Capítulo 27

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Na manhã seguinte ao nascimento do bebê de Felicia fomos todos visita-los , apesar de ter nascido de sete meses Thiago Henrique estava bem, sim, depois de uma longa discussão Vinícius e Felicia entraram em um acordo, nenhum dos dois abriria mão do nome que escolheram, porém por que não unir o útil ao agradável ? Despois de algumas horas de discussão eles finalmente o chamaram de Thiago Henrique.

Eu , Vicente e Charlie ficamos tempo suficiente para aproveitar o novo membro da família, logo depois Vicente disse que tinha surpresa para Charlie e realmente seria uma surpresa, o apartamento que Vicente comprou assim que chego de Portugal era nossa casa, então, agora que Thiago nasceu nada mais justo que dar a privacidade que Felicia  e Vinícius mereciam. Alguns dias antes de Thiago nascer eu e Vicente estávamos conversando e decidimos que era hora de juntarmos nossas coisas e nos mudar, o combinado foi que partiríamos assim que Thiago nascesse e como ele se adiantou havia chego a hora, bom, eu sabia, Vicente sabia. mas Charlie ainda não, então, lá fomos nós encarar mais uma vez o pequeno menino de dez anos e suas reações incrivelmente maduras até mesmo para um adulto.

Ao estacionar o carro Vicente parecia estar nervoso, não um nervoso qualquer, um nervoso de tremer as mãos, aquilo era engraçado, logo ele que sempre dizia que eu me preocupava demais, que Charlie entenderia qualquer que fosse a situação, logo ele, hoje, estava o nervoso em pessoa. Assim que descemos do carro peguei em sua mão e ela estava gelada, eu não estava mais entendendo o porquê de tanto nervosismo,  minutos atrás eu diria que era por medo da reprovação de Charlie, mas agora, Vicente nunca foi de se preocupar e muito menos ficar nervoso com qualquer que fosse o problema a ser enfrentado, subimos as escadas do prédio ao meu ritmo , já que eu não podia me esforçar muito subimos em passos de formiga, eu realmente sentia muita fadiga quando era exposta a algum tipo de exercício , aparentemente a cada passo que dávamos  Vicente mais nervoso ficava, pedi a Charlie  que voltasse a recepção para me pegar um copo de água e assim que ele virou as costas me virei para Vicente.

- O que está acontecendo com você? Eu olhava Vicente tentando desvendar algo que eu não fazia ideia do que era, ele estava suando frio e aquilo já estava me incomodando , seja lá o que fosse eu poderia ajudar se ele se abrisse e me contasse o que estava acontecendo de fato, mas Vicente me olhava sem dizer nenhuma palavra e aquilo me deixou ainda mais nervosa do que eu realmente podia ficar. - Fala Vicente!!

- Não é nada amor, não é nada não, eu juro.

- Vicente, você mente muito mal, você está tremendo, está suando e está mais branco que o normal, então me diga logo o que está acontecendo.

- Não posso!

- Como assim não pode Vicente?

- Não podendo Liza, não posso, ainda não, agora vamos. Vicente apontou para Charlie que estava atrás de mim com um copo de água nas mãos.

- Obrigada meu amor. Peguei o copo das mãos de Charlie e bebi toda a água, bebi imaginando ser o sangue de Vicente, desde quando ele me escondia as coisas? Tinha algo de errado ali e eu ia descobrir, quer ele quisesse ou não.

Depois de chegarmos ao andar de nossa futura casa precisei parar para retomar o fôlego, Charlie e Vicente me esperavam encostados na parede, ambos estavam quietos o que era extremamente preocupante já que quando os dois se juntavam nunca faltava assunto , era games dali, convenções daqui, prêmios de gamers de lá, enfim, sempre houve assunto entre esses dois, mas agora, algo  realmente estava errado.

Senti o celular vibrando dentro da bolsa e assim que a abri pude ver que era o de Vicente, o visor indicou que o número nã era conhecido, porém mesmo assim eu atendi, atendi e fiquei pasma ao ouvir as palavras que se seguiram, uma voz feminina e extremamente sexy estava o chamando do outro lado da linha.

- Alô? Vicente? Eu ainda não saí do seu apartamento, pode enrolar sua esposa mais um pouco? Estou terminando de arrumar as coisas.

Arrumar o que? Quem estava em nossa futura casa? Quem era ela? A raiva cresceu dentro de mim e sem pensar me levantei e fui até Vicente.

- Quem você trouxe para esse apartamento? Vi Vicente começar a tremer novamente e então tirei minhas próprias conclusões. - Você está me traindo? Não acredito, eu não consigo acreditar Vicente, seu cafajeste .

- Calma, calma meu amor eu posso te explicar, não é nada disso que você está pensando.

- E como sabe o que eu estou pensando?

- Eu não sei..quer dizer.. meu amor

- Sai de perto de mim. Agora!

- Amor...

- Charlie vamos embora.

- Não mãe, eu vou ficar.

Olhei para Charlie incrédula , como assim : " Não mãe, eu vou ficar", aquilo era um absurdo, eu fui traída duas vezes, aquilo só podia ser brincadeira e uma brincadeira de muito mau gosto .

- Mãe, deixa o Vicente te explicar.

- Não tem nada que ele possa explicar que vai me fazer acreditar nele.

- Por favor mãe.

Revirei os olhos e cruzei os braços esperando ouvir as asneiras que Vicente diria para sair da furada em que ele próprio se meteu.

- Amor, é, que, eu não queria, te contar..

- A você não queria me contar? Por que? Achou que eu fosse burra o suficiente de nunca desconfiar ou então acho que eu nunca fosse atender a merda desse celular que apesar de ser seu vive comigo?

O celular começou a tocar e o visor indicou mais uma vez que o número  era desconhecido , sem nem pensar atendi e ouvi a mesma voz feminina.

- Tudo pronto, pode traze-la , ela não vai desconfiar de absolutamente nada.

- Eu não vou desconfiar de que hein?

O ouro lado da linha havia ficado mudo, eu estava no limite do meu estresse, lágrimas já escorriam pelo meu rosto e eu não sabia ao certo o que fazer, queria muito acreditar que aquilo era alguma armação, mas por mais que meu subconsciente quisesse acreditar eu não conseguia, eu não acredito que realmente acreditei em Vicente e em que ele havia mudado, eu não sabia o que fazer, já não estava mais ouvindo Vicente tentando se explicar e nem Charlie pedindo para que eu prestasse atenção, eu só podia sentir o enorme buraco que se formava bem no eu peito onde antes ficava meu coração.

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