Eu ouço tudo. Isso é tudo o que posso afirmar neste momento: eu ouço tudo. Uma sensação esmagadora de impotência me envolve. Quero responder, quero me engajar, mas a única coisa que posso fazer é escutar. Não sei quanto tempo passei assim. Tudo o que consigo lembrar é do momento em que fui atacada, lutando desesperadamente para salvar Henrique.
Estou morta? É assim que se sente a morte? Não pode ser. Sinto a presença das pessoas ao meu redor, ouvindo suas vozes, carregadas de preocupação e dor. Não estou morta; estou simplesmente apagada.
— Vai ficar tudo bem, meu amor. Isso vai passar, e tudo voltará ao normal — ouço a voz de Henrique, tremendo de tristeza. A dor em sua voz corta meu coração. — Você vai voltar a fazer magia. Vamos planejar nosso casamento; será tudo tão lindo. Você vai parecer uma princesa — ele diz, as palavras entrecortadas por um choro silencioso.
— Como a Elisa está? — a voz de Clementina interrompe, repleta de uma preocupação quase palpável.
— Na mesma — responde Henrique, sua voz é uma sombra do que costumava ser.
— Ela vai melhorar, eu sei que vai — Clementina diz, sempre otimista, como uma luz tentando romper a escuridão.
— Já faz uma semana que ela está assim — Henrique responde, a frustração e a tristeza se entrelaçando em suas palavras.
— Eu encontrei algo — ouço Angelique, sua voz agora carregada de determinação. Parece que ela trabalhou incansavelmente com um curandeiro na esperança de me trazer de volta.
— O que você encontrou? — Henrique pergunta, sua curiosidade despertada.
— Ao que parece, esse feitiço pode acordá-la. Não é garantido, mas é melhor do que nada — Angelique diz, sua voz é firme, mas uma sombra de incerteza ainda paira sobre ela.
— Quando vocês podem realizá-lo? — Henrique pergunta, a seriedade em sua voz transparecendo a importância do momento.
— Farzan já foi buscar os ingredientes necessários — Angelique responde, uma pequena centelha de esperança surgindo no ar.
— Então, assim que ele voltar, faça — Henrique diz, e sinto sua presença se aproximar, como se estivesse tentando se conectar comigo.
— Você não me dá ordens, Henrique. Estou fazendo isso por Elisa, não pela sua família — responde Angelique, e ouço a porta batendo com força, ecoando a tensão entre eles.
— Ela vai acordar — Clementina diz, sua voz agora um sussurro.
— Ela tem que acordar — Henrique responde, a urgência em suas palavras é palpável.
(...)
Sinto algo, como se estivessem tentando me puxar. A claridade é intensa, quase dolorosa, e meus olhos se fecham em reflexo, o corpo latejando com uma dor que não consigo compreender. Mas, contra todas as minhas instâncias, eu deixo que me puxem. Quero que eles me tragam de volta.
Então, um impacto. A luz invade meus olhos, e eu piscando repetidamente, tentando me ajustar à nova realidade.
— Elisa — ouço Henrique chamar, e quando volto meu olhar para ele, um sorriso brilha em seu rosto. Sorrio de volta, um gesto tímido e hesitante.
Tento falar, mas minha garganta arranha, fazendo com que o sorriso desapareça instantaneamente.
— Elisa, está tudo bem? — Um homem alto se inclina sobre mim. Presumo que seja Farzan. Tento responder, mas a minha garganta ainda não coopera.
— Beba um pouco de água — Angelique diz, colocando um copo com canudo nos meus lábios. A água é um alívio, mas ainda assim, não consigo articular uma palavra.
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Adotada por Vampiros
VampireElisa passou a vida inteira esperando por uma família, mas agora que a oportunidade chegou, ela se pergunta: e se eu não for quem eles esperam? E se eles não forem quem eu imagino? Plágio é crime História iniciada em: 11/06/2016 História finalizada...