CAPÍTULO 27 - Estão fazendo uma festa na cidade e nem me convidaram!

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  Hank parecia preocupado. Wallace estava de bem com a vida, como sempre, o grandão não era lá de se preocupar. Mas eu sabia que a palavra problema de Hank era verdadeira, pois a nossa luta ainda não havia acabado.
  - Já vou, Hank.
  Sei que isso pode parecer exagero, mas a alegria de Chloe ao voltar à vida e nos rever foi tamanha que ela não percebeu que já não tinha mais uma das mãos. Quando se deu conta, soluçou uma lágrima mas Ethan a conteve, com apenas um olhar lhe mostrou que ficaria tudo bem. Não pude negar o quanto o trabalho dos curandeiros havia sido bom, que maestria. Seu pulso estava completamente fechado e ela não sentia mais dor - pelo menos não demonstrava, coisa que nunca foi do estilo Chloe Blanche.
  - Kevin Watson! - Gruniu Hank. - Não quero atrapalhar o momento de grupinho aí, mas é realmente importante, venha logo!
  - Ai, tá bom.
  Larguei meus amigos, um pouco, e me reposicionei ao ar livre com a dupla Hank e Wallace. O álibi deles para falar comigo parecia ser justificável. Afinal, suas expressões eram preocupantes.
  - Dá pra dizer logo o que aconteceu? - Indaguei.
  Wallace tomou palavra antes de Hank - o que era estranho.
  - Foi... foi o Wind, ele... sumiu há algumas horas junto com Sandra. Perguntei aos anciões, contaram a nós que saíram em uma missão ultra especial.
  Como eu disse: nossa luta ainda não havia acabado.
  - Como...?
  - Capturar Rapina de uma vez por todas - dessa vez Hank falou. - Eu contei a eles sobre o plano de Rapina. Sabe, aquilo que você me contou assim que voltou, antes de levarmos o corpo de Chloe e tudo mais.
  - Sei, sei - raparei em um detalhe crucial.  - Mas... nós ficamos três dias para chegar à Liverpool. Como Wind e Sandra fizeram isso rápido o suficiente para impedir Rapina?
  Hank suspirou.
  - Da maneira mais normal possível: Wind virou o Dragão e Sandra montou em suas costas. É, eles foram voando.
  Enquanto eu tive que saltar por buracos mais de uma vez - ops, desculpa Aurora.
  - Ah, droga!
   Wallace pareceu curioso pelo meu lamentar.
  - O que foi, cara? - Disse ele na calmaria.
  Dei a explicar.
  - Lembram de quando os poderes do Tubarão perderam sua energia e por isso os rios do nosso acampamento ficaram ilesos à qualquer invasão e Sally e Sarah foram sequestradas?
  - Aham - responderam eles em uníssono.
  - Isso aconteceu porque eles destruíram a fonte de poderes do Tubarão Branco, mas aquele que roubou já está morto. Agora, Rapina fará isso com uma floresta que assegura meus poderes, quer dizer, do verdadeiro Lobo Vermelho. Se ela tomá-los, as florestas de nosso acampamento ficarão sem proteção, e possivelmente, um ataque será ordenado por ela.
  Hank franziu a testa.
  - Opa, opa, opa. Espera um pouco, há uma floresta que é a fonte do seu poder? Quer dizer, do Kirish, o Lobo Vermelho?
  - Sim - confirmei. - Mas isso é uma longa história, é importante vocês armarem defesas e se prepararem. Pois se Rapina conseguir, ficaremos totalmente vulneráveis à ataques.
  Wallace pareceu entender, só que de uma forma mais lenta.
  - Uau! Então você não pode deixar isso acontecer, pode?
    - Não, Walle. Eu não posso. Só não sei como chegar a tempo.
  - É uma pena você não poder virar um dragão - lamentou-se.
  - Verdade - concordei.
  Nina saiu da enfermaria para saber o que estava acontecendo. Contamos a ela o ocorrido.
  - Oh, não. Papai foi mesmo? Sem me avisar nada, que droga! Como nós iremos fazer para chegarmos lá antes dele ou junto?
