Capítulo 15

2.1K 195 19
                                    

Depois de limpar a casa, lavar o banheiro e deixar o almoço pronto, fui atrás de Charlie e Felicia, eles estavam demorando e claro não era muito confiável deixar duas crianças soltas por aí, por mais que Felicia tenha a minha idade as vezes ela costuma se comportar pior que Charlie. Estava saindo em direção ao elevador quando uma moça loira, com um corpo de dar inveja e olhos castanhos passou por mim, ela segurava a bolsa contra o peito e parecia estar preocupada, parei no elevador esperando que ele abrisse as portas, talvez por curiosidade, olhei para trás e me deparei com a moça loira de frente com a porta do nosso apartamento. Não sabia o que era, mas mesmo assim sei meia volta e fui em direção a moça, ao chegar perto dela pude ver seu rosto molhado e seus olhos vermelhos.
- Oi, tudo bem?
- Oi. Tudo.
- O que quer com aqui?
- Eu, eu soube que o Vicente voltou e preciso falar com ele.
- Eu moro aqui, o Vicente não está aqui, foi trabalhar.
A moça olhou para mim com um olhar vazio, as lágrimas que antes eram controladas agora formavam uma Cachoeira em seu rosto pálido. A convidei para entrar, fiz um chá de camomila e sem ao menos notar entrei na maior furada da minha vida.
- O que aconteceu?
- Eu, eu sei que Vicente deve estar com você agora, mas eu estou grávida, não posso criar essa criança sozinha, eu, eu, preciso que ele me ajude e espero que você me entenda.
- Opa, opa, opa, espera, primeiro eu não estou com o Vicente, segundo como assim grávida? Quem é você?
-Me nome é Karoline, talvez Vicente já tenha me citado como Karol.
Então aquela era Karol, mas aquilo que ela falava não se encaixava, alguma coisa estava estranha. Fiquei tentando acalmar Karol, infelizmente quando Vicente chegou ela ainda estava lá.
- Nossa que cheiro bom é esse..
Vicente parou na porta da cozinha onde nós duas estávamos.
- O que quer aqui?
- Essa moça disse que..
- Eu perguntei a ela Liza, sei que ela sabe falar.
- Meu amor. Karol foi em direção a Vicente com as mãos estendidas para acariciar seu rosto, mas Vicente a segurou repetindo a pergunta.
- Eu estou aqui para avisar que você vai ser pai.
- O que?
- Pai meu querido, estou grávida. Sei que está solteiro, quero que nosso casamento saía o quanto antes. Você é meu.
- O que? Casamento? Ficou louca? Eu não vou me casar, esse filho não é meu.
- Vicente!! O repreendi, como se ele fosse me dar ouvidos.
- Além do mais já estou de casamento marcado, não com você claro, eu e Liza vamos nos casar.
Eu não podia acreditar que aquele cafajeste estava negando o próprio filho e ainda por cima me envolvendo nessa sujeiras toda.
- Nós não vamos..
- Vicente, pare de mentir sua amiga já me disse que vocês não tem nada.
- Ela te disse isso? Que estranho, não foi isso que ela disse ontem a noite quando estávamos transando.
- Vicente! Andei em sua direção, já pronta para dar um tapa que arrancaria vários dentes, mas quando levantei minha mão ele a pegou me puxando para perto e me beijando. Ele me levou até a parede e me prensou nela, suas mãos que antes estavam em meu rosto agora passeavam pelo meu corpo, aquela boca, senti falta, algo estranho se mexia dentro do meu estômago, passei meus braços em volta de seu pescoço enquanto recebia beijos no pescoço e mordidas na orelha. Não sei como, mas consegui arrumar forças e empurre Vicente para longe de mim, ele estava ofegante e me olhava com um desejo, por um momento fiquei com medo, mas logo depois a raiva tom ou conta de mim.
- O que fez? Está louco? Ela está grávida de um filho que essa merda que você tem entre as pernas criou, você é um cafajeste, como teve coragem de me beijar na frente dela? Ela, ela... precisa de você seu monstro!
- Não menti quando disse que esse filho não é meu.
- Como tem certeza? E onde você estava com a cabeça quando disse que nosso casamento já está marcado? Eu não me casaria com você seu cafajeste, nem que eu recebesse dinheiro pra isso!
Vicente veio em minha direção, pegou pelo braço me prensando novamente contra a parede, nossos rostos ficaram a centímetros de distância.
- Foi só uma mentira pijaminha e eu aposto que você se casaria comigo sim, por livre e espontânea vontade. Eu não sou um monstro, não que eu tenha que me explicar para você, mas eu não sou.
- É sim, você não vai assumir essa criança!
- Eu não posso assumir nada que eu não tenha feito.
Vicente gritava, fiquei assustada por não me lembrar de um Vicente assim.
- Você mudou.. . Disse com medo o olhando.
- Você me fez mudar!
Vicente saiu da cozinha me deixando completamente sozinha, Karol provavelmente saiu quando ainda nos beijavamos, me sentei na cadeira disponível, as palavras de Vicente ainda estavam frescas em minha mente quando Felicia chegou cheia de sacolas com Charlie logo atrás.
- Chegamooos.
Fiquei em silêncio, tudo aconteceu rápido e eu ainda estava tentando digerir.
Vicente apareceu com uma camisa de um game qualquer já puxando Charlie com ele.
- Onde vocês vão?
- na conferência.
Felicia caminhou até mim e se sentou na minha frente.
- Fácil assim?
- O que?
- Vicente leva Charlie fácil assim e você não fala nem faz nada? Você está bem?
- Claro, eu só estou cansada..
- Liza, vai mesmo mentir para uma mentirosa? Esqueceu que na mentira ninguém ganha de mim?
- Felicia, eu só não quero conversar agora.
- Você nunca quer não é mesmo?!
Suspirei já sabendo que ela me faria contar tudo mais cedo ou mais tarde, então, sem alternativa comecei a contar sobre o pequeno episódio que havia vivido a pouco.
- Não brinca! Sério que ele te falou isso?
- Falou, ele disse :" você me fez mudar". - De certa forma foi isso mesmo.
- Como? Me diz, eu não diz absolutamente nada, simplesmente fui embora.
- Exatamente! Você foi embora. Depois que você foi embora Vicente conseguiu uma bolsa em Portugal, ele foi embora e quando voltou pela primeira vez no início desse ano ele estava completamente mudado, estúpido, Grosso, mulherengo, um verdadeiro cafajeste, ele nos disse que devia te agradecer, você conseguiu transformar um menino de dezoito anos sem sal em um cara que realmente valia a pena.
Depois daquelas revelações de Felicia só um pensamento tomava conta da minha mente: Meu Deus, o que foi que eu fiz?!

InsensatezOnde histórias criam vida. Descubra agora