24 - A queda é livre

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- Sarah, que que tá acontecendo? – Oliver perguntou a dois centímetros da sua boca, distância ideal para voltar a beijá-la.

Os olhos dele permaneciam fechados. Havia vincos entre sua sobrancelha. Ele estava preocupado com a resposta. Ela passou o dedo entre os vincos para tentar desfazê-los. Não adiantou de muita coisa. Eles logo tornaram a se formar, assim que ela começou a explicar.

- É Raphael. Chamei ele aqui pra gente terminar de discutir o projeto.

- Não. É sério isso? Deixa pra lá, Sarah. Manda ele embora, por favor, vai, manda ele embora. Por favor.

Quanto mais ele pedia, mais forte a abraçava. Uma mão dela continuava afundada no cabelo dele. E suas pernas por cima da dele. Como ela tinha ido parar naquela posição em tão pouco tempo, ela não sabia. Será que tinha mesmo sido pouco tempo?

Ela não fazia ideia. E não sabia se queria fazer. Meio que tinha perdido a noção. Ele respirava perto do eu pescoço, com a cabeça apoiada em seu ombro, ele tornou a pedir por favor enquanto ela ficava ali sem ação, sem conseguir pensar no que fazer.

- Já convidei ele pra entrar. Vai ficar chato desconvidar.

- Deixa que eu vou lá falar com ele. Digo que te deu uma baita dor de cabeça, ou que você preferiu ficar tomando conta de Alicia, ou sei lá, qualquer coisa, Sarah. Prometo me esforçar para que não fique uma situação chata.

Ele colou a boca na de Sarah antes que ela tivesse a oportunidade de discordar ou de recusar a proposta dele.

As bocas de ambos se entenderam com a mesma facilidade do beijo anterior. Era isso que matava Sarah. As sensações que vinham junto com a pressão da boca dele contra a dela. O quanto que ela gostava de tudo que ele fazia. A sensação de que estava tudo em paz. Não era para continuar sendo assim.

Até porque, era mais ou menos nessa altura que começavam as merdas.

- Oliver, ele tá há um tempão lá fora. Dá pra você ir pro quarto ou tá difícil?

- Tá bem difícil, Sarah. É foda porque eu sei não tô no meu direito. Mas eu quero que esteja. Eu quero, você entende? Não é fácil acreditar que depois disso aqui – ele roubou mais um beijo dela, só para ilustrar – Você ainda queira ficar com o cara. Não é presunção nem nada, é que eu sinto que você sente.

- Em momento nenhum eu disse que vou ficar com o cara.

- Você disse que ia terminar de discutir o projeto com ele, eu sei, me lembro bem das suas palavras, todas elas. Mas você poderia ter feito isso no restaurante, você sabia que ele só fecha as três da manhã? Pois é.

- Como você mesmo disse, Oliver, você não tem o mínimo direito. Problema meu se eu vou ficar ou não com o cara. Sou eu que tenho que me decidir. Eu! Eu faço questão de desfrutar do meu benefício da dúvida. Será dá pra você ir pro seu quarto? Agora?

Ele levantou tão depressa que as pernas de Sarah que estavam por cima das dele voaram pelos ares. Ela ouviu a porta do quarto de Kellen bater. Era melhor assim, ela disse dentro da sua cabeça várias vezes antes de se levantar.

Conforme ela desconfiava, suas pernas estavam bambas. Outra buzina soou. Ela acelerou seu passo pelo gramado, tarde demais para pensamentos secundários.

**

- Sua porra-louca desvairada dos infernos, o que você tem na cabeça? Como ousa?

A voz de Belize do outro lado da linha telefônica dava uns traços com a voz da sua consciência.

O mundo dá voltasOnde histórias criam vida. Descubra agora