João e os outros caras tinham ido embora e as horas da tarde avançaram lentamente assim como o fim da produção. Só Oliver e Sarah ficaram para terminar. E quando de fato terminaram, demoraram a se acostumar com o fato de que aquilo tinha um fim.
- Missão cumprida – Sarah pegou uma pá que estava pelas redondezas e bateu no chão, como um cetro.
Ela ficava parecendo uma rainha daquele jeito. Ela ficava parecendo uma rainha de muitos jeitos.
- Precisamos comemorar – Oliver disse. – E eu tenho uma sugestão.
- Uma sugestão de restaurante, espero. Porque eu tenho fome. E não é pouca.
- Minha sugestão é outra, o restaurante fica por sua conta. Pode ser?
- Acho ótimo – disse Sarah. – Inclusive prefiro.
Sarah devolveu a pá para a parede que ela estava encostada, pegou uma das caixas com ímã de geladeira e saiu em direção ao carro. Oliver seguiu logo atrás, com um carregamento de caixa equilibrado nos braços.
Quanto mais caixas ele carregasse, mais rápido elas iriam acabar e quanto mais rápido elas acabassem, mais cedo ele chegaria ao lugar onde ele queria. Não sabia muito bem a que horas o lugar fechava, usou toda sua força de torcida interna para que o lugar estivesse aberto.
E não é que funcionou?
- Você me fez virar todas aquelas curvas e vir correndo numa velocidade maluca pra gente chegar num sebo? – Sarah saiu do carro olhando em volta, procurando outra localidade possível.
Mas não tinha, era aquilo mesmo. O exato sebo que ele tinha em mente.
- Nada melhor que livros para inspirar você a ler novamente.
- Mas eu tenho livros, uma cacetada deles, você viu ontem lá em casa – argumentou Sarah.
- É, mas também não tem nada melhor do que um livro novo para reavivar o processo.
- Com novo você quer dizer caindo aos pedaços e cheio de poeira?
- Isso aí – Oliver disse entrando na loja.
Ele ouviu os passos dela o seguindo logo atrás. Ufa. Por alguns momentos ele chegou a pensar que sua ideia não iria funcionar. Como tantas outras não funcionaram.
– O que você acha desse? – ela perguntou com um livro de capa verde na mão.
"Love Story" do Erich Segal. Oliver já tinha visto o filme e mal acreditou na sua sorte. Ela tinha pedido sua opinião e ele tinha algo a dizer sobre. Era a primeira vez na história deles dois que o timing tinha sido perfeito.
Aquilo era uma coisinha à toa, ele sabia. Ao mesmo tempo se perguntava: não era de pequenas coisas que a vida era feita?
Era sim.
- É tipo o "A Culpa é das Estrelas" da época das nossas mães. Aliás, eu vi esse filme com minha e foi ela quem fez o paralelo. Se você levar o livro, depois que ler pode comentar com ela, ela vai ficar tão feliz...
Sarah catou uns trocados na bolsa e pagou o livro, antes que ele pudesse se voluntariar a fazer isso por ela. Sua revanche foi correr na frente e pagar o salgado com caldo de cana que eles comeram logo depois. Sarah soltava ocasionais resmungos durante o caminho de volta, inconformada com a trapaça. A qual Oliver tentou justificar:
- Você pagou pelo livro e eu pelo jantar, direitos iguais.
- Quem disse que aquilo foi o jantar? – ela indagou sem tirar os olhos da estrada. – O sol ainda está no céu, se aquieta! Aquilo não passou de um lanche da tarde, para forrar o estômago enquanto a noite não cai.
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O mundo dá voltas
Genç Kız EdebiyatıSarah Atteli está de bem com a vida. Dona do seu nariz, dona da sua pequena empresa, dona do seu corpo. E é assim que ela pretende permanecer. Não é nenhum Oliver Timber querendo uma vaga de emprego na Atteli Comunicações que vai mudar alguma coisa...