Capítulo 35

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Só levantei depois que todos saíram. Meu olho estava razoavelmente melhor e ter recebido o carinho da minha irmã, pelo menos no sonho, fez com que eu me sentisse mais confiante e renovado.

Coloquei os óculos escuros e sai para encontrar o detetive Jordão.

— Bom dia, Alex, como tem passado? — perguntou o velho de cabeça branca.

— Poderia estar melhor, caso contrário, não estaria aqui. — respondi, tirando os óculos.

— Caralho! Por acaso tem a ver com esse seu olho roxo? — perguntou ela, apontando para o meu rosto.

— Sim e não. — Sentei na cadeira e contei tudo o que havia acontecido.

Eu decidi procurá-lo porque foi ele quem cuidou do caso da minha irmã, além de ser delegado aposentado, então eu não estaria lidando com a polícia diretamente.

— Alex, vamos começar a investigar essa mulher, mas até o momento não há nada que a incrimine. Ninguém falou ou encontrou a bala do tiro que você levou, portanto, não há como fazer o teste de balística. Eu aconselho que você ande com o celular pronto pra gravar qualquer conversa, mesmo que ela não diga por SMS, pode deixar escapar alguma coisa quando estiverem conversando pessoalmente, então continue com o jogo dela. Essa semana eu já devo ter alguma notícia sobre a vida particular dela e, a partir daí, começaremos a tirar as primeiras conclusões. — ele explicou. Mesmo que eu não tenha conseguido provas, já me sentia mais aliviado.

Sucumbir às vontades da Júlia no momento eu seria capaz de fazer. Faltavam apenas algumas semanas para o fim das aulas e mesmo que isso custasse a felicidade de quatro pessoas — a minha, a da Carina, da Clara e do Daniel —, eu queria que ela pagasse por todo o mal que ela fez. Se não fosse agora, um dia ela pagaria.

Nos dias que se seguiram Clara e Daniel pareciam estar distantes e a única coisa que eu tinha que fazer era chamar a atenção dela parando para conversar, quando ela parecia querer correr atrás dele. Eu não me sentia nem um pouco bem por fazer isso, mas não tinha escolha.

A faculdade inteira falava sobre formatura, baile, convites e tal. Eu, só pensava em como queria estar longe daqui nesse dia.

— E aí, Alex? Já convidou a Clara para o baile? — perguntou a voz do inferno.

— Eu não vou ao baile, por que a convidaria? — falei, colocando o gravador pra funcionar disfarçadamente dentro do bolso. Era muito mais fácil apertar apenas um botão do que ter que fazer isso no celular.

— Porque se você não fizer o convite, o Daniel vai fazer, idiota! — Júlia falou, saindo de perto e indo se pendurar no Daniel que tinha acabado de chegar.

Lá se vai o meu plano de estar viajando nesse dia. Inferno!

Amanhã será o casamento da minha mãe e depois eles irião passar quatro dias no Sul. Miguel ficará na casa de uma amiga da minha mãe, a assistente social da instituição que acabara de conseguir adotar o João, melhor amigo do Miguel desde que se viram no orfanato. Nessas horas eu sentia falta de um amigo como o Matheus. Mas agora ele estava casado com a Kathy, uma linda professora do jardim de infância, que fez da vida dele um inferno no início, mas acabou amarrando ele direitinho. Eles combinam perfeitamente e fico feliz por ter superado a Alexia, ele merecia isso.

Na manhã seguinte fomos até o cartório. Não via a minha mãe tão feliz há muitos anos e aquilo trouxe um pouco de paz pra mim. Nina estava linda em um vestido cinza e o cabelo com cachos grandes presos de lado. Pude segurar a sua mão na cerimônia e a única coisa que eu conseguia imaginar, era o quanto eu gostaria que nós estivéssemos nos casando também. Logo depois fomos para um local reservado fazer as fotos e levar minha mãe e o Marcos até o aeroporto.

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