2007
Um minuto de silêncio.
Eu precisava desse minuto de silêncio para recolher o que sobrou do meu coração espatifado no chão, mas eu não tinha tempo.
Da mesma forma que a Nina veio correndo até mim, eu fui correndo até ela. A única diferença foi a recepção. Não era ela quem me esperava.
Quando cheguei ao hospital, vi o Marcos sentado no corredor frio e corri até ele.
— Marcos, como ela está? Eu preciso vê-la! Como isso aconteceu? Cadê o cara que a atropelou? — Iniciei uma sequência de perguntas desesperadas.
— Acalme-se, Alex! Ela está bem, mas terá que ficar aqui em observação. Os resultados dos exames já saíram e, além de uma torsão no joelho e algumas escoriações, não houve mais nada. Amanhã ela terá alta. Não precisava vir pra cá voando, você nem me deixou terminar de falar no telefone. — Marcos explicava com as mãos nos meus ombros, tentando me acalmar.
— Ainda preciso vê-la, posso? Só vou ficar tranquilo quando puder vê-la com meus próprios olhos.
— Por mim não há problema algum. Consigo ver o quanto você ama a minha filha, mas eu não sei o que houve entre vocês porque ela não queria nem que tocasse no seu nome e, depois do acidente, a primeira coisa que disse foi que não queria te ver. No mínimo, ela já imaginava que você viria correndo, voando, ou sei lá como você chegou aqui tão rápido. — falou, já me preparando para o pior.
Nina dormia tranquilamente e eu contive o impulso de puxá-la pra mim, abraçá-la e beijá-la até meus lábios ficarem dormentes. Se eu imaginava que a saudade havia sido abrandada, agora tinha a certeza de que estava enganado e ela voltou como um furacão dentro do meu peito.
— Marcos, você pode ir para casa ficar com o Miguel. Eu vou ficar aqui com ela e não sairei, nem por um segundo de seu lado, fique tranquilo. — assegurei.
Miguel havia ficado na casa de uma vizinha e eu imaginava o quanto Marcos estava preocupado.
— Tudo bem, só não briguem, por favor! Lembre-se que uma das pernas dela está bem pesada agora pra te dar um chute. — Marcos falou, rindo e apontando para a perna esquerda dela que estava engessada até a parte superior da coxa.
Passei a maior parte da noite velando seu sono. Eu lamentava tanto não tê-la protegido e ter falhado com a minha palavra. Um pouco antes do Sol nascer, acabei me rendendo ao sono e cochilei. Acordei com sussurros entre a enfermeira, Amanda, e a Nina, mas mal pude entender o que diziam. Apenas consegui distinguir a palavra pai, bebês e gato, ou seja, não fazia sentido, mas pouco me importava.
— Bom dia! Bom dia, Nina e enfermeira Amanda. — falei, esfregando os olhos.
A enfermeira simpática me respondeu com um sorriso no rosto, enquanto a Nina apenas revezava a careta feia entre eu e ela.
O que eu fiz?
Confesso que a enfermeira era muito bonita, jovem e parecia a Pocahontas. Mas eu amava a Nina e nenhuma outra mulher se tornaria tão linda quanto ela aos meus olhos. Embora constatar que ela estava com ciúmes tenha me deixado um pouco satisfeito, sinal de que ainda sentia algo por mim.
— A senhorita Carina já recebeu alta. Agora é só acertar a documentação e trazê-la de volta daqui a um mês para tirarmos o gesso, fazer novos exames e, talvez, alguma fisioterapia. — disse Amanda, se retirando em seguida sob o olhar medonho que a Nina lançava em sua direção.
Nina estava feroz!
— Suas roupas estão aqui, Nina. Precisa de ajuda para se trocar? — perguntei.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Para Sempre
RomanceAlex e Nina tiveram em suas vidas danos irreparáveis e lutaram para superar a dor apoiando um ao outro, mas será que essa grande amizade poderá durar com a revelação de um sentimento imensurável? O que fazer quando o seu grande amor volta...