CAPÍTULO 1 - Acordo no hospital

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Talvez fosse loucura fazer o que eu estava fazendo. Correr em direção à uma catástrofe enquanto todos fugiam dela. Sim, era loucura. Mas está se perguntando por quê eu faria isso? Não? Então irei explicar para vocês.
Meu nome é Kevin Watson, Kevin Benjamin Watson. Aos quinze anos, morava em Londres. É, Inglaterra, terra dos reis e rainhas, príncipes e princesas, Doctor Who e essas coisas.
Sobre meus pais : minha mãe se chamava Norah e meu pai... bom, eu nunca o conheci. As únicas coisas que me disseram eram que ele era um homem rico e nunca soube da minha existência.
Lembro-me de que eu sonhava com algo estranho, algo como um dragão e um urso tentando me pegar enquanto eu fugia deles, eu sei, mais estranho que isso impossível.
Naquela noite. Eu acordei em um quarto de hospital. Uma leve dor pairava sobre a lateral esquerda do meu abdome e minha cabeça latejava aos berros.
Uma enfermeira chegou ao meu lado, para me servir o que parecia ser sopa. Ela era loira, pálida e talvez estivesse na casa dos 40 anos. Mas de fato, não deixava de ser bonita e parecia ser simpática.
- O que aconteceu? - Perguntei tentando abrir os olhos.
- Olá. Meu nome é Sandra - disse a enfermeira.- E você está muito machucado. Tente não se mover sem necessidade, por favor.
- Prazer, meu nome é Kevin.
- Respondendo a sua pergunta: Você se meteu em uma briga com seu vizinho e ele lhe esfaqueou - ela falou como se já fosse acostumada com situações desse nível. Afinal trabalhava em um hospital e na área de emergência para piorar. - E eu li tudo isso na sua ficha assim que entrei neste quarto.
- Ah, é mesmo. Eu até havia esquecido. Como está a Senhora Page?
A situação foi a seguinte: Meus vizinhos, Sr. e Sra. Page, estavam discutindo como todas as noites em que o Sr. Page bebia. Mas naquela noite os gritos da Sra. Page foram mais altos e ela clamava por ajuda. Eu pensei em não ir. Minha mãe sempre me dizia que problema dos outros era simplesmente problema dos outros. Porém, eu pude ouvir quando ela clamou por piedade para que ele não a esfaqueasse. Nesse momento, eu corri até a casa de meus vizinhos e tentei impedir o que estava prestes a acontecer. As únicas coisas que lembro foi que acertei um prato na cabeça dele e ele caiu. E logo depois vi sangue em minha camisa. Então, eu desmaiei.
- Você é bem louco, sabia? - Disse-me a Enfermeira Sandra. - Mas pelo menos salvou aquela mulher.
- Não é muito normal eu acordar aqui toda noite mas estou pensando em ser esfaqueado mais algumas vezes. Afinal, essa sopa está uma delícia.
Sandra riu.
- Não fale isso. Poderia ter morrido.
- A Sra. Page também.
Ela olhou nos meus olhos e de certa forma talvez tenha compreendido o que quis dizer pois assentiu com a cabeça.
- Você recebeu alta, Kevin. Sua mãe está vindo para cá lhe buscar.
- É. Foi bom te conhecer Sandra.
- Não que eu não queira lhe ver novamente, mas tente não ser esfaqueado por um tempo. Você é um bom garoto.
- E você é uma boa enfermeira.
Ela riu.
- Já que acordou, pode esperar sua mãe na sala de espera.
- Certo.
Me levantei da cama de hospital em que estava. Antes que meu pé tocasse o chão fora do quarto Sandra me fez mais uma pergunta.
- Onde sua mãe estava quando isso aconteceu?
- Trabalho - Sorri.
Só então depois de levantar que percebi minhas roupas. Ainda usava uma camiseta azul por dentro, um jeans um pouco rasgado e uma jaqueta marrom.
- E ela trabalha aonde?
Abri um sorriso de canto
- Hospital Evangélico de Londres. Ela é enfemeira.
Sandra apenas assentiu e sorriu ao ver que mais compartilhavam com ela o duro trabalho.

Na sala de espera havia bancos acoplados coloridos. Uma sequência de 4 em 4. Vermelhos, verdes e amarelos. Talvez fosse para alegrar alguém que havia acabado de sofrer um acidente ou coisa do tipo.
Me sentei em um vermelho.
Poucos minutos depois um senhor mais velho sentou ao meu lado. Seu rosto marcado por rugas me encarava e mesmo sem falar com ele, achei aquele velho engraçado.
- O quê aconteceu contigo, garoto? - Puxou assunto comigo
- Eu fui esfaqueado. E o senhor?
- Levei um tiro. Mas já estou bem.
- Um tiro é bem mais grave que uma facada. - Tive que admitir.
- É o sétimo tiro que levo.
A notícia dada a mim era assustadora. Como aquele senhor havia levado 7 tiros em toda a sua vida?
Porém acabou sendo engraçado pelo jeito que ele falava.
- E o senhor é da polícia? - Perguntei eu curioso.
- Não.
- Então... é de uma gangue? - Outra ocasião que o faria levar sete tiros.
- Não.
- Certo. Então o senhor trabalha em quê?
- Eu vendo verduras no outro lado da cidade. - Bufou
- Ah. Foi o que imaginei quando o senhor falou dos tiros. Olha, qualquer dia desses eu passo pela feira para comprar umas cebolas. Minha casa está precisando.
- Arranjei mais um cliente. - Ele enfim pareceu está um pouco animado.
Vinte minutos haviam se passado e nada de minha mãe chegar. Havia uma tevê acoplada na parede para os pacientes e ela estava ligada no canal principal de notícias da cidade. Então, naquele momento, tudo, exatamente tudo, mudou na minha vida.
A rerpórter entrou no ar para uma notícia de emergência. Ela estava com a respiração ofegante.
Por favor. Todos que se localizam na área Sul de Londres evacuem suas casas. Fujam, por favor. Ela está sendo atacada. É inacreditável mas parecem ser lobisomens. Tem alguns homens armados com espadas e lançando bolas de fogo com alguma espécie de arma nas pessoas. Fujam enquanto podem. Já foram confirmados mais de 50 mortos e policiais que tentaram conter o ataque estão envolvidos nessa taxa.
Meu mundo caiu no momento. Minha casa era na área Sul. Minha mãe iria passar em casa antes de ir ao hospital me buscar pois tinha que trocar suas roupas de enfermeira. Naquele momento eu pensei: e se minha mãe estiver ali?
Mas então encontrei a resposta para a minha dúvida.
O jornal mostrava imagens trazidas por um helicóptero. Era uma mulher clamando por ajuda, esticando um braço como se pedisse para que alguém à ajudasse. Estava presa pois um imenso carro jazia caído sobre suas pernas e o fogo pairava em volta dela. Minha mãe. Uma lágrima desceu do meu olho e meu mundo desabou.

A Sexta Irmandade (Vol.1) - O Lobo Vermelho Onde histórias criam vida. Descubra agora