44 - Impulso definitivo

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Dois minutos depois de ele encerrar a ligação seu celular vibrou com uma mensagem dela. "É Madalena", estava escrito. Oliver achou mais prudente responder depois, quando a onda de frustração passasse.

Acontece que ela não passou nem tão cedo.

Já era sexta-feira e ele continuava se perguntando se por um acaso Sarah não estava certa. Talvez eles não tivessem nada mesmo. Podia ser que toda a compatibilidade que ele sentia entre eles morasse apenas na sua cabeça.

Ele tinha mesmo uma imaginação e tanto. Só assim para continuar achando que em algum lugar dentro de Sarah ainda existia aquela menina dócil e carismática que foi sua melhor amiga.

Ela tinha mudado. E bastante.

Mas tinha horas que ele podia jurar que Sarinha ainda lá dentro, perdida dentro da armadura que Sarah construiu em volta de si. Ela deveria estar empoeirada, com toda  certeza. Mas com um pouco de  sorte, sem nenhum arranhão causado pelo rancor.

Lá ia a imaginação fértil de Oliver de novo.

Foi no meio de uma dessas suas viagens na maionese que o telefone tocou. Ele mal acreditou quando viu no visor.

- Sarah? – perguntou assim que atendeu o telefone.


Só para se certificar. Ela nunca ligava. Nunca mesmo. Ele não podia imaginar porque ela estaria ligando agora.

- E aí? – ela perguntou, naturalmente, como se eles se comunicassem assim o tempo todo. E não só através de luas no WhatsApp.


- E aí? – Oliver perguntou de volta.

Não tinha ideia do que dizer. Ainda estava um pouco bravo. Além do mais, ela parecia ter nenhum motivo aparente para a ligação.

- E aí? – repetiu Sarah. – A gente vai ou não vai?

- Quê? – Oliver tirou o telefone do ouvido e checou o visor. – Meu telefone deve estar com problema, espera um minuto que eu já te retorno à ligação.

- Não, Oliver, é sério. A gente vai? Eu estou com minha mala semi-pronta aqui, se estiver tudo nos conformes, eu posso correr com os preparativos e te encontrar lá.


- Sarah, eu meio que moro em Búzios. Contra sua vontade, ainda por cima. Ou seja, se você for pra lá, é claro que vai esbarrar comigo eventualmente. Eu ainda estou na gráfica resolvendo uns detalhes, quando eu terminar vou direto pra lá, me  disponho a fazer o jantar.

- Tá bom, que seja, eu faço a salada.

- Até mais.

Oliver desligou o telefone ainda sem acreditar cem por cento no que acabara de acontecer. Tinha lá suas dúvidas se ela de fato iria aparecer. Podia ser só mais jogo que ela estava fazendo com ele.

Aquele os quais ela geralmente ganhava.

Contudo, não podia ficar tão chateado com Sarah por não confiar nele. Ele também estava deixando a desejar. Era duro ver algo pelo qual ele tanto lutou ir pouco a pouco caminhando para trás. Eles precisavam de um impulso definitivo. Para frente.

Talvez, se Sarah aparecesse mesmo aquela noite, ele poderia fazer algo a respeito.

Oliver terminou tudo que tinha para terminar na gráfica. Arrumou tudo que precisava levar consigo na mala da Variant. Parou no primeiro supermercado que viu pela frente, tinha uma lista de compras crescendo exponencialmente na sua cabeça.

Quando ele disse que faria  o jantar, o que ele queria dizer que que ele faria O Jantar.

Oliver forçou seu carrinho velho a correr o mais rápido que ele conseguia na reta final da estrada. A diferença na velocidade não era muita, mas a intenção ajudava a aplacar a opressão que ele sentia no peito.

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