CAPÍTULO 21 - Um passado não esquecido, parte 1

68 7 12
                                    

( Muito obrigado pelos 1k de visualizações pessoal, mesmo sendo considerado pouco, me deixa muito orgulhoso e só me incentiva a não faltar com o compromisso que tenho com essa história e as próximas que virão. Muito obrigado mesmo =) , vocês são fodaaaas)

  Foi como uma bomba caindo sobre minha cabeça as batidas de minha mãe na porta, eu acordei em tal alvoroço que quase me esqueci de onde estava. Então minha mente foi se recuperando aos poucos, era meu quarto, mais precisamente, minha cama, e dormindo junto a mim um pequeno batalhão de livros e anotações de química. Poxa, Liz. Se eu não houvesse prometido para você que iria estudar essa matéria pelo resto da noite, eu não estaria, sem dúvida alguma. Quais horas já eram? Dez e meia?
  - Kevin. Tem como abrir a porta, por favor?
  - Já vai!
  Confesso que cambaleei no breve caminho de minha cama à porta.
  Enfim a abri. Minha mãe não disse nada, apenas me abraçou. Eu não entendi muito sua atitude, entretanto me reconfortei no conforto de seus braços, aquele no qual apenas sua mãe pode lhe proporcionar.
  Ri com calma para tentar demonstrar que não estava zombando dela.
  - Tá tudo bem, mãe?
  - Só vim falar um pouco com você. Sabe, hoje o trabalho foi mais prolongado no hospital, por isso só cheguei agora, me orgulho em saber que estava estudando tão tarde assim - ela sorriu. - Mas...
  - Sempre tem esse seu "mas" , não é, Dona Norah?
  - Mas você não deveria estar acordado tão tarde. Se tinha que estudar, deveria ter feito à tarde - ela fez aquele olhar perfeito de sermão.
  - Fiz isso. Mas achei que não tinha sido o suficiente.
  - E Liz? Também estudou?
  - Claro. Aquela ali é louca por essas coisas de química, física e biologia.
  - E você também não é, Kevin?
  - Agora, sim. Antes eu tinha uma pequena obcessão por história.
  - Lembro-me de quando era pequeno e dizia que queria ser um historiador e viajar para outros países - ela riu ao lembrar.
  - Ah, para mãe - acabei rindo.
  Ela me olhou dos pés à cabeça, analisou bem minhas roupas, meu hálito, meu estado. Minha mãe era tão estranha quanto eu.
  - Tem certeza que não passou a tarde fazendo vários nadas com Liz? - Ela levantou apenas uma sobrancelha para a pergunta.
  Assumo, quando minto, meu rosto treme e eu tenho vontade de me afundar em um buraco para que não olhem para meu rosto.
  - Tenho. Quer dizer... a gente saiu um pouco mas... nada muito temporário, mãe. Aposto que saía muito com seus amigos quando tinha minha idade.
  - Só nos finais de semana.
  Acebei rindo.
  - Sua cara não treme, mãe? Sei que está mentindo - apertei suas bochecas para irritá-la.
  - Está me chamando de mentirosa, Kevin Benjamin Watson?
  Ela falou o nome completo. Parece que a irritei de verdade. Arrependendo-se em três, dois, um.
  Mas graças a Deus seu lábio começou a tremer e ela não conteu a risada.
  - Ufa! - Soltei. - Pensei que tinha ficado irritada.
  - Foi por pouco. Você se safou - agora ela apertou minhas bochechas, não lembrava o quanto isso era ruim. - Vá dormir, filho. Amanhã é um dia longo, para nós dois.
  - Sua benção.
  - Deus lhe abençoe - beijou minha testa.
 
  É engraçado, porque no outro dia, minha prova de química foi tão conturbada quanto as ondas de um mar em meio à uma ventania pesada. Mas eu não pude dizer isso à minha mãe, não houve tempo. Minha única chance de se despedir foi pedindo sua benção e um adeus fraco antes de que ela partisse. Eu nunca imaginaria, que um dia depois daquilo, tudo em que eu acreditava seria mudado.
  Abri meus olhos, olhei para meus dois amigos e percebi que era hora de lutar. Por uma última vez.

 

 

A Sexta Irmandade (Vol.1) - O Lobo Vermelho Onde histórias criam vida. Descubra agora