Cap. 21 | Elisa - Revisado

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Sinto minha garganta arder de maneira intensa, como se estivesse consumida pelo fogo de mil sóis. Cada inspiração é uma agonia, como se engolisse brasas incandescentes. A pressão nos meus olhos é insuportável, fazendo com que pareçam duas pedras de chumbo prestes a cair. Meu corpo parece um campo de batalha, com dores intensas em cada centímetro, como se uma força invisível estivesse esmagando-me implacavelmente.

Luto para abrir meus olhos, mas a batalha é árdua e dolorosa. Cada pestanejar é uma batalha perdida, uma onda de dor lancinante. No entanto, uma sensação de urgência me impulsiona, pois posso ouvir passos se aproximando. Quero desesperadamente emitir algum som, uma palavra, um grito, mas minha voz está aprisionada, como se a própria língua estivesse em chamas.

Finalmente, com um esforço sobre-humano, meus olhos se abrem em uma fresta e sou imediatamente inundado pela intensa claridade que me cerca. A luz é deslumbrante, quase cegante, e meu primeiro instinto é fechá-los novamente para aliviar o desconforto que ela provoca. Cada raio de luz é como uma flecha, perfurando meu cérebro, mas resisto à tentação de fechar os olhos novamente, porque sei que agora, mais do que nunca, preciso enfrentar o mundo que se revela diante de mim.

— Boa noite, Elisa — Ouço a suave voz de Henrique ecoando na penumbra do quarto, enquanto sinto sua mão segurando a minha com ternura. A atmosfera está impregnada de alívio e um toque de alegria. — Hoje, a Clementina deu um tombo tão colossal que o Felipe simplesmente não conseguia parar de rir. A posição em que ela ficou era verdadeiramente hilária — Henrique compartilha a história com um sorriso que logo desaparece quando percebe que estou observando-o atentamente. Ele se ergue do assento com uma expressão de surpresa. — Elisa, oh — Sua voz se enche de emoção enquanto ele coloca suas mãos suavemente em torno do meu rosto — Meu Deus, você acordou — Henrique exclama e, com carinho, deposita um longo e afetuoso selinho em meus lábios.

— A... Ag... A... — Faço uma tentativa de falar, mas minha garganta está áspera e dolorida, fazendo com que a palavra não consiga se formar completamente.

— Água, você precisa de água — Henrique responde rapidamente, afastando-se de mim para buscar ajuda. Em poucos segundos, ele retorna com um copo de água em mãos — Beba bastante — Ele instrui, ajudando-me a segurar o copo. Nunca antes me senti tão aliviada ao sentir a água fresca descer pela minha garganta ressecada.

— O que... O que aconteceu? — Pergunto, ainda sentindo um desconforto na garganta, embora tenha melhorado consideravelmente desde que acordei.

— Lembra-se do ataque do Felipe? — Henrique questiona, trazendo de volta à minha mente flashes perturbadores daquele momento.

— Sim, eu me lembro — Confirmo, após mais um gole de água. Minha garganta ainda protesta, mas estou ansiosa por respostas.

— Você passou todo esse tempo se recuperando — Henrique fala suavemente, acariciando meus cabelos e oferecendo um pequeno sorriso, que é como um bálsamo para minha alma.

— Quanto tempo eu fiquei desacordada? — Indago, tentando mover-me para sentar na cama, embora meu corpo reclame com cada movimento.

— Vamos com calma — Henrique pede, ajudando-me a acomodar na cama com cuidado — Foram duas semanas e meia, Elisa. Você ficou em um estado de recuperação intensa por todo esse tempo. Houve até um dia em que começou a convulsionar, e eu entrei em pânico. Parecia que estava prestes a perdê-la — Os olhos de Henrique revelam o medo que sentiu naquele momento, e isso me faz sentir um profundo pesar.

— Me desculpe — Consigo articular, vendo Henrique abrir a boca em uma expressão de confusão. Minha voz ainda está fraca, mas determinação preenche meus olhos — Por ter ido falar com Felipe sem você — Completo minha frase, e um sorriso caloroso se forma no rosto de Henrique, seguido por um beijo casto em meus lábios.

Adotada por VampirosOnde histórias criam vida. Descubra agora