  - Não haverá "nós". Irei sozinho.
  Wallace não pareceu entender.
  - Mas é perigoso demais, Kevin.
  - Exatamente por isso - expliquei.
  Nina me segurou com força pelos ombros.
  - Eu irei com você!
  - Não. Não vai, não. Olha, Chloe voltou morta e Ethan está cego. Tive sorte por ainda está vivo. Se lhe mandei pra casa, é porque não queria que se machucasse. Você vai ficar.
  - Ah, por favor, Kevin.
  - Não adianta usar sua fofura como arma, eu irei sozinho. Fique, por favor, Chloe e Ethan ainda estão precisando de ajuda, principalmente Ethan - pensei nas minhas últimas palavras, coitado do meu amigo.
  Ela gruniu de raiva.
  - Ai, tá bom. Mas você sabe alguma maneira de ir?
  - É... pois é, essa parte da história ainda não tá progamada.
  - Tá vendo? Você não vai. Vai ficar aqui, papai e Sandra irão cuidar de tudo.
  - É - Wallace concordou - , eles são bons.
  Pensei e repensei o que já havia pensado. Desculpa, isso foi confuso.
  - Já sei! - Vibrei. - Eu já volto.
  Baguncei os cabelos de Nina em um gesto de carinho e disparei em uma corrida.
  Digamos que o resto do acampamento olharam minha maratona, enquanto corria ouvi muitos gritos em forma de perguntas como:
  - Chloe Blanche morreu?
  - Você quem matou Jason?
  - Longinus pesa muito ou você que é forte demais?
  Eu não tive tempo para responder as perguntas. Obviamente.
    Ao subir na montanha do acampamento, dei de cara com as estátuas sagradas dos nosso Protetores. Lá era um canto sagrado, certo? Então eu esperava que Aurora me ouvisse.
  - Por favor, Aurora. Eu sei que com certeza gastei suas energias por conta dos portais que a senhora abriu para mim e meus amigos, mas prometo ser o último, este é realmente necessário. E ah, obrigado pelo presente dos três buracos grátis, eles salvaram uma vida, ou melhor, três.
  Reforcei minha fé para ver se eu seria correspondido. De início pensei que não, mas sabia que Aurora não iria me deixar na mão.
   Bom saber que ainda está vivo. Demorei para responder porque estou fraca. Não é nada que me faça morrer, mas não conseguirei invocar mais tantos portais. Talvez, no máximo, um último até os próximos meses. E de nada, não tem de quê, Lobo da Selva.
  - Você sabe o que está acontecendo, não é?
   Pra ser sincera, sei mais do que você, Rapina está causando um furdúncio no meio da cidade. Você precisa ir, meu guerreiro selvagem.
  - Então conceda a mim mais um portal. Prometo que não precisarei de mais.
   Hm. Eu estou fraca, mas... mas não é problema. Lhe jogarei na cidade, cuidado com os humanos, procure Wind e Sandra assim que conseguir. Os três, juntos, serão capazes de deter Rapina e seu exército.
  - Tá bom. Aurora... - hesitei um pouco em dizer- Muito obrigado.
   Já ouvi muitos agradecimentos falsos, mas sei que os seus são sinceros. É o último que consigo invocar por enquanto, então prometa-me algo.
  - O quê?
  Quando isso acabar, visite sua amiga Liz e fique o máximo de tempo possível com ela. Nada vale mais que os amigos e a família.
  Era óbvio que eu não havia esquecido da minha melhor amiga. Mas o tempo ainda não estava deixando eu visitá-la. Digamos que os problemas ainda não tinham sido resolvidos.
  - Eu ainda não esqueci dela. Obrigado por se importar, Aurora.
   Certo. Agora vá
  Aurora deve ensaiar mais essa parte. Seu "agora vá" lhe joga sem avisar em um buraco de teleporte que te faz parar em outra cidade.
  Eu estava em Liverpool, de novo. A concentração de pessoas na rua era impressionante. A última vez que eu havia visto uma aglomeração de pessoas assim... bom, eu não havia visto nunca. Tinham repórteres, furgões dos principais canais da Inglaterra, aquela cobertura de primeira linha. Mas espera, do quê?
