Aquela maldita! Aproveitou o momento mais sombrio do nosso luto pela morte de Savannah e, nas sombras da nossa dor, desencadeou uma guerra. Mas não qualquer guerra, uma bem pior do que as do pai dela. Ela elevou o caos a um nível inimaginável, jogando todos nós em um conflito devastador. E o mais revoltante de tudo? Ela sequer está lutando. É uma inútil, se escondendo enquanto o mundo desaba ao seu redor.
Mas o que realmente me faz perder o controle, é Taylor. Ele é apenas humano, frágil e vulnerável, no meio de uma guerra sobrenatural que ele nunca pediu para participar. Cada vez que penso nisso, sinto um aperto no peito. Eu não posso deixar que ele morra. Ele não pode morrer. Ele é uma boa pessoa. Eu simplesmente não posso suportar a ideia de perder mais alguém. Taylor não pode ser mais um nome na lista dos que perdemos.
Eu estava correndo tentando desesperadamente encontrar Taylor para levá-lo a um lugar seguro. O medo de perdê-lo crescia a cada segundo. A guerra ao nosso redor rugia, e ele era apenas um humano, indefeso diante do caos sobrenatural. Meu coração batia tão forte que parecia ecoar em meus ouvidos, quando, de repente, ouvi uma voz familiar. Charlotte. Parei, instintivamente, e me aproximei de uma porta entreaberta. Consegui empurrá-la levemente e, ao espiar por dentro, o horror me atingiu como um soco.
Henrique, meu irmão, estava de joelhos, com uma estaca cravada no estômago. Seus braços envolviam Elisa, minha cunhada, que estava pálida e desfalecendo em seus braços. Ela parecia à beira da morte. Charlotte estava ao lado, falando algo que eu não conseguia nem me importar em ouvir. O sangue subiu à minha cabeça, minha visão ficou turva de raiva. Tudo o que eu sabia é que o homem que estava atrás de Henrique era a fonte de sua dor. Sem pensar, avancei sobre ele, e em um movimento rápido, destruí sua cabeça com toda a força que tinha.
— Sua sanguessuga maldita — a voz de Charlotte ecoou, cheia de ódio.
Mas eu não estava interessada em suas palavras. Meu foco estava em Elisa. Ela parecia tão frágil, seus olhos mal se mantinham abertos.
— Clementina... — Elisa sussurrou com dificuldade, sua voz era um fio de esperança misturado com desespero.
Olhei para ela, meu coração apertado. Sua pele estava pálida, seus lábios entreabertos, lutando por ar. Corri até Henrique e, sem pensar duas vezes, puxei a estaca de seu corpo. Ele gritou de dor, mas misturado ao grito, havia um suspiro de alívio. Como ele pode ter deixado essa maldita estaca ali por tanto tempo? O amor por Elisa o cegou a tal ponto que ele nem sequer tentou se salvar.
— Essa luta não é sua, sanguessuga — Charlotte repetiu, sua voz carregada de desprezo.
Eu me preparei para atacá-la. O ódio borbulhava em mim, e minhas mãos tremiam de raiva. Mas antes de agir, olhei para Henrique e Elisa mais uma vez. A cena à minha frente era devastadora. Henrique estava mordendo seu próprio braço, e colocava o ferimento sobre o corte de Elisa, tentando desesperadamente ativar o poder de cura dela. Elisa, por sua vez, parecia à beira da inconsciência, com a cabeça caída para trás, os olhos quase fechados, e a boca levemente aberta, como se lutasse para permanecer consciente.
O ar estava carregado, quase sufocante, com o cheiro de magia e sangue. Meus músculos estavam tensos, e o peso da fúria de Charlotte pairava no ambiente como uma sombra. Eu já havia enfrentado criaturas poderosas antes, mas nunca senti algo assim. Nunca enfrentei uma força tão crua e implacável. Charlotte estava diferente, seu poder era palpável, denso, quase como se eu pudesse senti-lo se enroscando ao meu redor, ameaçando me sufocar.
