Capítulo 7

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2007

Acordei com o barulho do cortador de grama, o sol já invadia de leve a sala iluminando-a. Rebeca dormia um sono pesado agarrada em mim. Livrei-me aos poucos dos braços e pernas dela, vesti minha roupa rápido e fui olhar pela janela. Devia ser umas seis da manhã e Marcos estava aparando a grama do jardim com um fone de ouvido, aproveitei que ele se virou de costas e fui sacudir a Rebeca. Não queria que ninguém a visse ali, na verdade eu já estava muito arrependido de tê-la levado pra cama, aliás, para o tatame.

-Acorda Rebeca! Anda! -Falei jogando as roupas em cima dela.

-Ai Alex, está cedo ainda! Volta aqui e me deixa dormir mais um pouco.

-Não Rebeca, você precisa ir agora! Se veste que eu te levo!

-Tá bom, tá bom! - Disse bufando e se vestindo.

Se tem uma coisa que eu admirava muito na Nina era o fato dela usar maquiagem básica, porque a Rebeca nem parecia a mesma mulher de ontem com tanto rímel escorrido no rosto.

Quando nós saímos o Marcos ainda estava de costas para a casa da piscina, mas quando passamos pelas espreguiçadeiras a Rebeca fez o favor de tropeçar e virar uma delas, fazendo um estrondo enorme. Marcos se virou na hora e quando me viu ali soltou um sorriso irônico. Definitivamente eu não queria que isso acontecesse, muito menos que ele se orgulhasse de eu estar com uma garota, não a Rebeca.

-Ops! Bom dia senhor jardineiro! - Falou a Rebeca.

Meu Deus, antes que as coisas ficassem piores eu arranquei ela dali e deixei-a em casa em trinta minutos. Rebeca morava num condomínio luxuoso, mas não tinha muita etiqueta quando se tratava de bons modos.

Voltei pra casa e fiquei um tempo sentado dentro do carro na garagem, imaginando que nessa altura a Nina já devia saber sobre a Rebeca, me amaldiçoei por ter agido por impulso e soquei o volante pra logo após me arrepender de descontar no meu possante. O único culpado ali era eu, eu não podia descontar em ninguém.

Sai do carro e entrei na cozinha, passei uma vista rápida, dei bom dia e vi que todos estavam ali tomando café, mas eram os olhos castanhos e intensos dela que me prenderam no pé da escada. Ela varreu o meu corpo de cima a baixo eu me sentia queimar com a intensidade do olhar e a essa altura ela já havia constatado que eu estava com a mesma roupa de ontem a noite, então vi seus olhos baixarem com decepção.

- Você não vem tomar café Alex? Sente-se aqui conosco, meu filho! - Falou minha mãe.

- Não estou com fome agora. Vou subir pra tomar uma ducha. -Respondi beijando o topo de sua cabeça rapidamente.

-Deixa o rapaz, eu o vi sair da sala de ginástica com uma loira logo cedo, pelo jeito não dormiu direito. -Ouvi o Marcos dizer pra logo em seguida algo de cerâmica se espatifar no chão. Eu tinha certeza que havia sido a Nina.

Sai do banho e vi que a porta do quarto da Nina estava entreaberta e ela resmungava alguma coisa inteligível, resolvi entrar.

-Está tudo bem Nina? Você está sangrando! O que houve. -Falei adentrando pelo quarto e pegando sua pequena mão para conferir o corte enorme que ela havia feito.

-Ninguém te ensinou que deve bater na porta antes de entrar?

-A porta já estava aberta Nina e meu Deus, você não deixa de ser rabugenta nem quando está perdendo sangue? -Falei desenrolando a toalha de volta da minha cintura para tentar estancar o sangue.

-Alex, você está maluco de ficar só de boxer a essa hora no meu quarto?

-Se você quiser eu posso ficar mais tarde também pra você, mas por agora esse monte de sangue não me excita nem um pouco, pode ficar despreocupada.

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