18 - Café da manhã na casa dos corações partidos

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Oliver voltou do portão com Alicia no colo e uma mochila lilás no ombro. Todo sorridente, como se nada do que aconteceu minutos atrás tivesse acontecido.

Enquanto isso Sarah continuava parada no mesmo lugar, se esforçando para não pensar.

- Tia Sarah! Eu não acredito! Pai! Por que você não me contou que ela tava aqui também?

Alicia pulou do colo do pai e correu em direção à Sarah, que a envolveu num abraço na mesma hora.

- Ué, filha, a casa não é dela?

- Eu sei! Mas eu nunca dou sorte de estar no mesmo lugar que ela, vai ver estou com azar – disse a menina apertando mais o abraço que dava em Sarah.

- Essa maré já passou – disse Sarah ao escorregar a mão pela lisura que era os cabelos da menina.

Sarah não conseguia acreditar no tanto que Alicia tinha crescido. Era aterrorizante. O quão tiazona ela pareceria se dissesse para a menina que ela estava uma mocinha?

Por via das dúvidas, achou melhor ficar calada, se limitou a seguir pai e filha para o interior da casa.

- Outra coisa que papai se esqueceu de avisar, mamãe te mandou um beijo!

Sarah nem se deu ao trabalho de ficar chateada, aquele não era o tipo de recado que ela esperava Oliver passasse. A culpa no cartório o impediria. Da mesma forma que impedia Sarah de retribuir o cumprimento com a mesma cordialidade de Heloísa.

- Como vai Helô?

- Por hora prefiro chamar apenas de Hell, com dois Ls – era o parecer de Oliver.

- Pai! – Alicia interrompeu. – Eu faço escola bilíngue!

- É já está mais esperta do que eu – Oliver respondeu bagunçando o cabelo dela.

- Minha mãe vai muito bem, tia. Ela está muito linda, cada dia mais apaixonada.

- Fico contente.

- Mas uma coisa não tem nada a ver com a outra.

- Claro que tem! Quanto mais uma pessoa gosta de você mais bonita você fica. E juro, se Alberto apaixona mais um pouquinhozinho pela minha mãe eu não sei o que vai acontecer, porque ela tá tão perfeitinha, parece uma boneca.

- Filha, não é assim que a coisa funciona.

- Ué, pai, claro que é! Como então você me explica o Daniel, esse menino da escola que eu gostava...

- Peraí, você gostava de um menino? – Oliver chegou a perder o prumo da panela que levava ao fogão.

- Gostava, algum problema? – Alicia respondeu colocando as mãos na cintura.

- E ele era bonito? – Sarah se intrometeu só pra colocar mais lenha na fogueira.

- Presta atenção na história – rebateu Alicia subindo na banqueta da cozinha. – Eu gostava do Daniel. E o Daniel era lindo, mas um dia ele chutou minha canela de propósito no jogo de futebol e eu não gostei disso. Parei de gostar dele num segundo. E aí vocês sabem o que aconteceu?

- Não – Sarah e Oliver responderam em uníssono.

-  Ele cortou o cabelo, logo no dia seguinte. E ficou horrível. Como vocês me explica, isso?

- Coincidência – foi a opinião de Sarah.

- Eu vou ligar pra sua escola, você sabe se eles ficam abertos até essa hora? Que palhaçada é essa de um troglodita ficar assim te maltratando no jogo sem mais nem menos?

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