Capítulo 28

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2012

Primeiro dia de aula e toda a minha empolgação por ser o último semestre havia sido dizimada. Na verdade, eu queria que pulasse logo para o último dia de aula para eu poder pegar a minha mochila e fugir um pouco. Seria mais fácil, agora que eu não precisava me preocupar tanto com a minha mãe.

Buzinei em sua porta e abaixei meus óculos escuros para vê-la sair com aquela blusa rasgada do AC/DC — eu tenho um fetiche por essas camisas, só pode! —, sua calça rasgada e seu coturno preto.

— Bom dia, maninha! Tá indo para um velório vestida toda de preto? — zombei rindo.

Eu sabia que ela ficava furiosa! E achava que perturbar a Nina seria a minha mais nova diversão. De fato, ela quase me fez virar pó com um olhar assassino.

— Calma, eu estava brincando! — me defendi.

— Não me chame de maninha, porque eu não sou! — respondeu com raiva.

Ah, então se tratava disso!

Eu nunca a vi como uma irmã, mas que diferença faria agora, já que não havia mais nada entre a gente?

Não havia, né?!

— Não fica chateada, Nina. Deixe os nossos velhos namorarem, eles merecem isso.

— Eu não me importo com o namoro deles, mas sim com a situação. — respondeu, cruzando os braços e fazendo seus seios se levantarem.

Eu já vi essa cena, a Nina é um perigo para a minha habilitação. Foco no trânsito, não nos seios dela! Por acaso, eu acho que eles estavam maiores...

Foco!

— Que situação, Nina? — perguntei, voltando ao assunto para não me distrair novamente. Mas evitaria olhar para o lado.

— Nós, Alex!

Dei uma freada brusca. Agora, eu estava muito curioso!

— O que tem "nós", Nina? — quis saber, parando em um acostamento.

Ela tinha toda a minha atenção agora.

— Não vai demorar muito e estaremos morando embaixo do mesmo teto, mas não dá pra fingir que não rolou nada entre a gente. E eu não quero que você me veja como irmã! — Nina se calou após a última frase com vergonha e aquilo acendeu uma fagulha dentro de mim.

— Nina, por acaso, você ainda sente alguma coisa por mim? — perguntei, fazendo com que ficasse vermelha.

— Claro que não, Alex! Mas nunca vi você como um irmão, e não vai ser agora. — respondeu, virando o rosto para o outro lado.

Tentei esconder a minha frustração, sem nem mesmo saber o porquê de estar tão frustrado. A fagulha que havia se acendido, eu fiz questão de apagar imediatamente. Liguei o carro e voltei para a pista.

— Também não precisaremos morar embaixo do mesmo teto. — falei, sem olhar para ela.

— Por que não?

— Porque, assim que terminar esse semestre, eu vou viajar para tirar umas férias. Isso já estava nos meus planos.

— Pra onde você vai? — Nina quis saber com uma voz tão mansa e doce, que quase fez cócegas nos meus ouvidos.

Eu disse quase!

— Não tenho um roteiro. Mas quero passar por alguns países antes de voltar e, quando assim o fizer, pretendo assumir o meu cargo na instituição e me mudar para um novo apê. — respondi.

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