Cap. 33 | Elisa - Revisado

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Quando Savannah vomitou sangue, eu tive que sair correndo. Era isso ou morde-la. Eu não tinha nenhum autocontrole da minha parte vampira ainda; me transformei há poucas semanas. A adrenalina corria nas minhas veias enquanto eu disparava pelo corredor, e foi então que Clementina me parou.

— Elisa, calma! — ela fala, segurando meu braço com firmeza. — Você parece que viu um fantasma! O que aconteceu? — A preocupação em seu rosto é palpável.

— Felipe... Sangue... Savannah — é tudo que consigo dizer, ainda ofegante e lutando para recuperar o fôlego. Clementina, percebendo a gravidade da situação, corre para o meu quarto, onde Henrique está.

Não posso voltar lá. Estou aprendendo a me controlar. Quando Savannah vomitou sangue, a vontade de mordê-la foi imensa, quase incontrolável, mesmo sabendo que havia algo muito errado em seu sangue. O cheiro me deu certeza disso. Quando senti minhas presas cutucarem meus lábios, não hesitei e simplesmente corri para longe.

Parei no andar debaixo, longe do quarto onde eles estavam, e me concentrei para ouvir o que acontecia.

— Mas que veneno é esse? — ouvi Clementina perguntar, a voz dela carregada de preocupação.

Veneno?! Será que é isso que está no sangue dela?!

— Não reconheço pelo cheiro — essa era a voz de Henrique, tensa e hesitante.

— Mas você não é perito nessas coisas? — Felipe respondeu, sua voz carregada de frustração.

— Saber identificar um veneno de outro não é ser perito, Felipe. Pode até ser, mas pelo menos eu sei diferenciar um veneno grave de um que não faz nada — Henrique se defende, tentando manter a calma em meio ao caos.

Resolvo parar de ouvir. Savannah foi envenenada. O que aconteceu na casa de campo? Felipe e Savannah estavam lá há semanas e ninguém tinha notícias deles.

Começo a pensar em tudo, absolutamente tudo na minha vida. Praticamente desisti do meu sonho de ser fotógrafa. Sou uma híbrida de celestial e vampiro. Meu pai é um bruxo. Minha mãe é uma celestial, mas não sei se ela realmente está viva ou morta. Nunca mais vi Marta depois que fui "adotada". E nem Isa, desde que a visitei. Estou noiva de um vampiro e moro com vampiros e uma bruxa.

E eu nem pensava em ser adotada; imagine se eu quisesse! Mas agora Savannah está na pior. Sinto-me um lixo por não poder ajudar.

Droga!

Um grito vindo do andar de cima me faz parar.

— SAVANNAH! — A voz de Felipe é um misto de desespero e dor. O que aconteceu?! Decido voltar a ouvir a conversa.

— Felipe... — a voz de Clementina sai quase num sussurro, cheia de apreensão.

— Savannah... — Felipe sussurra, e em seguida, ouço um soluço que corta meu coração. — Savannah, volta... Por favor! — ele funga, a tristeza em sua voz ecoando como um lamento.

Meu Deus!? Savannah!

Ela não... Ela não pode ter... morrido!

As lágrimas começam a escorregar pelo meu rosto. É inevitável. Ela não pode ter morrido! Não, não pode!

Desesperada, quebro o primeiro vaso de flores que vejo. O vidro estilhaça ao atingir o chão, e a beleza das flores se despedaça. Quebro um quadro também, e o som do impacto é ensurdecedor. Um quadro que representa uma memória feliz, agora arruinado. O caos se instala na sala, e sinto que preciso liberar a dor de alguma forma.

Quebro mais algumas coisas: um porta-retrato, uma caneca, e a sensação de perda e impotência me atinge como um tsunami. A casa, antes um refúgio, agora parece um campo de batalha, refletindo a batalha que acontece dentro de mim.

Adotada por VampirosOnde histórias criam vida. Descubra agora