3 - Louisa

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Revisado por Maryane Filgueiras

Acordei mais cedo do que de costume. Levantei da minha cama e fui tomar um banho para passar o tempo, já que sono eu não tinha. Fiquei cerca de 30 minutos em baixo do chuveiro sentindo a água quente cair em meu corpo. O final de semana já estava dando as caras e tudo o que eu mais quero é sair dessa casa para ir á qualquer lugar. Eu simplesmente não aguentava mais ficar sob o mesmo teto que minha mãe.

Saí do banho sem vontade nenhuma e vesti lentamente minha calça jeans e minha blusa branca. O tempo estava mais quente e ensolarado do que o normal. Sequei meu cabelo e dei uma leve ajeitada nele antes de pegar minha mochila e descer para a cozinha.

Não havia sinal da minha mãe pela casa, então aproveitei para comer meu bolo de chocolate que havia comprado no dia anterior escondido dela.

No momento em que me sentei na mesa para comer, ela apareceu no local, sem me dar tempo de esconder o bolo.

- Onde você arranjou isso? – Ela perguntou furiosamente, me assustando. Eu permaneci estática e calada. Não queria ter essa discussão, de novo. – Me responda, Louisa!

- É só um mísero pedaço de bolo, mãe! – Respondi irritada.

- Então me diga, Louisa. Você quer ser uma dançarina renomeada? – Ela perguntou ao me encarar com raiva.

- Sim. – Eu respondi enquanto fitava a mesa em minha frente.

- Então pare de comer essas porcarias! Ninguém contrata bailarinas gordas.

- Mas que merda, mãe. Eu tenho apenas 54 quilos, pare de encher meu saco! – Falei irritada e sai de casa batendo a porta.

- Onde você pensa que vai? – Logo a escutei perguntar.

- Para a escola, não é óbvio? – Falei irônica.

Ignorei qualquer coisa que ela tentou me dizer e caminhei em direção á escola, mas na metade do caminho fiquei cansada o suficiente para chamar um táxi. Ao chegar, fui direto para a sala, já que acabei me atrasando com o tempo que perdi andando.

Eu odiava quando minha mãe bancava a paranoica. Não há nada que eu odeie mais do que isso. Odeio o jeito como ela me machuca com suas palavras rancorosas. Durante toda a minha vida discutimos esse assunto e já passei várias noites chorando por culpa disso. Essa é a única coisa que me fazia chorar.

- O que aconteceu? Você parece cansada. – Pat disse assim que eu sentei atrás dele.

- Briguei com minha mãe.

- De novo? – Ele perguntou preocupado.

- Sim.

- Qual foi o motivo dessa vez?

- Nada demais. – Respondi com desdém.

Eu nunca contei para Patrick meus problemas com ela. Eu me sinto desconfortável em falar sobre isso, por achar ser um assunto pessoal demais.

- Ei, você vai fazer alguma coisa essa noite? – Ele perguntou.

- Não, por que? – Perguntei, curiosa.

- Tenho que ir na luta do meu irmão, quer ir junto?

- Uma luta? – Perguntei assustada. Nunca imaginei que Patrick frequentasse lutas.

- É.

- Tudo bem, será melhor do que passar a noite com minha mãe. – Falei animada.

- Se quiser, já pode ir depois da aula lá para a minha casa. – Ele disse gentilmente.

Com amor, Louisa.Onde histórias criam vida. Descubra agora