43 - Perseguindo um talvez

4.9K 662 484
                                    


O chato de acordar cedo não era o céu ainda estar escuro, nem o barulho do despertador ser extremamente irritante. Muito embora ele fosse. Estridente e agudo, de um jeito que penetrava no sono de qualquer um e o arrancava de forma brutal dele. Mesmo assim, a pior parte de acordar cedo para Oliver era ter que se desenroscar de Sarah.

Ela o abraçava pela cintura e tinha a cabeça apoiada em seu ombro. Como ele podia se afastar de uma cena dessas? Não podia. Não sabia como. E, sinceramente, não estava muito inclinado a querer saber.

Ao mesmo tempo, tinha que trabalhar, sua vida era regida por um organograma muito complexo naquela semana. E se ele quisesse ter algum tempo livre no final de semana, ele deveria segui-lo a risca.

E ele queria o final de semana livre. Queria que Sarah fosse passar o final de semana com ele em Búzios.

Afastou-se devagarinho em direção à ponta da cama.

Rapidamente Sarah aumentou a pressão do seu braço em volta cintura dele. Não passava de um ato de reflexo, mas a sensação que causava em Oliver era ótima. Ela não queria que ele fosse embora. Ele também não queria ir.

Mas tinha que.

Com cuidado ele desenlaçou a perna da dela. A respiração de Sarah mudou de ritmo, ela mudou de posição na cama, voltando a passar sua perna por cima da dele.

- Para de ser chato – ela resmungou enquanto girava o corpo para cima do dele.

- Já ta na hora, Sar – ele disse ao subir a mão pelas costas dela por baixo da blusa, sentindo com toda a memória sensorial que era possível a essa hora da manhã , a textura da pele dela.

Uma semana inteira longe do contato com as pintas que salpicavam suas costas parecia tempo demais. Ele nem gostava de pensar na possibilidade de não vê-la no final de semana. Estava muito mal acostumado dormindo com ela todo dia para manter essa distância.

Esperava que ela se sentisse do mesmo jeito.

- Cinco minutinhos – ela disse antes de enterrar da cabeça no pescoço dele. – Vou marcar no relógio.

Ele fez que sim só para seu queixo poder encostar no nariz dela. Cinco minutinhos. Ele se mexeu embaixo dela para ela ficasse completamente acomodada em cima dele. Não tinha sensação melhor. Sarah pelas manhãs era a melhor coisa.

- Sar... – ele começou depois de longos segundos de cafuné.

- Hum – ela respondeu com o mínimo de atenção.

- Preciso ter perguntar de novo.

- Hum? – parecia que ela já estava quase pegando no sono de novo.

- Vai me ver em Búzios esse final de semana. Por favor?

Não houve resposta, ela já tinha voltado a dormir. Ele a apertou num abraço, ela suspirou contra o ombro dele. Gente do céu, ele sentiria muita falta. Ele ficava mau-humorado sem aquela dose de doçura matinal. Era aquilo que o mantinha acreditando que aquilo de fato poderia dar certo. Apesar da resistência descomunal dela mesmo após três semanas.

Os cinco minutinhos chegaram ao fim.

- Agora eu tenho mesmo que ir – ele disse no ouvido dela.

- Não.

- Tenho sim. Você que inventou essa escala de trabalho cruel para mim, pensa que eu não sei?

- Hum.

O mundo dá voltasOnde histórias criam vida. Descubra agora