Capítulo 2

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Significado de Insensatez

s.f. Particularidade do que é insensato; desprovido de juízo: a insensatez do namorado é um tormento para ela.
Ação que resulta da ausência de prudência; imprudência: uma insensatez que lhe custou muito.

Eu gostava muito de ir para a faculdade, ficar na biblioteca pesquisando nos livros o comportamento humano era algo que me fazia perder a noção do tempo. Nosso último trabalho do semestre era pesquisar entre todos os comportamentos que o ser humano possuía, escolher um e falar sobre em uma apresentação, no início do próximo semestre toda a sala apresentaria, era individual e como eu sempre trabalhei durante a noite olhando Dona Beth, ficava o dia todo a procura de algum comportamento que me chamasse a atenção, no último dia para a entrega do resumo do trabalho achei um comportamento que me chamou a atenção era a famosa insensatez, ação que não possui qualquer tipo de juízo, se manifestando em ações imprudentes, durante a pesquisa pude notar que essa tal insensatez estava presente em todos os seres humanos, mas principalmente em adolescentes. Não podia ficar mais satisfeita com a escolha do tema, eu mesma sempre fui e ainda sou muito insensata, nota-se pela "merda" de vida que levo hoje.
Saí da biblioteca bem no horário em que o ônibus passava, peguei o ônibus e me pus a observar as pessoas, para acharmos a insensatez precisamos ter uma conversa mais a fundo com cada pessoa, a insensatez pode estar em um aluno matando aula ou até mesmo em um senhor que dirige bêbado, são vários os níveis e situações na qual ela aparece. Comecei a pensar em minha vida e em cada situação onde a insensatez falou mais alto que o juízo, meu último relacionamento por exemplo, grande insensatez de minha parte, desde o início eu sabia que Heitor não prestava, eu o conhecia por termos amigos em comum, ele jogou seu encanto e eu cai certinho, fui a grande idiota dessa história toda, me lembro como se fosse hoje quando ele assumiu estar com outra, ele terminou comigo me deixando destruída e foi em rumo ao seu novo amor. Eu o culpo sim, mas com o tempo comecei a me culpar também, quando comecei a namorar com Heitor eu já sabia sobre sua fama de pegador e que ele não prestava, mesmo assim fui a fundo em uma relação insensata. Pelo que me parece eu não podia ter escolhido um tema que mais combinasse comigo, este era perfeito para a condição em que me encontrava.
Mais cedo conversando com Felicia ela me disse que seu tema era o amor e como ele se manifestava através se cada pessoa, o amor pode ser entendido tanto como um sentimento quanto uma ação, depende do ponto de vista, segundo Felicia, cada pessoa reage de um modo diferente quando o amor a aborda.
Meu ponto de descida tinha chegado, me expremi entre as pessoas carrancudas dentro do ônibus e desci indo em direção a casa de Dona Beth, uma senhora adorável, tem seus oitenta e sete anos, vive com seu gato Murffie, nunca casou, seus parentes quase todos estão mortos, eu me via em Dona Beth, sem ninguém, sem expectativa e com um gato.
Felicia vivia me dizendo que para uma futura psicóloga eu carregava dentro de mim muito pessimismo, de certa forma era verdade, eu nunca fui aquele tipo de mulher otimista e toda cheia de vida, sempre fui na minha, no meu mundinho, tomando minhas dores e comendo meus chocolates, enfim. Ao abrir a porta vi Dona Beth dormindo com Murffie em seu colo, não a pertubei, deixei que descansasse enquanto eu terminava de pesquisar ou até mesmo pensar nessa tal insensatez.

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