava pela sala, perdida em meus pensamentos, algo me puxou para fora do torpor. A luz que filtrava pela janela iluminava a cena com um tom suave, e foi então que Taylor entrou. Ele parou na minha frente, e seu sorriso era como um raio de sol em um dia nublado.
— Tina, oi — ele disse, e, por um momento, tudo pareceu certo. Sorrindo de volta, eu tentei ignorar a confusão que ainda pairava sobre mim.
— Oi, Taylor — respondi, a voz leve, como se finalmente houvesse um fio de normalidade na minha vida.
Então, a pergunta dele me pegou de surpresa.
— Eu queria saber de algo, seu casamento é arranjado? — As palavras pairaram no ar entre nós, e eu fiquei paralisada por um momento. Era uma pergunta simples, mas havia tanta carga nela. Meu casamento, essa ideia que agora parecia tão distante e estranha, como uma vida que não era a minha.
— Sim, é arranjado — respondi, sentindo um peso se formar em meu peito. — Na verdade, Jacob e eu não nos dávamos bem antes. Era como se estivéssemos em mundos completamente diferentes, mas... estamos tentando melhorar nossa relação, sabe? Fazendo o que podemos para fazer isso funcionar.
Taylor franziu a testa, sua expressão mudando à medida que ele processava a informação.
— Você ama ele? — perguntou, a seriedade na sua voz fazendo meu coração acelerar.
Olhei para ele, surpresa pela pergunta direta. O que eu realmente sentia? Havia tantos sentimentos confusos dentro de mim, era difícil separar um do outro.
— É complicado — finalmente respondi. — Até pouco tempo, Jacob e eu não gostávamos um do outro. Agora, estamos tentando, e é estranho. Às vezes sinto que estamos indo na direção certa, mas ainda não sei se é amor.
Havia uma hesitação no olhar de Taylor, e ele parecia estar ponderando sobre algo importante.
— Eu... eu queria te contar uma coisa — ele começou, a voz hesitante. — Eu acho que estou começando a ter sentimentos por você.
A revelação caiu como uma bomba. Meu coração disparou, e eu fiquei sem palavras, incapaz de processar o que ele acabara de dizer. O que isso significava? E como eu deveria reagir?
— Taylor, eu... — comecei, mas ele me interrompeu, a expressão no rosto mudando para algo mais pesado.
— Desculpe, eu não deveria ter dito isso. Não quero complicar as coisas para você. Eu só... vou sair — disse ele, a tristeza começando a se instalar em seus olhos.
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Adotada por Vampiros
VampirosElisa passou a vida inteira esperando por uma família, mas agora que a oportunidade chegou, ela se pergunta: e se eu não for quem eles esperam? E se eles não forem quem eu imagino? Plágio é crime História iniciada em: 11/06/2016 História finalizada...