Me movi rápido, uma borrão de sombras e velocidade, tentando pegá-la desprevenida. As garras das minhas mãos estavam estendidas, prontas para rasgar sua carne, mas ela simplesmente levantou a mão e, com um gesto sutil, me lançou para trás com uma onda invisível de pura força. Meu corpo voou pelo ar, colidindo com uma pilastra de pedra que se quebrou com o impacto. A dor se espalhou pelo meu corpo, mas eu ignorei, me levantando de imediato. Não podia parar. Não com Henrique e Elisa dependendo de mim.
— Você não pode me vencer, Clementina — a voz de Charlotte era suave, quase zombeteira, e me irritava ainda mais. — Este é o seu fim. Deveria ter ficado fora disso.
Eu limpei o sangue do canto da boca, sentindo a adrenalina correr pelas minhas veias. Minhas presas estavam expostas, e meu instinto me dizia para atacar sem hesitar. Eu a vi começando a conjurar outro feitiço, as mãos dela brilhando com uma luz verde-escura, maligna. Sabia que tinha que ser rápida. Avancei novamente, dessa vez me esgueirando pelas sombras, tentando chegar por trás.
Consegui me aproximar dela, quase sentindo o calor da sua pele quando, de repente, ela virou e lançou uma rajada de energia diretamente no meu peito. Fui lançada para trás mais uma vez, caindo de joelhos no chão enquanto a dor atravessava meu corpo. Meus pulmões queimavam, como se o próprio ar tivesse sido arrancado de mim. Eu tentei me levantar, mas meu corpo não respondia tão rápido quanto eu queria. O mundo girava por um momento, e então ouvi sua risada.
— Tão previsível — ela murmurou, caminhando lentamente em minha direção, como se já tivesse vencido.
Eu me forcei a levantar. Não podia desistir. Com um grito de pura fúria, avancei mais uma vez, usando tudo o que me restava. Desta vez, consegui agarrar seu pescoço, cravando minhas garras em sua pele. Senti o sangue quente escorrer, e por um segundo pensei que tinha conseguido.
Mas Charlotte sorriu.
Antes que eu pudesse reagir, um clarão verde explodiu de suas mãos, queimando minha pele. Gritei de dor e recuei instintivamente, minhas mãos em chamas com o toque da sua magia. Ela me empurrou para trás com facilidade, sua força me fazendo tropeçar e cair no chão.
— Você realmente achou que poderia me vencer? — Charlotte falou, a voz dela agora um rugido de poder. — Eu sou muito mais do que uma simples bruxa.
Eu tentei me levantar mais uma vez, mas ela não me deu chance. Suas mãos brilharam novamente, e antes que eu pudesse me mover, um raio de energia disparou contra mim, atravessando meu corpo como se fosse feito de fogo e gelo ao mesmo tempo. A dor era indescritível, cada célula do meu corpo queimava, e eu caí de joelhos, sem forças. Meu corpo tremeu, incapaz de resistir ao poder dela.
Charlotte se aproximou, triunfante, seus olhos brilhando com uma satisfação cruel. Ela estava prestes a acabar comigo, eu podia sentir isso. Tudo em mim gritava para lutar, para me levantar, mas não conseguia. Meus músculos estavam paralisados, minha visão embaçada. Tentei me concentrar em Henrique e Elisa, nas pessoas que eu amava, mas a dor era tão intensa que mal podia pensar.
Ela se agachou na minha frente, segurando meu queixo com uma mão fria e impiedosa.
— Eu te avisei, Clementina. Você nunca deveria ter se metido nos meus planos. Agora, você vai pagar o preço.
Com um movimento rápido, ela lançou mais uma onda de energia, desta vez diretamente no meu peito. Senti o impacto profundo, como se meu próprio coração estivesse sendo esmagado dentro de mim. Minha visão escureceu por completo, e todo o som ao meu redor foi engolido pelo vazio.
— Abra os olhos Clementina, ainda não é o seu fim — uma voz masculina soa em minha cabeça.
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Adotada por Vampiros
VampiroElisa passou a vida inteira esperando por uma família, mas agora que a oportunidade chegou, ela se pergunta: e se eu não for quem eles esperam? E se eles não forem quem eu imagino? Plágio é crime História iniciada em: 11/06/2016 História finalizada...