Capítulo 34

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Clara me ligou desmarcando o encontro pela manhã. Por um momento achei que ela fosse correr atrás do Daniel, mas não, disse que eu poderia levá-la para onde quisesse, então acabei decidindo pelo bar de sempre. Pelo menos eu sabia que a Nina não tocaria lá.

No momento em que entrei no meu carro, coloquei a minha "máscara". Passei para buscá-la em seu prédio no horário marcado.

— Você está linda! — falei, beijando seu rosto e abrindo a porta do carro para que ela entrasse.

— Obrigada, Alex! — Clara respondeu, tímida.

Se eu não fosse doido pela Nina, me apaixonaria por ela. Ambas coram facilmente e têm o mesmo jeito simples de ser.

Chegamos ao bar e, para um domingo, até que ele estava lotado. A banda que tocaria hoje não era tão boa assim. Tentei manter a Clara protegida o máximo que pude com meu corpo para que nenhum engraçadinho tentasse passar a mão nela. Deixei-a perto do palco, enquanto pegava rápido uma bebida.

— Fala aí, Fábio! Por que isso aqui tá tão lotado hoje? — perguntei ao meu amigo barman.

— Você não ficou sabendo, não? A banda de hoje furou, chamaram o Knights of Darkness. — respondeu.

Merda! A Nina estaria aqui!

As luzes se apagaram logo depois de eu conseguir alcançar a Clara, prendendo-a ao meu corpo. Ela era carne fresca ali e eu sabia a quantidade de homens que gostariam de se aproveitar disso. Foi então que meu corpo estremeceu no exato momento em que o som do piano e a voz dela preencheram todo o ambiente. Algumas luzes a iluminavam de forma etérea, enquanto cantava My Immortal, do Evanescence. Ela estava maravilhosa!

— Caramba, é a Carina da faculdade, não é? — Clara perguntou, curiosa.

— É sim! Canta pra caralho, né?! — respondi orgulhoso.

Nina sempre canta com a alma, então se um dia resolvesse cantar a música do "Boi da Cara Preta", com certeza, ela faria com que as pessoas sentissem medo do tal boi, de tão expressiva que conseguia ser quando estava no palco.

Como se as coisas já não estivessem dando muito errado, eu vi a Júlia sentada no bar me observando. Quando as luzes voltaram a se acender era o Daniel quem estava no palco. Definitivamente, não foi a melhor ideia ter vindo pra cá! Eu precisava ser convincente com a Júlia e as duas pessoas que não precisavam ver isso estavam lá. Era uma merda total!

Vi que a Clara estava com aquele ar de apaixonada por causa dele e eu já não sabia mais o que fazer. Não queria estragar o momento dela, mas ao mesmo tempo precisava salvar a Nina e, por falar nisso, que porra ela estava fazendo secando o pescoço dele? Há meses que eles tocam juntos ela nunca fez isso. Por que agora está fazendo essa cena?

Aparentemente, a Clara também não estava gostando disso. Percebi quando ela ficou com os braços rígidos apertando os dedos. Virei ela na minha direção, essa cena estava ridícula!

— Está tudo bem? — perguntei, segurando-a pela cintura.

— Está sim! Você sabia que o Daniel tocava na banda da Carina? — quis saber interessada.

— Sabia, às vezes eu o vejo por aqui. Ele e a Carina têm um rolo, você não sabia?

— Não. — respondeu, tentando disfarçar o desapontamento em sua voz.

— Então o nerd está fodido agora. — soltei. Essa foi a minha pequena vingança por ele ter colocado as mãos na Nina.

— Como? — Clara não havia entendido.

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