Capítulo 3 – 2007Minha mãe estava se sentindo mal a noite inteira, eu insisti em levá-la ao médico, mas ela não queria. Disse que ficaria lendo até um pouco mais tarde para se distrair até o sono chegar. As 4:00 H da manhã o telefone toca e normalmente não é coisa boa nesse horário. Cinco minutos depois, estou abraçado a ela no chão da sala em desespero por saber que a minha irmã está em coma em um hospital. Eu não sabia o que fazer, apenas a abraçava e pedia a Deus que não tirasse a minha irmã de nós.
Chegamos ao hospital em quarenta minutos, mas só podemos ver a Alexia através do vidro, minha irmã parecia muito machucada, e estava com várias máquinas conectadas a ela, ela parecia tão frágil, tão debilitada, eu queria tanto poder tocar a sua mão e dizer que ela ficaria bem, mas os médicos tinham poucas esperanças e foram sinceros ao nos contar o que havia acontecido. Minha irmã havia sido drogada, violentada brutalmente e abandonada em um jardim próximo a festa que ela tinha ido. Como ela havia sofrido algumas pancadas na cabeça, caso ela sobrevivesse, poderia ter várias sequelas. Vi minha mãe se ajoelhar no chão do hospital aos prantos até sofrer um desmaio e eu fiquei sozinho.
A espera num corredor completamente branco e sem vida de um hospital por horas de angústia faz você quase enlouquecer com os bipes que mantém a vida dos seus entes queridos com um medo extremo que eles se calem de repente levando aqueles que você ama, e te faz repensar em muitas coisas que não damos importância até se ver num local como esse, como principalmente em como somos frágeis, como num dia estamos sorrindo e felizes, e no outro estamos lutando por um fio de vida, em como somos ingratos por não agradecer todos os dias por simplesmente poder ver o sol nascer e quando nos vemos em uma situação de desespero, chamamos por aquele que nos concedeu o dom de viver. Hoje eu aprendi a rezar e como se fosse algo divino, recebi uma mensagem da única pessoa que saberia me acalmar, aquela de quem eu necessitava estar abraçado naquele momento, Nina.
- E aí grandão? Me bateu uma saudade! Está tudo bem? Você está bem?
- Não Nina, estou no hospital.
- Cacete, como assim? Você está bem? O que você tem?
Antes mesmo que eu pudesse responder ela já estava ligando.
- Alex, pelo amor de Deus, o que aconteceu?
- Não sou eu Nina, é minha irmã. Falei com a voz embargada, eu não sabia mais o que era chorar, mas tinha um bolo na minha garganta doendo e eu não sabia quanto tempo mais eu conseguiria aguentar e pela minha voz ela saberia que as coisas não estavam muito boas.
- Estou indo pra aí agora, Alex! Mantenha esse telefone grudado em você.
- Mas você está em Minas! Nina! Como você vai chegar aqui?
Ela já havia desligado.
Desde que a Nina foi embora quando eu tinha 13 e ela 11 anos, ela nunca pode voltar nas férias como havíamos combinado. A mãe dela faleceu no parto do Miguel e desde então ela assumiu a responsabilidade de cuidar da família. Foi sempre eu que fui até ela. Eu e minha mãe viajamos na mesma noite em que soubemos da notícia e quando chegamos, encontrei pequenos pedaços do que parecia ser a menina sonhadora que um dia existiu da Nina, ela não chorou na frente de todos, apenas quando acordou tendo pesadelos dentro de uma cabana que eu montei no quarto dela, para fazê-la lembrar da nossa casa da árvore, lá era o único lugar que eu sabia que ela se sentiria segura, dormi segurando a sua mão até ser despertado pelos gritos e lágrimas da Nina. Desde então eu perturbava a minha mãe para irmos em todos os verões e feriados para Minas, só pra poder ficar perto dela e cada vez que eu a via ela estava mais madura, se tornando mais mulher antes do tempo, o que me fazia ficar cada dia mais fascinado por ela, mesmo que ela não tivesse mais tempo pra jogar videogame comigo, eu me sujeitava a brincar de casinha cuidando do Miguel, enquanto ela fazia o almoço com a minha mãe. Agora eu tinha uma pequena noção do que ela havia sentido.

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Para Sempre
RomanceAlex e Nina tiveram em suas vidas danos irreparáveis e lutaram para superar a dor apoiando um ao outro, mas será que essa grande amizade poderá durar com a revelação de um sentimento imensurável? O que fazer quando o seu grande amor volta...