42 - Momentos radioativos

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- Oliver... – resmungou ao esticar o braço. – Oliver – ela falou levantando metade do seu corpo da cama ao constatar que Oliver não se encontrava dentro do perímetro de alcance do seu braço.

Não era possível que ele tivesse ido embora. A camisa dele ainda estava ali, nela. Qual era a probabilidade de ele ter deixado o apartamento sem a camisa?

Muito pouca, quase nenhuma.

Por outro lado, a quantidade de coisas improváveis que ele andava fazendo nos últimos tempos, como por exemplo, abrir uma gráfica, deixavam Sarah sem saber o que pensar.

- Oliver! – ela falou ainda mais alto, praticamente gritou, só por desencargo de consciência.

- Quê! – ele gritou do lado de fora, Sarah calculou que fosse da sala.

- Cara, o que você tá fazendo? – ela perguntou.

O que ela realmente queria perguntar era: o que ele estava fazendo fora da cama uma hora dessas? Oito da manhã, de um domingo! Sarah não entendia porque ele fazia tanta questão de dormir lá se na primeira hora da manhã ele caia fora da cama e estragava a melhor parte.

Na opinião de Sarah sexo matinal era o maior barato. Não que ela tivesse praticado ultimamente. Afinal, essa novela de Oliver não era de hoje, ele sempre vinha com uma graça. Café-da-manhã sendo levado na cama com direito de florzinha na bandeja e o cacete a quatro, o planejamento da rotina de trabalho dos dois com os tempos-livres em comum destacados em marca-texto, a louça dela toda lavada...

Ele não podia simplesmente ficar na cama?

Ela não iria assediá-lo se ele não quisesse fazer nada. Era só ficar lá, parado, por um tempinho até ela terminar de acordar.

Uma coisa tão simples soava como uma missão impossível para Oliver.

- Uma surpresa! – ele disse lá da sala. – Não vem pra cá, tá? Eu te chamo quando tiver pronto.

Sarah se levantou da cama num rompante, ele não entendia nada. Provavelmente nunca ia entender.

- Ei! – ele gritou do outro lado da porta. – Eu disse pra não vir pra cá!

- Estou indo ao banheiro! – ela reclamou já enfezada. – Ou será que também estou impedida de fazer minha higiene pessoal também?

- Fica à vontade, coração. Inclusive, use o tempo que quiser, ainda vou demorar um pouco pra aprontar tudo aqui.

Sarah bufou e fez as coisas do jeito que lhe deu na telha, pouco se importando com as recomendações de Oliver. Tomou banho. Lavou o cabelo, que, a propósito, estava severamente emaranhado devido às atividades da noite anterior. Deu o maior trabalho para desembaraçar. Escovou os dentes, pensou numa roupa confortável o bastante para passar o dia em casa...

Essas atividades inevitavelmente levavam tempo.

- Sar! Tá pronto. Vem cá – Oliver chamou quando ela ainda não tinha decidido qual short ia vestir.

- Agora você espera! – ela disse ao analisar calmamente todas as suas opções, só saiu do quarto na hora que estava 100% certa de que usaria o primeiro short da pilha da sua gaveta, era o que vestia melhor. E o que ela usava sempre.

Saiu do quarto e deu de cara com uma escuridão danada. Tinham mudado o fuso horário e ninguém a avisou? Ela não estranharia se essa fosse a verdade. As mudanças ocorriam o tempo todo de uns tempos para cá. Dentro, fora e envolta dela.

O mundo dá voltasOnde histórias criam vida. Descubra agora