Ela não é nossa filha

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Eu estava segurando a mãozinha dela e vagando em meus próprios pensamentos, quando uma mulher que estava sentada a minha frente falou:
-Ela é sua filha?
-Não, eu...
-Acho tão bonito pais solteiros. Sua mulher morreu?
-Eu não tenho mulher e não sou um pai solteiro.
Expliquei brevemente a situação para aquela tão simpática mulher, mas aos poucos eu fui percebendo que quanto mais eu falava, mais a sua expressão mudava e de admiração começou a sentir nojo. Ah que ótimo, aqui vamos nós.
-Meu Deus, como pode fazer isso com essa pobre criança?
-Não estou fazendo nada de errado.
-Como não, você já é errado. E já escolher a opção sexual dessa criança é muito errado.
-Mas eu não disse que estava escolhendo a opção sexual dela.
-Se essa neném tiver dois pais, é óbvio que ele iria achar que pode beijar garotas.
-E não pode?
-Meu Deus, gente como você tinha que ser exterminada do mundo.
-Olha, gente como eu, vai ensinar a essa criança os mesmos valores que você vai ensinar para o seu filho, certo e errado, bem e mal, valores morais e tudo o que a sociedade impõe, agora se ela vai virar lesbica ou não, é uma escolha dela, e eu vou apoia-lá em qualquer decisão.
-Isso não é normal, vocês são doentes.
-Doente é a senhora que tem a mente tão quadrada que acha que a felicidade só pode ser encontrada no modelo de família perfeita e nos valores da sociedade, mas eu vou te dizer uma última coisa: o amor pode existir em qualquer lugar, independente do sexo, desde que se respeite seu companheiro e queira compartilhar uma vida com ele, não preciso de alguém como você para me dizer o que é certo e errado porque isso eu aprendi quando era criança e eu tenho plena convicção de que estou certo perante minhas escolhas.
A mulher me ouvia de olhos arregalados mas não falou mais nada, apenas se virou para seu filho e começou a conversar com ele, durante muito tempo eu me calei quando as pessoas praticavam homofobia comigo, mas um dia eu cheguei a conclusão de que eu não estava prejudicando ninguém e simplesmente vivendo minhas escolhas.
***
Acordei com alguém me chamando de longe, Graças a Deus a bebê não deve mais febre durante a noite, e já respirava melhor, eu reconhecia aquela voz em qualquer lugar.
Derek estava parado diante de mim com a roupa do hospital mas eu conseguia ver a roupa que estava usando, uma calça jeans justa que realçava suas pernas torneadas e a sua vinda, uma camiseta preta e seus cabelos ainda estavam molhados, aqueles olhos verdes me observando me causava arrepios .
-O que faz aqui?-perguntei.
-Vamos conversar lá fora um minuto.
-Não posso sair daqui.
-Por favor, Stiles.
-Não.
Ele se abaixou e colocou o queixo sobre meus ombros.
-Se não sair daqui, eu vou te arrastar la para fora e não vai ser uma cena bonita.
-Droga.
Levantei lentamente para não fazer barulho é acordar às crianças e fui bufando até o lado de fora, joguei meu avental no lixo e me sentei em uma cadeira próxima onde eu conseguia ver a UTI.
-Eu já estou aqui, o que quer?
-Da para baixar a guarda pelo menos por um segundo?
-Por que? Vai falar que eu estou errado e que você não quer ter filhos?
-Não, vim explicar algumas coisas.
-Tudo bem, parei.
-Ontem, eu fui até o consultório do Dr.Phillips para conversar.
-Mas você odeia psicólogos.
-Pois é, depois de quiser eu posso explicar o que houve.
-Ok.
-Eu queria te pedir desculpas, nao queria ter falado com você daquele jeito, eu sei que isso te magoou e eu sinto muito.
-Tudo bem.
-Stiles, vai pra casa, você precisa...
-Não acredito, de novo Derek? Eu aqui achando que iríamos nos resolver mas não consegue aceitar a ideia não é?
-Cala a boca, já me irritou.
-Qualquer coisa te irrita.
-Eu estava dizendo pra você ir para casa, tomar um banho e depois voltar, eu fico com ela.
-Vai ficar com ela. Espera, vai ficar com ela?
-Uhum.
-Vem comigo.
Peguei Derek pela mão e entrei no banheiro com ele, não que eu me importasse de beija-lo na frente das pessoas, mas não queria mais confusão com aquela doida.
Encostei ele na parede, segurei seu rosto e o beijei, enquanto nossas línguas travavam uma batalha em busca de poder, suas mãos faziam carinho em minhas costas e ele me puxou mais para perto, fui obrigado a interromper.
-Estamos em um hospital, Derek.
-Ela não é nossa filha.
-Você realmente sabe como cortar o clima.
-Ainda, Stiles, ainda.
-Sabe que nao tem que fazer todas as minhas vontades.
-Não estou fazendo isso por você, estou fazendo por mim.
-Ok, vou pra casa e já volto.-falei saído pela porta.
-Stiles.
-O que?
-Te amo.

Apaixonante e perigosoOnde histórias criam vida. Descubra agora