  Usei meu máximo de furtividade para passar despercebido entre as pessoas. Todas elas estavam concentradas em um único ponto fixo: um colégio.
  - Olá. Com licença, o que está acontecendo? - Perguntei a uma senhora.
  - Ah, meu filho. Me disseram que era um atentado, a polícia já entrou, mas até agora, nada. Não se ouviu som de tiros, nem explosões. O colégio foi esvaziado assim que houveram suspeitas. Mas algumas crianças disseram que viram um homem cuspir fogo e uma mulher lançar ventanias pelos corredorres, pensamento de criança, obviamente. Por sorte, graças a Deus, ninguém se machucou. Mas alguma coisa ainda está acontecendo lá dentro.
  Aahg, maldito seja. Sandra e Wind estavam lutando contra nossa inimiga lá dentro. Acho que atacar o colégio fazia parte do plano de Rapina, chamar atenção e se apresentar ao mundo como a próxima governante dele. Mas Wind e Sandra chegaram para impedí-la, isso não devia estar nos planos dela.
  - Obrigado, senhora - agradeci e depois saí correndo à procura de uma maneira de entrar no colégio, sem ser pela frente.
  A pior parte: policiais haviam entrado por pensar que era um atentado. Eu tinha que impedir suas mortes, estávamos tão próximos de sermos vistos pelo mundo.
    Passando pelas pessoas de cabeça baixa, cheguei aos muros do colégio. Saltei eles com facilidade e dei de cara com a dispensa. Nossa, quanta comida. Uma pequena porção de guardas Azuis estavam lá, possivelmente, esperando uma invertida por trás dos policiais. Cuidei deles rapidamente, eu ainda aguentava lutar, senão nem estaria ali.
  Três, ou mais, guerreiros esqueletos me atacaram pelas costas, defendi seus ataques e com apenas um lançamento da magia de Longinus, os transformei em pó. E assim foi seguindo, um lobisomem, mais guardas e até mesmo os bebês-dragões.
  Meu Deus. Aquele colégio era enorme.
  Meu sangue fervia, eu já havia matado tantos, mas não assim, em sequência. Tive que ter sangue frio para golpear alguns dos Azuis pelas costas. Acho que mais de duas dúzias já haviam morrido por mim só naquele momento.
  Até que de longe ouvi o grito:
  - SINTA O FOGO DO DRAGÃO!
  E em seguida, um som intenso, como se houvessem lançando fogo de um lança chamas.
  O chão tremeu. Como se um gigante estivésse caminhando sobre ele.
  Dois guardas me atacaram de surpresa.
  Interceptei os ataques, assim que defendi os ataques, segurei um deles pela jugular e o joguei em cima do outro. Assim que levantaram, cortes rápidos. Como isso me fazia se sentir mal. Que Deus me perdoasse. Eles tinham aspectos humanos. Eu já havia matado muitos, mas eram monstros. Sei que parece egoísmo de minha parte, mas havia uma diferença. Vidas são vidas. Era isso que eu não entendia.
  Sem meus amigos, tudo era diferente.
  Os policiais explodiram unilateralmente a parede. Para adentrar em uma investida contra os "terroristas" que eles pensavam que existiam. Mas deram de cara com mais Azuis, que lhe atacaram sem piedade, os oficiais teriam morrido se eu não tivesse aparecido e cortado a garganta dos Azuis antes que percebessem. Logo após isso, sumi. Fui como um raio.

  Foi quando um pedaço do teto desabou, a luta já estava no segundo andar do colégio. Visei o buraco formado e saltei para o próximo andar. Lá estavam Wind e Sandra lutando contra Rapina e... eu não podia acreditar, com os olhos negros, com habilidades supremas e completamente enfeitiçada, minha melhor amiga, Liz Montenegro, estava lutando ao lado de Rapina.

A Sexta Irmandade (Vol.1) - O Lobo Vermelho Onde histórias criam vida. Descubra agora