Capítulo 19

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Fecho os olhos, estremece o coração

Quando eu sinto seu cheiro

se espalhar em mim.

Nem sei explicar como teu corpo

me afeta.

Te vejo dançando meu sangue acelera.

Só de pensar.
- Maria Cecília e Rodolfo.

Sei que não eticamente correto o que estou fazendo, em termos jurídicos é quase uma coação para ele assinar minha demissão, porém é algo que com todas as minhas forças eu estou decida a fazer. Aliás, absolutamente nada em nossa relação é “eticamente” certo, a começar pelo nosso envolvimento pessoal. Que não posso deixar de admitir que se tornou um dos grandes motivos de me fazer sair, pois sei que apesar de “casual”, as coisas saíram do controle a partir do sentimento de posse que ele tomou como liberdade.

Meus olhos permanecem fechados, não querendo encarar essa nova realidade. Posso imaginar o seu rosto transtornado de raiva e não pretendo ir contra isso. Não dessa forma. Eu só quero sumir daqui antes que ele abra sua boca para pronunciar sua resposta. De um jeito ou de outro ele estará certo e eu não quero dar esse gostinho para ele. Mas se vim aqui para resolver isso, não quero deixar nenhuma parte passar em branco, muito menos sair sem colocar ponto final em tudo.

_ O fato de você me querer por perto. - sinto suas mãos passando em minha perna e adentrando meu vestido. Eu quero o que vem depois disso, mas não quer ser tão fácil assim. - O fato de que eu posso te excitar a qualquer momento. - seus dedos tocam a borda da minha calcinha branca de renda fina. - E o fato de que só eu posso satisfazer sua vontade do jeito que você precisa. - puxando minha calcinha de lado, um dedo me invade e um gemido involuntário sai de minha boca.

_ Para! Para! - digo entre gemidos. - Por favor! Para! Me deixa em paz! - coloco minha mão sobre a sua para tira-la mas ele começa a movimentar seu dedo de uma forma torturantemente gostoso.

_ Você não quer que eu pare. Você quer que eu continue. Na verdade, você está ficando louca pela ideia do meu pau rasgar essa sua bucetinha apertada em cima dessa mesa. - sussurra em meu ouvido.

O pior é que ele tem razão, mas não ceder a uma consciência não é tão simples quanto parece. As coisas aconteceram de forma errada, era ao menos para termos conversado sobre como iria ficar todos os nossos compromissos antes de rolar algo tão “carnal” e íntimo. Mas, porra, tem tanta coisa que a gente pode fazer nessa sala. E meu corpo quer sentir o seu novamente, só que não! Eu não vou dar esse gostinho para ele. Eu vim aqui para me demitir e não para me entregar para ele novamente.

Tento sair para longe de seu corpo, ainda que sua outra mão se firma em mim e me coloca sobre a mesa com a perna aberta. Ele toma meus lábios em um beijo intenso e cheio de promessas indecentes, tomando minha boca com a língua quente com seu hábito refrescante de cereja, que eu não deixo de corresponder. Sua mão não deixa de brincar com meu sexo, ao invés disso ele coloca mais um dedo e volta a movimentar mais rápido, dessa vez usando o dedão para estimular meu clitóris com uma habilidade impressionante.

Completamente tomada pelo tesão, deixo-me levar pela sensação de seus lábios quentes em meu pescoço, deixando mordidas leves em minha fina pele. Ele pousa sua mão livre entre meus seios na intenção de me deitar na mesa mas sua ação é parada pelo telefone que toca neste exato momento. E em um lapso de consciência da estupidez que eu estava preste a cometer, empurro ele e levanto da mesa. Arrumo minha roupa e meu cabelo para o adequado, passo o dedo arredor de minha boca que provavelmente está toda borrada de batom e olho para ele que suspira em derrota. Atendendo ao telefone e falando friamente com quem quer que esteja do outro lado da linha.

