Capítulo 38

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2012

Cheguei em casa algumas horas depois chateado, mas aliviado por ter acabado. Conferi se a Nina estava em casa e pra minha paz de espírito, ela estava dormindo. Tomei um banho, me joguei na cama e fiquei pensando em tudo o que tinha vivido até aqui.

Eu poderia mandar uma mensagem para o Daniel dizendo tudo o que aconteceu, mas assim como eu, ele também precisava entender que lutar por um amor não era fácil. A cada dia é uma nova batalha e muitas das vezes mais vale um empate do que uma derrota e nós tempos que ficar felizes com isso. No final, mesmo que a Nina me odiasse agora — talvez mais ainda quando soubesse de tudo —, eu estava feliz pelo simples fato dela estar viva, mesmo que não fosse ao meu lado, era isso o que importava. Amar também é isso, saber sair de campo na hora certa.

Eu não tinha muito tempo para conversar com a Nina, a viagem estava próxima e o Natal já estava batendo na porta, além do campeonato final do orfanato. Eu precisa fazê-la me ouvir hoje, ou pelo menos tentar fazer com que ela me ouvisse.

— Posso entrar? — perguntei, batendo na porta que estava entreaberta. Nina agora estava acordada sentada na cama, vendo algumas fotos de quando éramos crianças.

— Desde quando você pede pra entrar? — perguntou.

— Desde quando eu acho que me tornei um cara mais maduro e ajuizado. — respondi.

— De que época estamos falando exatamente? Porque tem partes daquele tempo em que você não era "tão maduro e ajuizado" que não respeitava a minha porta fechada, mas que eu gostava muito mais.

— O que você gostava, por exemplo? Por que eu acho que você me odeia em tudo, não sobrou nada do Alex que você gostava antigamente? – questionei.

— A época em que você não escondia segredos de mim. — Nina respondeu magoada.

— Alguns segredos precisam ser mantidos quando a vida de quem você ama pode estar em jogo. — respondi. — Eu fui ameaçado, Nina. Na verdade, você estava sendo ameaçada e eu era a única pessoa que podia te ajudar. — comecei a explicar.

— Fazendo isso? — Nina mostrou a tela do celular dela que tinha uma foto minha com a Clara deitados juntos na cama.

Eu sabia que aquela bruxa estava lá!

— Nina, eu posso te explicar! — tentei me defender.

— Sempre haverá uma boa desculpa para uma foto sua com outra na cama não é, Alex?

— Não é uma desculpa, é a verdade, mas você parece nunca acreditar em mim. Você por acaso ouviu a parte em que eu disse que a sua vida corria perigo? Porque acho que só consegue enxergar o que a interessa! Eu estou cansado de ter que ficar me explicando e me defendendo quando eu não tenho culpa. Eu sempre te amei e sempre lutei por você, mas parece que você é a única pessoa que não consegue ver isso. Nunca disse que me amava desde que voltou, enquanto eu fiquei me arrastando atrás de você, arriscando a minha própria vida! — falei puto e levantei da cama.

— O seu jeito de se arrastar atrás de mim indo parar na cama com outra é um pouco estranho, Alex! Se fosse o contrário, você saberia lidar com isso?

— Eu não transei com a Clara, porra! Aquilo era um teatro de muito mau gosto, mas ainda assim, era um teatro. E não, eu não saberia lidar com isso! Porque eu sou completamente apaixonado por você, porque sofri a cada dia em que a via com o Daniel, porque sofro com a sua ausência e sempre, sempre sentirei a sua falta, mesmo que você esteja apenas à 2 metros de distância de mim! Esse sou eu, Nina, uma cara fodido e cheio de defeitos. Mas a única coisa boa em mim é o amor que sinto por você e um dia tenho a esperança de que volte a confiar em mim como confiou nesse cara. — falei, apontando para a foto em sua cama onde eu assoprava o seu joelho ensanguentado.

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