Capítulo 10

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Duas semanas depois

- Amiga, me diz vocês estão ficando sério?
- Eu não sei Felicia.
Eu e Felicia estávamos tomando café na panificadora perto do nosso apartamento, era sábado, dia de festas, baladas, sexo sem compromisso, mas Felicia desde que conheceu Vinícius se transformou, eles estavam se encontrando ainda, aquilo era nojento. Felicia não ficava um final de semana sem balada, hoje já seria o segundo que ela não iria, ela mudou, aparentemente dizendo, claro.
- Como não sabe Eliza? Ou vocês estão ficando sério, ou não, é simples assim.
- Eu não sei, é mais complicado que isso, eu o conheço a duas semanas, eu gosto dele,só que sei lá, eu não sei quase nada sobre ele.
- Ai que bobagem, qual nome dele? Ele tem irmão? Onde ele mora? Qual a idade dele?
- Isso são perguntas óbvias, qualquer um sabe. O nome dele é Vicente, ele tem um irmão chamado Vinícius, que por acaso vive se pegando com você, ele mora a quinze minutos da faculdade, a idade dele é... é.. Felicia! Eu não sei a idade dele!
- Bobagem! E por que precisa saber disso? Ele deve ter a nossa idade.
- É importante saber, você não acha?
- Não acho não.
- Por que não?
- Porque são números, números inúteis.
- Tá bom então Dona despreocupada com a vida, me diz qual a idade do Vinícius?
- vinte e cinco.
- Achei que não soubesse, não é inútil?
- Ai Eliza, foi ele que me disse, eu não perguntei nada. Mas se isso é tão importante pra você, hoje a noite você pergunta.
- Hoje a noite?
- É garota, esqueceu que nós vamos no apartamento dos meninos hoje?!
- Merda, Felicia, esqueci!
Assim que saímos da panificadora me despedi de Felicia e segui para o apartamento, tudo lá estava uma grande bagunça, eu nunca fui organizada, Felicia muito menos. Decidi de última hora que hoje era dia de faxina, coloquei tudo pra cima, varri, passei pano, lavei as roupas que estavam jogadas no chão, enfim, assim que terminei me joguei no sofá exausta.
- Garota, eu não acredito que você não tá pronta.
- Que? Me deixa, eu limpei a casa hoje.
- Vai, levanta, já estamos atrasadas para nos encontrarmos com os meninos.
- Ai tá bom garota.
Depois de longos trinta minutos no chuveiro e com Felicia berrando na porta, eu me vesti e saímos rumo a casa dos meninos.

-Meu amoor, que saudade da minha Fefel.
- Ai isso me da ânsia.
- A qual é Liza, entra aí, o Vicente foi na autoescola e já volta.
- Autoescola?
- É, o manezão esqueceu o celular lá.
- O que ele foi fazer lá amorzinho?
- Ué, ele faz aula lá.
- Nossa, eu não sabia, achei que ele já tinha a carta Vinícius.
- Como? Ele era menor de idade até mês passado.
Aquilo ecoou na minha mente durante os próximos minutos, ele era menor de idade até mês passado? Isso só podia ser uma brincadeira de mal gosto, isso era ridículo, se ele fosse mesmo menor de idade até mês passado isso significava que ele tinha acabado de fazer dezoito anos, ele era mais novo, bem mais novo, cinco anos de diferença, meu Deus, eu era uma pedofila, eu precisava de ar, sentia meu pulmão se fechando.
- Oi Liza, saudade de você.
- Vicente, quantos anos você tem?
- Eu? Eu tenho dezoito, por quê?
- Dezoito?
- Liza? Você tá bem? Tá meio pálida.
Eu me sentei no sofá procurando qualquer coisa que me mostrasse que tudo aquilo não passava de um terrível engano.
- Eu sou uma pedofila. Uma grande pedofila.
Todos caíram na risada, inclusive Vicente, aquilo era engraçado? Era pra rir?
- Por que vocês estão rindo?
- Liza, você não é pedofila, eu já sou maior de idade, relaxa meu amor!
- Não toca em mim, você acabou de perder o cheiro de mijo e quer que eu relaxe?
As gargalhadas cessaram, todos me olhavam assustados, eu estava em pé, segurando a gola da blusa de Vicente, eu estava completamente atordoada, o ar me faltava, todos pareciam não se importar, mas aquilo importava pra mim, eu não ia ser mais uma vez um brinquedinho na mão de um moleque. Me livrei das mãos de Vicente que me segurava preocupado e saí sem olhar para trás, eu precisava de ar, precisava pensar, podia estar sendo extremamente idiota, insensata, mas fazer o que, eu sempre fui insensata, dessa vez não seria de modo algum diferente.

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