Enquanto ele está ao telefone, eu tiro o papel de dentro da bolsa e estendo para você. Hesitante ele pega o papel e lê atentamente, depois me olha. No tempo em que conversa com a segunda pessoa ao telefone, aproveito para analisar o quão sério sua expressão está, quase parece realmente atingida com essa ideia de demissão. Ainda que meu subconsciente grite que é mentira. Ele então desliga o telefone e suspira.

_ É isso que você quer? - diz baixo.

_ Eu quero que você suma da minha vida. Quero que pare de ficar me provocando. Me deixando em erupção e depois não dar conta do recado. – prelúdio. - Eu quero que você vire homem e pare de agir como um moleque, pois se acha que me falando que eu "cedi fácil" vai mudar algo em minha vida, saiba que não vai. E pode acreditar que se a gente fodeu naquele hotel era porque eu realmente queria, senão você estaria tentando até agora, caro chefe. - dito isso, pego minha bolsa na cadeira e caminho para a porta sem esperar sua reação.

Não preciso saber o que pensa a respeito, o que eu sei é que atitudes como a dele não acrescentaria em nada minha vida. Logo, ouço o bater do telefone no suporte e os passos rápidos ficando mais próximo, me apresso e tento abrir a porta. Sua mão grande toca meu braço e me vira brutalmente para te olhar, nossas respirações se misturam com a proximidade e ele não recua quando me prende entre seu corpo e a porta.

_ Não sou homem o suficiente para você, Mayu? - posso ver a raiva em seus olhos, como se ele lutasse para se manter no controle de seus atos. - Eu não fui homem o suficiente quando te fiz gritar meu nome no seu orgasmo em cima daquela cama? – permaneço em silêncio. - NÃO FUI? – insiste.

_ PRA OQUE? – me exalto - Me comer e ir embora pela manhã? Acha que isso é atitude de homem? Me deixar naquela cama do hotel e ainda querer ter o direito de controlar minha vida? - me debato em seus braços. Mas isso só o faz apertar ainda mais sua mão em meu braço.

_ Então esse é o problema para você? Eu não ter ficado lá para te levar café da manhã na cama? Te acordar com beijinhos? - uma risada sarcástica rasga sua garganta. - Eu não sou assim. Mas se você quiser um homem para te fazer delirar na cama, eu estou aqui.

_ Eu não queria um pedido de casamento, Lucker. Acontece que ser chamada de fácil quando, na verdade, houve um mútuo interesse no que aconteceu naquele quarto, não facilita engolir suas atitudes. – indago com a voz levemente embargada pela vontade de chorar e gritar ao mesmo tempo. – Deixa eu te contar uma novidade.. – lhe dou um sorriso irônico.-  Homem para me comer é o que não falta, para fazer o que você fez e muito mais. E diferentemente de você, homens civilizados de não interpretam tomar um café da manhã como romantismo e sim como ato de educação. Afinal, naquele quarto além de parceiros sexuais, haviam dois colegas de trabalho que poderiam conversar como pessoas normais, sem qualquer confusão. – abaixo brevemente o olhar. - Mas já que quer isso.. - puxo um suspiro antes de abrir novamente. - Me fode! - seus olhos se arregalam em surpresa. - Aqui e agora.

Se a ideia é que tudo isso não passe de uma bela atuação do fetiche baixo entre “chefe e subordinada” devo tirar algum proveito nessa situação. Afinal, é inegável que meu corpo sente uma atração fatal pelo seu, como imã maligno que me tira do eixo. Tenho ciência de nada irá além disso, ainda mais agora, que estou deixando isso aqui e não pretendo voltar mais. E claramente, seu interesse também é apenas em sexo. Portanto, se ele quer que eu o considere uma foda qualquer, é exatamente isso que eu vou fazer. Usar deste maravilhoso corpo e descartar no dia seguinte, exatamente como na nossa primeira vez, mas MUITO melhor!

(....)

Eu suspiro e todo meu corpo se abala.

Os olhos não piscam, eu perco a fala.

Toca sua boca em mim e me perco..!

Só de pensar
- Maria Cecília e Rodolfo.

𝙹𝚘𝚐𝚘 𝚍𝚘 𝙿𝚎𝚌𝚊𝚍𝚘Onde histórias criam vida. Descubra agora