38 - As coisas no seu devido lugar

4.7K 669 290
                                    

                  

Sarah abriu o olho porque tinha uma mão gelada no seu pé.  A mão de Oliver costumava ser quentinha. Aquele deveria ser um bom parâmetro para ela adivinhar que a mão não pertencia a Oliver. Ainda assim, ela não deixou de levar um susto ao ver Marcos na outra ponta do sofá.

- Bom dia, noivinha – ele a cumprimentou com um sorriso.

Será que ele nunca ia deixar o teatro do casamento de lado? Era possível que ele não tivesse reparado a falha retumbante que aconteceu da primeira vez? O surto louco que ela deu? Ela até queria ficar com ele naquela época. Agora ela já não tinha tanta certeza.

- Cadê Oliver? – ela perguntou se levantando do sofá, tirando seus pés de perto de Marcos.

- Nosso padrinho de casamento? – ele insistia, sem medo.

Não dava sinais de ter nenhuma lembrança do que tinha acontecido quando ela ouviu a proposta.

Oliver e casamento eram duas palavras que estavam proibidas de estar numa mesma frase. Dava uma pane no cérebro de Sarah. Ela nunca mais queria voltar nesse assunto. E ali estava Marcos, voltando.

- Não, meu colega de trabalho – Sarah explicou da maneira mais corporativa possível.

- Dá no mesmo – disse Marcos fazendo um gesto de indiferença com as mãos. – Ele foi dormir, o velhote. Agora vem cá, quero saber de nós.

- Bem, eu não sei você, mas eu vou ver se Oliver vai acordar. A gente tinha marcado de jantar.

- E a gente tinha marcado de ficar – Marcos não perdeu tempo em insistir.

O coitado não sabia escolher um bom momento para atacar. Mas em certo ponto ele estava com a razão, havia chances do momento certo nunca chegar, arriscar aleatoriamente era uma solução. Vai que cola?

Não colou. Sarah estava muito perto de perder o controle para prestar a devida atenção.

- Não estou lembrada – ela disse ao se levantar e ir até o quarto de Oliver.

Lá dentro estava tudo escuro, só o barulho do ar condicionado, ela não ousou acender a luz. Ela se lembrava das dimensões do cômodo mais do que gostaria de admitir. Caminhou na ponta dos pés até a cama e se sentou na beira do que agora ela conhecia como lado-dele da cama.

- Oli, Oli, acorda – ela sussurrou apertando o braço dele de leve. – Tá na hora, vamos jantar?

- Sarah, foi mal, eu tô bem cansado mesmo, tem problema se eu preferir dormir?

A voz dele estava abafada pelo travesseiro, ele estava dormindo de barriga para baixo. Essa era nova para ela. Outra novidade era ele dispensar um minuto acordado com ela.

- Tem certeza? Muito cansado mesmo? – ela deu outro apertão no seu braço, não tinha tirado a mão dele desde que tinha colocado. O braço dele estava quentinho, mesmo com o ar condicionado gelando o ambiente e meio que gelando ela.

- Exausto, Sarah, você não tem ideia do quanto...

Ela não tinha mesmo. Jantaria e o convidaria para a casa dela agora mesmo, se fosse possível, ela tinha energia de sobra para o que aconteceria se eles estivessem juntos e acordados na mesma cama.

Ao mesmo tempo, entendia, foi um dia cansativo e pelo menos ela tinha tirado um cochilo no sofá. Ele não tinha nenhum tipo de obrigação com ela e vice-versa. Ela beijava e fazia o que fazia com ele porque tinha vontade de beijar e fazer o que desse na telha com ele. Assim como um dia teve vontade de fazer o mesmo com Marcos, antes de ele começar a mencionar casamentos.

O mundo dá voltasOnde histórias criam vida. Descubra agora